Feridas da Guerra II
Louis abraçou Christine e não pode conter as lágrimas. Os dois ficaram algum tempo abraçados até que se afastaram enxugando o rosto.
-Louis, é como ver você voltar dos mortos! Recebemos notícias de que estava morto!
-Agora está tudo bem, meu amor. - Disse Louis a abraçando, mas, desta vez, ela recusou seu afeto, recuando. - Christine... O que está fazendo?
-Sinto muito, mas... Você demorou demais, Louis. - Ela passou o avental no rosto.
-Como assim? - Louis estava pasmo. O que ela queria dizer? - Eu voltei! Estava expulsando os alemães daqui e assim que você me recebe?
-Louis, seja compreensivo. Pensei que estivesse morto. Eu precisava continuar minha vida, recomeçar.
-O que quer dizer? Onde está Henri? O que você fez? - Louis explodiu, jogando as mãos contra os lados da porta.
-Louis, eu sinto muito... mesmo... Mas, Henri também precisava disso!
Nesse momento, Louis ouviu os passos do filho, em direção a porta.
-Mamãe, o que está acontecendo? - Ele já estava atrás da mãe. Havia crescido muito, já era é um garotinho. A criança de sete anos olhou para o homem que gritara com sua mãe. Não via seu pai a muito tempo, mas, vira fotos dele. - Papai? - Seus olhos transbordaram lágrimas quando ele abraçou o pai. - Mamãe disse que você não iria voltar! - Ele gritou, soluçante.
Louis olhou para Christine de forma repreensiva enquanto apertava o filho contra seu peito.
-Henri, já disse para não fingir que seu pai voltou! - Gritou uma voz masculina de dentro da casa. Aproximava-se enquanto falava. - Você tem que entender: Ele morreu e nunca mais...
O homem silenciou-se quando chegou ao lado da mulher e viu Louis.
-Pierre, esse é Louis. Louis, esse é Pierre. - Christine murmurou, puxando o filho para si, retirando-o do pai.
-Não posso dizer que é um prazer conhecê-lo, Louis. - Disse Pierre, estendendo a mão direita, mas, Louis a recusou, abaixando a cabeça e cerrando os punhos.
-Louis, entenda, por favor! - Christine implorou.
-Você me traiu, Christine! - Gritou ele, furioso - Prometeu me esperar o quanto fosse necessário, mas era mentira! Pelo visto, tudo foi uma grande mentira! Você nunca me amou, não é mesmo?
-Louis, eu te amava, mas as coisas não foram como esperávamos...
-Não! Não foi como você esperava. Eu disse que mensagens falsas viriam e que você não devia acreditar em todas!
-Então, se alguém me dissesse que você estava vivo, deveria acreditar no contrario? - Ela rebateu, nervosa também e Louis ficou sem palavras.
-Henri, entre. - Pierre empurrou a criança para dentro de casa. O menino correu pela escada da sala, tentando fugir do conflito. Quando já estava fora de vista, Pierre se deu ao direito de gritar. - Não ouse gritar com ela, soldado!
-Você é francês?
-Sou um legitimo francês!
-Mas quem estava lutando, vendo mais e mais gente morrer e se arriscando lá fora era eu! EU! Não você, seu fugitivo! Nojento!
Louis se preparava para atacá-lo quando Christine se pôs entre eles:
-Chega! Vocês não são crianças! Você vai para um hotel até resolvermos isso, Louis! Não permitirei que fique aqui insultando meu esposo!
Ao som dessa palavra, Louis se enfureceu. Sua garganta parecia arranhar e o ódio lhe corria nas veias. Recompôs-se suspirando.
-Está bem mas, isso não acabou!
Ele se virou e voltou para a estrada enquanto Christine e Pierre foram amparar Henri, que não parava de chorar com a partida do pai.