um fim para seu martírio
Ela se sentou ao lado dele… não conseguia mais achar palavras pra expressar seu desprezo por tal pessoa... Desacordado ele parecia muito mais simpático...
Suas feições eram bonitas, quase angelicais... ela se lembrava da noite em que o conheceu... Lembrava que tinham conversado sobre música e roupas íntima. Lembrava do sorriso que ele abria e a fazia morrer de vontade de se entregar aquele homem. Já não achava que a palavra homem coubesse pra tal ser... ele era um monstro. Um monstro que ela aturara por um ano.
Ela havia desistido de alguns sonhos pra embarcar com ele nessa aventura. Ele parecia ser o homem da sua vida, até que ela foi enfim morar com ele, e então, juntaram seus trapinhos. Cidade nova, ninguém conhecido. Na primeira noite um tapa, depois de um mês não saía de casa pelo medo de mostrar hematomas tão horrorosos em público.
Durante um ano, trancada dentro de casa enquanto ele saía para trabalhar e voltava bêbado, espancando seu corpo frágil, que já não agüentava mais.
Naquela manhã ela acordou com um plano fixo, ia acabar com aquela servidão eterna... Ela sabia que acabaria morrendo se deixasse aquilo continuar... Pensou na irmã lésbica e feminista e no que ela falaria, no que ela faria. Encheu-se de coragem e enquanto ele roncava na cama ao seu lado, pegou uma velha frigideira de ferro e acertou-lhe três vezes a cabeça, com toda a força que pôde achar nos seus braços espancados. Depois pegou o telefone. Primeiro ligou pra irmã e explicou tudo. Quando ela chegou, ele ainda estava desacordado... Abraçadas, ela ligou pra polícia... Para que seu martírio por fim, terminasse.