POSSESSO

A criança jazia adoentada na cama. Delirava. Entre lágrimas, dizia palavras desconexas.

O homem, debruçando-se sobre a doente, seus olhos vermelhos, pedia que fosse diferente.

Há anos deixara de sentir aquele delírio, a incontida sensação que o fazia deixar o mundo, o impelia aos saltos e risos para àquele que equilibrava-se acima.

— Cairá! — gritava aos risos.

O discernimento esvaia-se quando adentrava a alma aquele estranho.

Postado impotente, em seu corpo ressurgia o estranho.

Fitou a criança.

Do armário retirou o objeto.

Havia muito tempo...

Às gargalhadas, no nariz colocou a bola vermelha.

Rompido o choro, a criança riu com o palhaço.

Fabiano Rodrigues
Enviado por Fabiano Rodrigues em 11/08/2009
Código do texto: T1748461
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