Espelhos e espelhos
Ele estava feliz. As providências que tomara tinham, definitivamente, surtido efeito; todos o adoravam no escritório. Antes, ele nunca fora um chefe querido. Agora, todos admiravam-no. Precisara passar por algumas mudanças, é claro; trocar alguns hábitos, vestir roupas diferentes: nada impossível de se conseguir com um pouquinho de força de vontade. Aos poucos, moldara-se de acordo com seus colegas, tornara-se mais amigável, mais confiante, mais descolado. Tinha certeza de que agora ninguém ousaria falar mal dele ou sequer tratá-lo com frieza.
Estava relaxado em sua sala, olhava-se no espelho. Havia algo estranho, porém; alguma coisa o incomodava. Havia mais alguém no reflexo... alguém que o encarava, que se aproximava. Ele se levantou, olhou para trás: a sala estava vazia. Voltou os olhos para o espelho mais uma vez; o outro homem estava ali, parado, encarando-o. Um frio subiu-lhe a espinha. Seria aquilo alguma brincadeira de seus colegas de trabalho? Será que ele se enganara? Será que as pessoas não gostavam tanto dele como pensava?
Olhou para trás novamente, a sala continuava vazia. O homem estranho só aparecia no espelho, aproximava-se vagarosamente. Ele virou de costas, fitava com um olhar nervoso cada canto da sala. Só podia ser uma piada... tinha de ser uma piada. Virou-se para o espelho por uma vez mais. O homem estranho estava ainda mais perto, cada vez mais perto... ameaçadoramente próximo.
Não conseguia mais desviar o olhar, sentia-se quase hipnotizado. Havia algo ali que começava a compreender. Deu dois passos para a frente... esticou os braços, agarrando o ar inutilmente. O homem estranho continuava a encará-lo, os olhos fixos nos seus. Ele sentiu-se desesperado, mais um pouco e o homem lhe tocaria... mataria-o talvez... meu Deus, quem era aquele homem?
Sentiu algo tocar-lhe a face; era frio... e sólido... era o espelho. O estômago revirou-se, uma ânsia de vômito atacou-lhe a garganta. O homem estranho... era ele.
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- Para mais textos, acessar o site do escritor: http://www.leonardoschabbach.com -
Ele estava feliz. As providências que tomara tinham, definitivamente, surtido efeito; todos o adoravam no escritório. Antes, ele nunca fora um chefe querido. Agora, todos admiravam-no. Precisara passar por algumas mudanças, é claro; trocar alguns hábitos, vestir roupas diferentes: nada impossível de se conseguir com um pouquinho de força de vontade. Aos poucos, moldara-se de acordo com seus colegas, tornara-se mais amigável, mais confiante, mais descolado. Tinha certeza de que agora ninguém ousaria falar mal dele ou sequer tratá-lo com frieza.
Estava relaxado em sua sala, olhava-se no espelho. Havia algo estranho, porém; alguma coisa o incomodava. Havia mais alguém no reflexo... alguém que o encarava, que se aproximava. Ele se levantou, olhou para trás: a sala estava vazia. Voltou os olhos para o espelho mais uma vez; o outro homem estava ali, parado, encarando-o. Um frio subiu-lhe a espinha. Seria aquilo alguma brincadeira de seus colegas de trabalho? Será que ele se enganara? Será que as pessoas não gostavam tanto dele como pensava?
Olhou para trás novamente, a sala continuava vazia. O homem estranho só aparecia no espelho, aproximava-se vagarosamente. Ele virou de costas, fitava com um olhar nervoso cada canto da sala. Só podia ser uma piada... tinha de ser uma piada. Virou-se para o espelho por uma vez mais. O homem estranho estava ainda mais perto, cada vez mais perto... ameaçadoramente próximo.
Não conseguia mais desviar o olhar, sentia-se quase hipnotizado. Havia algo ali que começava a compreender. Deu dois passos para a frente... esticou os braços, agarrando o ar inutilmente. O homem estranho continuava a encará-lo, os olhos fixos nos seus. Ele sentiu-se desesperado, mais um pouco e o homem lhe tocaria... mataria-o talvez... meu Deus, quem era aquele homem?
Sentiu algo tocar-lhe a face; era frio... e sólido... era o espelho. O estômago revirou-se, uma ânsia de vômito atacou-lhe a garganta. O homem estranho... era ele.
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