MISTÉRIOS E MAIS MISTÉRIOS (miniconto)
A escuridão percorre as águas. Vez ou outra uma sombra escorrega por sobre as pedras do fundo do leito pedregoso do rio Negro. A lua cheia e seus mistérios estampam o céu. A sua luminosidade não ultrapassa as folhas do abieiro. A copaíba sangra e o seu óleo escorre pelo tronco. À noite os ruídos espalham seus mistérios por sobre a floresta e seus rios. O piabeiro descansa assustado! Quase foi ferroado por uma arraia. Aquele dia capturou pouco mais de três mil peixinhos ornamentais. O patrão lhe daria uma minguada ração, como pagamento, então, precisava colher alguns frutos para sobreviver, a mais um dia. A floresta é generosa. Dorme e sonha. Esta com água até os joelhos. Capturou várias espécies; acara disco, cardinal tetra, corydoras..., no seu rapiché. De repente, um som melodioso. O pescador assusta! É o mensageiro do curupira na espreita. Chega de mansinho, amarra os pés do escolhido com fios dos cabelos negro da Iara. O brilho da lua nos cabelos reflete nos olhos do curupira. Morto de ciúme da sua Iara arrasta o piabeiro para o fundo do rio. Das entranhas do homem cardumes de peixes ornamentais irão proliferar até outro piabeiro chegar e os capturar para enfeitar os aquários da longínqua Inglaterra. Mas, é noite de lua cheia e os olhos na floresta espreitam...