SOCORRO, MINHA IDEIA FUGIU!
SOCORRO, MINHA IDEIA FUGIU!
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Colegas, escutem meus áudios musicais!
SOCORRO, MINHA IDEIA FUGIU!
Tenho quarenta anos, sou lindo, sedutor, divertido, simpático, inteligente, extrovertido, aonde vou, atraio as atenções, principalmente as das mulheres. Elas me adoram, idolatram-me, bem como toda a sociedade acadêmica e científica. Se existe mesmo um Deus, fui tocado por todas as suas glórias e bênçãos, minha família é de classe média alta, muito unida e íntegra, sou um felizardo.
Sou um homem muito vaidoso. Adoro elogios. Meu ego também é vaidoso. Qualquer idiota pode me ganhar com elogios mentirosos e mesmo sendo mentiras, gosto de ouvi-los. É sinal que, de alguma forma, querem tirar algum proveito de mim, e se acham isso, é sinal de que eu tenho algo mais a oferecer, ou a ilusão de que eu tenho algo mais a oferecer, e isso me envaidece. Tenho um ego muito inchado por ser considerado um intelectual respeitado pelos meios acadêmicos do mundo inteiro, quando exagero no meu Glenrothes 15 anos então,
todas as minhas teorias vão por água abaixo, fico insuportável, arrogante, nem pareço aquele gênio simples, humilde, atencioso, que usa palavras simples, acessíveis para se comunicar. Viro um grosseirão sem modos, sem tantos escrúpulos, me junto à ralé, pronuncio palavras rebuscadas para me exibir, mas não falo palavrões, aí seria demais, incompatível com o meu grau de educação.
Minha família jamais deixou escapar palavra alguma de baixo calão dentro das paredes de casa e quase posso garantir que nem fora dela.
Isso não me impede de dar um safanão no primeiro que ousar falar alguma sandice em minha presença, já que palavras não o atingirão, usemos sinais que entenda.
Sou um homem muito vaidoso. Adoro elogios. Meu ego também é vaidoso. Qualquer idiota pode me ganhar com elogios mentirosos e mesmo sendo mentiras, gosto de ouvi-los. É sinal que, de alguma forma, querem tirar algum proveito de mim, e se acham isso, é sinal de que eu tenho algo mais a oferecer, ou a ilusão de que eu tenho algo mais a oferecer, e isso me envaidece. Tenho um ego muito inchado por ser considerado um intelectual respeitado pelos meios acadêmicos do mundo inteiro, quando exagero no meu Glenrothes 15 anos então,
todas as minhas teorias vão por água abaixo, fico insuportável, arrogante, nem pareço aquele gênio simples, humilde, atencioso, que usa palavras simples, acessíveis para se comunicar. Viro um grosseirão sem modos, sem tantos escrúpulos, me junto à ralé, pronuncio palavras rebuscadas para me exibir, mas não falo palavrões, aí seria demais, incompatível com o meu grau de educação.
Minha família jamais deixou escapar palavra alguma de baixo calão dentro das paredes de casa e quase posso garantir que nem fora dela.
Isso não me impede de dar um safanão no primeiro que ousar falar alguma sandice em minha presença, já que palavras não o atingirão, usemos sinais que entenda.
Um dia desses, tarde da noite, depois de ter ministrado aulas para uma turma de pós-doutorado, numa Universidade pública, aqui no Rio de Janeiro, resolvi parar num botequim. Escolhi uma mesa do lado de fora do estabelecimento, numa calçada e pedi duas doses de Conhaque. Só tinha Dreher.
Sem esboço, ocorreu-me de repente, uma ideia que me faria entrar para a lista dos grandes gênios da humanidade, ainda gritei tomado pelo êxtase: “maravilha!” – Pude notar que os clientes do bar e os transeuntes me olharam espantados. Procurei rápido meu moleskine e caneta, meu tablet, um guardanapo, meu celular, laptop, qualquer coisa para anotá-la e prendê-la.
Olho para os lados e, em um segundo, a ideia dissolveu-se para transformar-se num material meio gelatinoso e fosforescente, cheio de letras, símbolos matemáticos, notas musicais, emitindo sons, e de tantos sons incompreensíveis, a cada momento mudava de formas conhecidas ou inimagináveis,
correu, fugiu, como poderia ter voado ou ter desaparecido, se desintegrado, mas para minha sorte, ainda a vi dobrar a esquina, assumir a forma humana de uma linda mulher e entrar num táxi em direção à Zona Sul.
Senti um desejo enorme por ela e minha atenção se desviou por um momento, mas voltei a mim, pois reconheci ser uma ilusão. Desesperado, esperei outro táxi passar e nem me lembrei que meu carro estava estacionado em frente ao bar.
Fiz sinal, e pensei: “Devem estar no túnel Santa Bárbara”. Dentro do túnel, localizei o veículo e pedi para o motorista guiar paralelamente a ele. Logo depois o outro táxi parou e vi a minha ideia sair correndo novamente e ganhando as ruas, mandei parar, paguei a corrida sem pegar o troco, e gritei: “ Vem cá, bandida, você é minha!” - Que já havia se transformado num pequeno dragão luminoso de dez centímetros.
Parou, distraído, estava tudo deserto, a madrugada se anunciava, fazia muito frio no auge do inverno, quis pegá-lo com as mãos em concha, bem devagar, (voltando à ideia da Ideia ) agarrei-a pela ponta da cauda, quis engoli-la, abrindo bem a boca, mas deslizou pelos dedos, fez careta para mim debochando com os polegares esticados pressionando as bochechas, balançando as mãozinhas, rebolando e mostrando o traseiro e, para
meu desespero, saltou bem rente ao meu rosto e mergulhou num bueiro,
saindo do lado oposto da via.
Fui apressado em sua direção e nem percebi um carro em altíssima velocidade vindo ao meu encontro, passou por mim e graças ao Divino Espírito Santo, seu espelho só rasgou um pedaço do meu paletó.
Cambaleei um pouco, mas estava determinado a caçá-la. Sumiu!? Onde ela estaria? Noto algo se mexendo atrás de uma árvore, vou até lá e uma voz pergunta: “Moço, tem um trocado para mim?”
Ainda bem que não era ladrão, só faltava essa! Novamente vi minha ideia acuada no canto de um tapume de um prédio em construção. Eu disse: “Está com medo, não é? Eu sou seu dono, vou te proteger!” Nesse minuto ela ficou enorme, transparente, luminosa, rugindo e soltando fogo pelas ventas, de forma que toda a cidade poderia vê-la, olhou para mim, senti que era meu fim, pois ameaçou me pisar,
protegi a cabeça com os braços e as mãos, num gesto instintivo, mas como por milagre, desapareceu. Ainda pude ver a ponta de seu rabo lá no alto de um poste entrando em uma linha telefônica. No dia seguinte minha ideia estava circulando pela Internet e um outro gênio mais jovem e mais bonito do que eu recebia os louros.
Sem esboço, ocorreu-me de repente, uma ideia que me faria entrar para a lista dos grandes gênios da humanidade, ainda gritei tomado pelo êxtase: “maravilha!” – Pude notar que os clientes do bar e os transeuntes me olharam espantados. Procurei rápido meu moleskine e caneta, meu tablet, um guardanapo, meu celular, laptop, qualquer coisa para anotá-la e prendê-la.
Olho para os lados e, em um segundo, a ideia dissolveu-se para transformar-se num material meio gelatinoso e fosforescente, cheio de letras, símbolos matemáticos, notas musicais, emitindo sons, e de tantos sons incompreensíveis, a cada momento mudava de formas conhecidas ou inimagináveis,
correu, fugiu, como poderia ter voado ou ter desaparecido, se desintegrado, mas para minha sorte, ainda a vi dobrar a esquina, assumir a forma humana de uma linda mulher e entrar num táxi em direção à Zona Sul.
Senti um desejo enorme por ela e minha atenção se desviou por um momento, mas voltei a mim, pois reconheci ser uma ilusão. Desesperado, esperei outro táxi passar e nem me lembrei que meu carro estava estacionado em frente ao bar.
Fiz sinal, e pensei: “Devem estar no túnel Santa Bárbara”. Dentro do túnel, localizei o veículo e pedi para o motorista guiar paralelamente a ele. Logo depois o outro táxi parou e vi a minha ideia sair correndo novamente e ganhando as ruas, mandei parar, paguei a corrida sem pegar o troco, e gritei: “ Vem cá, bandida, você é minha!” - Que já havia se transformado num pequeno dragão luminoso de dez centímetros.
Parou, distraído, estava tudo deserto, a madrugada se anunciava, fazia muito frio no auge do inverno, quis pegá-lo com as mãos em concha, bem devagar, (voltando à ideia da Ideia ) agarrei-a pela ponta da cauda, quis engoli-la, abrindo bem a boca, mas deslizou pelos dedos, fez careta para mim debochando com os polegares esticados pressionando as bochechas, balançando as mãozinhas, rebolando e mostrando o traseiro e, para
meu desespero, saltou bem rente ao meu rosto e mergulhou num bueiro,
saindo do lado oposto da via.
Fui apressado em sua direção e nem percebi um carro em altíssima velocidade vindo ao meu encontro, passou por mim e graças ao Divino Espírito Santo, seu espelho só rasgou um pedaço do meu paletó.
Cambaleei um pouco, mas estava determinado a caçá-la. Sumiu!? Onde ela estaria? Noto algo se mexendo atrás de uma árvore, vou até lá e uma voz pergunta: “Moço, tem um trocado para mim?”
Ainda bem que não era ladrão, só faltava essa! Novamente vi minha ideia acuada no canto de um tapume de um prédio em construção. Eu disse: “Está com medo, não é? Eu sou seu dono, vou te proteger!” Nesse minuto ela ficou enorme, transparente, luminosa, rugindo e soltando fogo pelas ventas, de forma que toda a cidade poderia vê-la, olhou para mim, senti que era meu fim, pois ameaçou me pisar,
protegi a cabeça com os braços e as mãos, num gesto instintivo, mas como por milagre, desapareceu. Ainda pude ver a ponta de seu rabo lá no alto de um poste entrando em uma linha telefônica. No dia seguinte minha ideia estava circulando pela Internet e um outro gênio mais jovem e mais bonito do que eu recebia os louros.
Eu tenho certeza de que logo-logo outra ideia fantástica irá aparecer para mim. E eu vou deixar de transitar em torno de mim mesmo, vou ceder os direitos da patente a alguma instituição de caridade, alguma ONG altruística... Rhum, ideia filha-da-puta!
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Colegas, escutem meus áudios musicais!