Espelho
Abro os olhos
Tudo tão escuro
Tento sair
Só me resta fugir
Devo ser forte
Mesmo sem estancar a ferida desse corte
O que é sorte?
Seria viver longe da morte
Brinco com ela todos os dias
Pensamentos dançam embaixo dos lençóis
Embalam o quase dormir
Águas que caem do teto
Submergem loucuras
A vida é um mar incerto
Onde não adianta apenas ser esperto
Quando em segundos tudo vira deserto
Você sente um vazio no peito?
Sinto cheiro de agonia
Sua ou minha?
Não corra!
Não morra!
Pois sua cova você mesmo que cava
O Cemitério é sua casa
E o que te sepulta são suas atitudes
Lágrimas guardo
Engulo
Alago meu interior
Quando o tiro vem
Ouço um sussurro
Saia da frente!
Chegue mais perto!
Assim tudo volta a cada escurecer
A cada amanhecer
A cada envelhecer
A cada vez que não vejo ninguém
Nem me olhe assim dentro dos olhos
Minha alma é como espelho
Reflete uma sociedade insegura
Penosa e obscura...
(Autor: Leandro de Souza Cruz - 03/02/2009)
*Baseado e inspirado num pensamento fictício de uma pessoa conversando com o espelho.