Noites sem fim - A Escolhida

Quando o revi, reconheci a ilusão que havia me conquistado. Mas agora sua atenção não estava voltada para mim, e eu sofria de ciúmes. Um ciúme terrível que não me deixava dormir nem um segundo, eu vagava perdida nas noites agora agradáveis com cheiro de mar. Mas, no meu coração só sofrimento, não me interessava nem por uma de minhas companheiras, eu ansiava por ele, eu procurava por ele e mesmo delirava por ele. Vindo do quarto que havia sido meu, eu escutava as longas noites de orgia, os gemidos de prazer e os urros de gozo. Ele amava como um animal.

E eu vagava e esperava que ele me levasse para partilhar da cama com a sua nova presa, e ele me levou. Me levou antes das outras e eu fui a primeira, depois dele, a me saciar no corpo daquela jovem. E uma noite longa foi pouco para tanto desejo. A nossa fonte era uma jovem ruiva, fogosa como todas nós e pronta para saciar todos os caprichos dele, inclusive os meus.

E como havia acontecido comigo, aconteceu com ela também. Todas nós nos deitamos e como cadelas no cio, nos fartamos de sexo. Naquelas noites eu saciei todos os meus anseios e desejos, porque ele me amava todas as noites, tão intensamente como havia sido no início. Descobri-me sua preferida.

Ao final de alguns dias, a nossa orgia acabou, a nossa fonte havia se esgotado. Ela se enfraquecia, já não dormia durante o dia e vagava pelo castelo, como havia acontecido comigo. Naqueles dias os lobos voltaram a uivar e o gelo nos cercava lá fora. Mesmo sabendo que ele estava fraco e que precisava partir, eu o chamava. Me sentia renovada. eu o queria.

Numa noite ele veio, não me deixou acender as velas e no escuro do quarto, só seus olhos brilhavam vermelhos.Tão intensos que me hipnotizava e o seu hálito quente aquecia todo o meu corpo. Na longa noite de prazer e agonia, senti os seus dentes cravarem em minha carne, suas unhas rasgaram minha pele e o conheci mais selvagem do que nunca. Roubou todas as minhas forças e eu aprendi que não devia mais chamá-lo, sozinha eu não conseguiria saciar sua fome. Meu egoísmo quase me destruiu. Não conseguia dormir, embora cansada e machucada eu o queria cada vez mais. Me deixou agonizando, e pela manhã eu o vi partir. Então soube com quem havia me deitado, a quem eu havia me entregado. Os dentes que haviam cravada em minha carne era igual ao dos lobos lá fora, a unhas que havia rasgado a minha pele, eram longas e curvas, o seu cheiro pela manhã era horrível. Eu me descobri no inferno, havia dormido com o dono da casa.

Naqueles dias, em sua ausência, eu vaguei pelo castelo, me arrastando, não havia me restado forças. Agonizei em meu quarto e o calor se tornou insuportável. Apenas uma das mulheres com quem havia me deitado, veio me ver e falar comigo. Me contou que logo ele voltaria, me falou um pouco do que ele era.

E comecei a me interessar por sua história, havia sinais pelo castelo, sinais que contavam o seu passado obscuro, sinais que eu não havia notado, mas que agora minha amiga citava e me fazia imaginar toda uma história. A história da vida dele. Eu queria conhecê-lo melhor.

No limiar da morte, sem poder partir. Não entre os vivos, tão pouco entre os mortos. Eu o esperei e na agonia em que me encontrava eu o desejava.

Um dia senti a brisa e o cheiro do mar, ele havia voltado. E na primeira manhã, contrariando as regras e agindo diferente das outras vezes, ele veio me buscar. Veio lindo, como eu o havia conhecido, me pegou

nos braços e me levou até o meu antigo quarto, na cama perfumada, eu vi um homem moreno me esperando, era o meu presente. Louca de desejo, desesperada de fome, eu me saciei naquela nova presa, mesmo sem perguntar coisa alguma, nem questionei o novo fato da nova vítima ser um homem. Já mais forte, as energias repostas, eu abandonei minha fonte e convidei meu carrasco para se deitar comigo. Ele trouxe consigo a sua outra vítima, uma linda mulher. Então nós quatro tivemos uma exaustiva noite de sexo. Quando o dia surgiu, nem mesmo ele se levantou, pela primeira vez ficou do meu lado e nos viu adormercer. Assim foi nos dias que se seguiram. Como havia sido no início, noites de sexo e dias de descanso. Ao término de alguns dias ele se levantou, chamou o homem com um gesto e o pôs porta a fora, no corredor onde estava as outras, todas famintas, agora elas se saciariam do que eu havia deixado. Com a mente presa a dele, eu me vi e compreeendi que seria rainha. Ele havia me escolhido, para partilhar do melhor junto com ele.