A casa da última quadra XVI

A sopa anêmica da pensão desceu forçada por minha garganta.

No dia seguinte, pela tarde estaríamos de volta a nossa cidade e iríamos a casa de Agnus Taylor.

Jay já havia jantado então subi ao seu encontro.

A porta estava trancada.

_ Jay?! Abra a porta sou eu.

Escutei um barulho de chave e girei a maçaneta.

_ O que estava fazendo?

_ Lendo o livro que consegui na biblioteca.

_ Você saiu de lá sem livro nenhum.

Mostrou-me a capa vermelha e dourada.

O livro era fino e velho.

Intitulado “A. Taylor”.

_ O que diz aí?

_ Ela acreditava em espíritos, tinha um diário onde escrevia tudo que acontecia com ela, mas...nunca foi encontrado.

_ Pode estar na casa.

_ Melhor deixar onde estiver.

_ Talvez seja realmente melhor assim.

Ele não desgrudava os olhos das páginas.

_ Posso trocar de travesseiro com você?

_ Pode. Pegue esse aqui.

_ Boa noite Jay.

_ Boa noite. Sam, o marido dela era o Sr. Devon Taylor, o filho era Joseph, o nome Joseph Taylor estava na lista.

_ Ele está vivo. E se falarmos com ele?

_ Não sei... Talvez.

As coisas giravam.

Eliza se aproximava de mim e berrava que o fim de tudo estava próximo, que tudo estava pronto para a eternizarão.

Agnus no quadro me olhava fixa e fria.

No fundo alguém gritava de medo e depois ria, ria.

_ Sam... Pelo amor de Deus, o que foi?

Abri os olhos e minha vista estava embaçada.

_ Você está suada, gritou muito. O que foi?

_ Não sei se quero entrar naquela casa, eu... Não vou conseguir, eu não posso, eu... Não me deixe lá!

_ Hei! Não está dizendo coisa com coisa, acalme-se.

Respirei fundo e me encolhi no abraço dele.

O carro de Eliza era sem dúvida alguma mais confortável.

Repus algum tempo de sono deitada no banco de trás com a cabeça no colo de Jay.

Mesmo durante o sono os olhos de Eliza pareciam não desgrudar de mim.

_ Ela não parece bem.

_ Não dormiu muito bem durante a noite.

_ Mas estou bem melhor agora.

Falei ainda com a voz fraca de sono.

Chegamos a cidade pouco tempo depois.

Entrei com Jay na casa dele.

A avó andava aflita até a porta.

_ Onde vocês foram? Por que mentiu para mim Jay?

_ Vó depois te explico tudo e irá me agradecer. Só vim avisar que está tudo bem, já estou de saída.

_ Volte aqui rapaz.

_ Depois volto vó.

Saímos pela porta e voltamos ao carro.

_ Onde você mora?

_ Siga por aquela rua.

Vi minha avó na janela da sala olhando para a rua e quando me viu fechou a cortina e segundos depois abriu a porta.

_ Sua mentirosa, onde é que você esteve? Viajou sozinha com um menino?

_ Vó eu só vim deixar minha mochila e já estou saindo de novo.

_ Não está mesmo! Já para o seu quarto sua inconsequente.

_ Vó Rachel, depois te explico tudo. Tchau.

Dei as costas a ela e desci ao lado de Jay.

Fernanda Ferreira
Enviado por Fernanda Ferreira em 01/06/2009
Código do texto: T1626531
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