A casa da última quadra XIV
Jay deixara-me tomar banho por último para que eu tivesse mais tempo.
O banho estava tão quente, a porta tão trancada.
Com tudo o que estava acontecendo eu me esqueci de pensar em como iríamos buscar explicações.
E se a família não quisesse falar mais daquilo? Todos esses gastos atoa.
Saí do banho de alma lavada, restavam algumas dúvidas, mas isso eu resolveria com Jay.
Abri a porta do banheiro devidamente vestida, meu pijama mais novo tinha estampas de sapinhos por todo o short e na blusa branca os sapinhos permaneciam apenas nas alças.
Lembrei-me no momento que vi Jay usando apenas a parte de baixo do pijama dele, que de manhã eu tinha sérios defeitos, cabelos armados, olheiras e cara de amassada.
O ar escapava de mim.
_ Já parou para pensar no que estamos fazendo Jay?
_ Sim, nada mais justo do que isso.
_ Sério mesmo que pensa assim?
Balançou a cabeça em sinal afirmativo.
_ Ou a gente tenta descobrir o que aconteceu com aquela casa ou vamos seguir sem saber o que realmente aconteceu.
_ E se... E se depois que estiver tudo esclarecido descobrirmos que a verdade é muito cruel e desejarmos esquecer? Vai ser impossível.
_ Se isso for necessário eu te ajudo a esquecer.
_ Promete?
_ Prometo.
Ele caminhou até o monte de cobertores que estendera no chão e se jogou por cima deles.
_ Boa noite.
_ Boa noite. Jay?
_ Diga.
_ Como vai ser amanhã?
_ Vamos descobrir os números de telefone dos habitantes com sobrenome Taylor e tentar descobrir quem é a filha dela.
_ Depois?
_ Inventamos alguma coisa ou dizemos a verdade e pedimos para falar com ela cara a cara. Depois voltamos.
Ele parou de falar e eu virei para o outro lado da cama e dormi.
O café da manhã não foi o melhor.
Comi o suficiente para não comer até o almoço.
_ Dormiu bem?
_ A cama deve ser mais confortável.
_ Deixo você dormir nela hoje.
_ Faria isso por mim?
_ Olha o que estamos fazendo um pelo outro? Deixar você dormir na cama não é nada perto disso.
O sorriso tímido dele era quase tão bonito quanto o que ele mostrava os dentes brancos e perfeitamente moldados.
Subimos até o quarto outra vez e ele apanhou a lista telefônica.
Eram nove nomes diferentes com o sobrenome Taylor, dentre esses apenas quatro eram nomes de mulher.
Bethina Taylor, Cassie Taylor, Eliza Taylor e Lance Taylor.
Eliza Taylor, era ela.
Depois de alguns longos minutos pendurado no telefone com ela Jay disse que ela concordara em conversar conosco no fim da tarde.
No durar da ligação eu fiquei escorada na parede roxa e preta do quarto com a mão segurando a cabeça, respirava mais fundo a cada segundo.
O relógio fora nosso pior inimigo naquela tarde, ele só nos comprovava que o tempo estava se arrastando.
_ O que vamos dizer? Vamos chegar e pedir que ela nos conte tudo que aconteceu com ela quando tinha no máximo 4 anos?
_ Se for preciso perguntaremos até isso.