A casa da última quadra VI

Minha avó estava na sala me esperando com uma xícara de chá e um pedaço de torta de maçã.

Naquele momento tive dó dos meus netos, eu não saberia fazer nenhuma comida tão boa quanto as de minha avó, no máximo um omelete e um macarrão instantâneo com a água esquentada no microondas.

Ri comigo mesma.

O mesmo cd que minha avó escutava no dia em que cheguei tocava como música de fundo no carro.

Acho que ela havia me perguntado alguma coisa sobre amigos, falei que todos da escola foram receptivos. Mentira. Mas acho que no fundo ela sabia como eram as pessoas da minha escola, afinal ela conhece as famílias de todos eles ou pelo menos conhece a história da família.

Eu tinham em mente manter minha avó longe desses assuntos.

Ela se preocupa muito fácil e com certeza reclamaria da minha falta de iniciativa, tentaria de tudo para me manter enturmada.

Não sou nem louca de preferir a andar com nerds (nada pessoal, é só que eles sempre são chacotas) do que andar sozinha, mesmo que minha avó diga que eles são as boas companhias.

Eu estava certa mais uma vez, ela se preocupou exatamente porque sabia que eu não ia me enturmar.

_ Querida - eu estava saindo do carro quando minha avó me chamou e me segurou pela manga do casaco - traga um amigo para o almoço, ou castigo na certa.

_ O que? Vó, isso é impossível! Minha vida não é como os filmes que sempre tem alguém disposto a fazer amizade... Pelo amor de Deus.

Indignação, da mais pura delas.

Minha avó fechou a porta do carro e o vidro, aumentou o volume do som e saiu com cara de “eu mando”.

Na mesma hora trinquei os dentes e bufei.

A chuva começou a cair e eu ainda estava do lado de fora da escola com a alça da mochila em apenas um ombro e alguns livros na mão esquerda. Saí do surto de raiva e entrei na escola.

Alguns alunos corriam e outros no entanto apreciam curtir aquele momento de chuva.

HAVERÁ CONTINUAÇÃO...