OS CASTIÇAIS DO CASARÃO

Sonia Barbosa Baptista

Ainda me lembro aquele dia, em que as luzes no ambiente do casarão piscavam, eu não sabia se era defeito da instalação.

Mas pensei bem e lembrei que toda fiação, tinha sido reparada, a coisa de uma semana.

Se tivesse já tomado uns copos de vinho, poderia acreditar que estava confundindo com a noite de Natal, em que, o pisca-pisca da árvore acendia e apagava anunciando o momento, afinal, em que completava mais um ano do nascimento do Menino Jesus.

Mas, como não era dezembro, e eu queria o ambiente bem iluminado. Distribuí velas pelos castiçais e desliguei a chave principal, a que mandava energia para a casa, que já um tanto antiga, e talvez, quem sabe, nem com a necessária manutenção, foi o suficiente para ficar cem por cento . Então, aquele encontro entre amigos, para passar o tempo e jogar conversa fora, se transformou num encontro romântico, entre apetitosos quitudes, a luz de vela.

E tudo trancorria bem, até o momento em que algumas pessoas começaram a brincar com as sombras nas paredes.

Estava legal a brincadeira, até que resolveram todos sentar para conversar rindo e bebendo muito. Um dos rapazes, só ele levantou e começou a fazer pose com sua sombra na parede. Todos riam muito, até que outra sombra, se juntou a dele na parede e mais outra, sem que niguém estivesse em pé, somente ele.

Que ria, sem saber o por que. Mais, outras sombras foram aperecendo na parede e carregavam nas mãos castiçais, diferentes dos que estavam com as velas na mesa. O susto e a gritaria foi tanto, que derrubaram as velas e ficamos no escuro. E na correria trombamos com os castiçais, flutuando pelo espaço. Não sabemos o que aconteceu. Mas na manhã seguinte, estávamos todos deitados pelo chão.

E todas as luzes da casa estavam acesas, e não havia nenhum vestígio, de que eu acendera velas em nenhum castiçal.

24/04/2009