- NÃO TRAIA, A LOUCURA PODE SER PERMANENTE-
      Amigo não nos envolve em palavras de duplo sentido.
      Amigo bom somente os gays, o restante é um convite
      silêncioso aos atos mais devassos.
      Sentada naquela mesa de bar jogando conversa fiada
      com amigas não parava de olhar o relógio um instante
      siquer.
      Bianca notando minha apreensão diante do adiantar das
      horas cruelmente me disse xiii ele te deu um bolo.
      Dei um sorrizinho querendo esgana-la, sua maneira po-
      liticamente correta, suas ações sempre sensatas me ente-
      diavam profundamente.
      Já haviamos consumido uma rodada de cerveja, horas pas-
      sando rapidamente acendia um cigarro atrás do outro.
      Até que a pressão da espera angustiante me deixou irritada.
      Me levantei e resolvi ir, me despedi das meninas e fui saindo.
      Bianca e Laura percebendo meu estado de embriagues tenta-
      ram em vão me deter.
      Trançando as pernas mal consegui abrir o carro e quando entrei
      o liguei saindo com ele cantando pneus.
      Dirigi alucinada, fechando os outros carros da avenida, passando
      sinais vermelhos.
      Furiosa parei em frente ao prédio do Guilherme desci e toquei o
      interfone.
      Quando ele me atendeu mandei que desese até a portaria, a prín-
      cipio ele disse não poder, diante das minhas ameaças cedeu.
      Contrariado veio em minha direção, o fuzilei com os olhos dizendo
      eu não saio daqui sem você.
      Me pegando pelos braços me levou até a calçada e ameaçador foi
      dizendo é melhor ir, amanha conversamos, Carla esta aqui.
      Gargalhei alto dizendo ótimo, diz para ela que seu trabalho extra
      e as viagens a trabalho é para dormir com sua secretária.
      O porteiro sorrateiramente nos observava, como bom voyer.
      Segurando meus braços com mais força ele abriu a porta do meu
      carro e me empurrou para dentro.
      Reagi, rosnando ele foi dizendo fica quieta, por favor, não vamos
      discutir aqui, você não está em sã consciência dos seus atos.
      Um tanto histerica retruquei só saio daqui com você.
      Ele bufou e por alguns instantes permaneceu em silêncio, dizendo
      em seguida tudo bem.
      Se afastou indo avisar o porteiro que caso o procurassem ele já
      voltava.
      Voltou e entrou no meu carro dando partida, dirigiu em silêncio
      até meu apartamento.
      Quando chegamos eu mal conseguia sair do carro e ele acabou
      me carregando no colo.
      Quando chegamos ao andar que moro e entramos no apartamento
      que moro ele me pos deitada no sofá.
      Foi em direção ao banheiro, ligou o chuveiro e voltou para a sala.
      Me pegou no colo me levando até o banheiro, me enfiou embaixo
      do chuveiro com roupa e tudo.
      A água gelada me deixou atordoada, fiquei ali deitada no piso frio
      sentindo a água se misturar com minhas lágrimas.
      Guilherme se afastou e foi até a copa.
      Tirei minhas roupas e cambaleando desliguei o chuveiro.
       Peguei um roupão e o vesti, minha cabeça doia terrivelmente e
       um tonto zonza fui caminhando até a copa.
       Frio e indiferente ele me oferecu uma xicara de café forte, tomei
       em suaves goles.
       Quando de repente ele me falou, infelizmente tudo saiu do contro-
       le, amo minha família e você sabia dos riscos.
       O olhei intrigada prevendo o pior, mas permaneci em silêncio.
       Cruel prosseguiu, é o momento de terminarmos nosso caso, nun-
       ca prometi amor eterno ou fiz qualquer promessa que alimentes-
       se suas fantasias de amor.
       Minhas lágrimas cairam num choro sentido e agudo, eu o amava
       até mais do que a mim mesma e agora ele estava me dando um
       fora.
       Enlouqueci, perdi o senso da realidade e munida com uma faca
       que estava sobre o balcão avancei sobre ele.
       Enfurecida cravei a faca em seu peito, enquanto, em vão ele ten-
       tava se defender.
       Quando o vi no chão caido, esvairando em sangue senti o pavor
       e o medo se apoderarem de mim.
       Álgumas pessoas batiam na porta devido a gritaria, me encolhi
       num canto sem saber o que fazer.
       Neste momento um estrondo e um vizinho derrubou a porta.
       Ao se deparar com a cena seus gritos atrairam mais pessoas.
       Por amar de mais me privei da liberdade, fui condenada e senten-
       ciada.
       Guilherme apesar dos ferimentos se recuperou.
       E foi no dia do meu julgamento que tive a dimensão dos meus atos
       porque vi em seus olhos o desprezo, o silêncio daquele que foi
       o co-colaborador da minha loucura.
       Porque prometeu amor, sem jamais conhece-lo a álguem desespe-
       da por afeto.
                                     camomilla hassan
       
      
      
      
      
      
     
CAMOMILLA HASSAN
Enviado por CAMOMILLA HASSAN em 21/02/2009
Código do texto: T1451323
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