TUDO QUE EU QUERIA, ERA ATRAVESSAR A RUA!
TUDO QUE EU QUERIA, ERA ATRAVESSAR A RUA!
Uma linda paixão entre adolescentes acontecia com Oswaldo e Helena, ambos com dezesseis anos de idade, morando numa linda cidade como tantas nesse, não menos lindo país.
Eram dois estudantes em busca do conhecimento e do prometido futuro melhor, eternamente buscado e raramente encontrado por nossos jovens.
Manter a ilusão é preciso e, por isso, nós, pais, temos muitas vezes que mentir para não antecipar as desilusões. São reflexos comportamentais do homem contemporâneo que, busca para si, invariavelmente, a melhor fatia do bolo globalizado.
A paixão fluía maravilhosamente até que, por razões indeterminadas, a família da moça se vê obrigada a mudar, não só da cidade, como também do Estado, afastando-a mais de mil quilômetros do seu primeiro amor.
Impossibilitados de se verem ou mesmo de se comunicarem, visto que o namoro ocorria às escondidas, Oswaldo e Helena, passam a dedicar-se exclusivamente ao estudo.
Os anos passam demoradamente. Oswaldo diploma-se em Contabilidade e Administração de Empresas. Muito dedicado e trabalhador, em pouco tempo, torna-se um Empresário bem sucedido. Como de hábito, desde criança, todas as noites após o jantar, dedica-se à leitura, tornando-se fã de uma escritora de pseudônimo “Alma Solitária”, romancista conceituada e que descreve casos de amor.
Oswaldo continua sua vida e, aproximando-se dos trinta anos de idade, parece não mais, preocupar-se em encontrar alguém com quem dividir seus bons e maus momentos. Assim, vai curtindo suas duas atuais paixões, o trabalho e os romances.
A demanda e as solicitações por seus serviços transformaram Oswaldo num verdadeiro viajante, pois de cidade em cidade ia implantando sistemas e organogramas de maximização produtiva em muitas empresas e indústrias.
Certa vez, numa determinada cidade, ao visitar um de seus clientes, Oswaldo aproxima-se do meio fio e, ao olhar para o outro lado da rua, avista aquela moça muito bonita que, coincidentemente, olha em sua direção. - Seu pensamento viaja rapidamente ao passado e instintivamente, deixa escapar em voz alta o nome de Helena. - Volta a gritar: Helena! É você?
Surpresa e angustiada por aquele chamamento inesperado, a moça fica atônita.
Oswaldo começa a chorar e grita: eu te amo!
Sensibilizada a moça também começa a chorar.
Oswaldo, sai correndo ao seu encontro.
O caminhão que passa.
A moça atira-se sobre Oswaldo ainda no asfalto.
Apenas ela, continua a chorar intermitentemente.
Oswaldo num último esforço lhe diz: Helena, tudo que eu queria era atravessar rua!
Mas, quando a moça lhe responde: Eu não sou Helena, sou “Alma Solitária”! Oswaldo nada mais escutava.