Mudando de trajeto
A mocinha caminhava uma vez mais pelo caminho de sempre,
retornava da escola e tudo como de costume, nada de novo.
Entendera ela que já era tempo de realizar algo diferente,
e decidira-se então por alterar o seu trajeto tradicional.
Embrenhou-se pelo interior daquela mata antes tão temida,
principalmente nos seus pouco distantes tempos da infância.
Agora não, pensava ela: "Tenho 13 anos e não posso mais temer"!
Nunca antes ela havia tido a experiência de passar por ali,
vieram-lhe à cabeça alguns arrepios, isto era evidente.
No princípio, ela até encontrou algumas flores pelo caminho;
alguns esquilos, coelhos e tucanos se mostraram em seguida.
Em um trecho mais à frente aproximou-se de uma pequena cascata.
Prosseguia naquele instante já mais segura de si, e bem mais cansada ainda.
Comparando com a rota habitual, metade da caminhada já havia transcorrido. Falou baixinho consigo mesma: "Não há o que temer, chegarei logo"!
Caminha por mais alguns minutos quando surge-lhe um pequeno e belo riacho de magnífica transparência. Ali, ela desejara parar um pouco para ficar admirando aquele paradisíaco cenário.
Entretanto, já entardecia muito, e ela já começava a ficar preocupada por estar demorando bem mais do que calculara.
Não era para menos, já que estava sendo a primeira vez que por ali ela passava.
Todavia, o jeito seria ela prosseguir em sua aventureira jornada, não havia mais escolha por outras opções. Decidiu-se a desenvolver um rápido trote para ganhar um tempo a mais, e foi-se embora.
Nada de chegar ao destino, somente aquela mata já escurecendo bastante, e tão desconhecida.
Já estava anoitecendo, quando de repente ela orou: "Deus meu, ajuda-me a chegar"! Contudo, havia muito que caminhar ainda, era o que lhe parecia ocorrer.
Logo à frente, pelo sombrio caminho, apareceram-lhe um bando de corujas e diversos vaga-lumes. Tudo naquela mata estava muito silencioso e com uma atmosfera de causar calafrios à garota.
Pouco a pouco ela percebeu-se aproximando de algumas luzes que já estavam acesas.
Surpreendentemente, não eram as tão conhecidas luzes da vila onde ela residia, o que a fez chorar copiosamente. Acelerou os passos mais depressa e seguiu em frente em direção às luzes que havia avistado.
Foi com grande surpresa que a garota percebera que estava retornando ao mesmo local de onde havia partido mais cedo. Isto mesmo, após ter partido de sua escola, e tendo caminhado durante toda a tarde e quase noite, voltava ao mesmo ponto de onde partira.
Entretanto, os seus pais, que já estavam muito preocupados, logo chegaram à procura dela.
Conduziram-na para sua casa passando pelo mesmo trajeto de sempre, e chegaram rapidamente.
Sem dúvida alguma, para ela tudo aquilo serviu-lhe como uma boa lição: "Jamais troque o certo pelo duvidoso"