ENTRE O AMOR E A LOUCURA
Os olhos faiscavam, trêmula e ofegante a ira a dominou.
Num ímpeto de insanidade ela avançou sobre ele, punhos
serrados, fala desconexa.
Em vão ele tentou se desvencilhar de alguns sopapos, sua
força descumunal o deixaram estático.
Ela gritou, esbravejou e praguejou, mas ele não se apiedou
da pobre mulher.
Firme apanhou a pequena mala e solenemente decretou a fa-
lência daquele relacionamento.
Jogada ao chão, entre, lágrimas e lamúrias ela chorou o amar-
go da desilusão.
Passos firmes, postura imponente ele abriu a porta e alcançou
a rua.
Foi caminhando a esmo com a pequena mala debaixo dos braços,
um punhado de pensamentos e um sentimento de fracasso o ator-
mentavam.
Avistou um taxi deu o sinal e assim que o carro parou entregou
um cartão com o endereço de um hotel.
O dia clareou cinzento e chuvoso, ensandecida pela dor da perda
ela despertou.
Esfregou os olhos inchados, cambaleando se levantou e foi ao
banheiro.
Se olhou no espelho e diálogou com sua imagem refletida.
Uma energia densa e viçosa a envolveu alimentando seu
egoismo e vaidade.
Lavou o rosto, deu uma risada maquiavélica e abriu o chuveiro.
Se despiu lentamente e entrou debaixo da água quente.
Nua caminhou pela casa cantarolando uma canção melancólica.
Foi ao quarto se sentou sobre a cama e pegou o telefone.
Dando um profundo suspiro discou o númenro do celular, chamou
várias vezes até cair na caixa postal.
Bufando deitou sobre o´mácio lençol e adormeceu.
Dias, semanas passaram até que certa manhã ela conseguiu
falar com ele.
Frio e indiferente ele afirmou que havia refeito sua vida nos bra-
ços de outra.
Não foi um choque apenas uma constatação do inevitável.
Ela não proferiu nenhuma palavra maldizendo o sujeito, se
silenciou e desligou.
Abriu o closet separou algumas peças, se vestiu sensualmente
e apanhou a bolsa.
Um vazio em seu íntimo expressava toda a dor, não mais chorou
apenas determinou seu destino.
Deu uma última olhada na casa e abriu a porta, não olhou para
trás alcançou a rua e foi caminhando despreocupadamente.
Desceu e subiu ruas até alcançar o belo casarão, tocou o inter-
fone.
Após alguns segundos uma voz macia e doce a atendeu, sua voz
soou quase como um sussurro.
O pesado portão foi aberto e ela entrou, a senhora imponente a
olhou desconfiada.
Mas ela estava firme e em poucas palavras explicou sua decisão
insana.
Foi acolhida por todas que solidarizaram com a sua dor, não mais
seria a mulher fiel de um único homem, teria todos.
Quase um ano se passou e seu amado refeito da paixão êfemera
a procurou.
Os comentários corriam soltos, não foi díficil de encontra-la.
Para seu espanto sua amada havia se tornado secretária do
prazer.
Num confronto sofrivél ela apenas disse a ele, porque te-lo so-
mente se posso ter todos os homens a disposição dos meus de-
jos e caprichos.
Ouvir comentários maledicentes era uma coisa, constatar outra.
Ele argumentou, chorou, se manifestou em vão, a mulher não se
comoveu.
Feliz permaneceu na vida de meretriz e o pobre homem se perdeu
na bebida e hoje perambula pela cidade em estado miserável e
insano.
CAMOMILLA HASSAN