II - Reminiscências Mortais

"Uma porta fechada é sempre um mistério: não sabemos se está lá para impedir que algo que está do lado de fora entre ou algo que está dentro, saia..."

--- Elminster, o sábio

A tarde relutantemente cedia lugar ao anoitecer. Os últimos raios de sol, inchados e desesperados, agarravam-se à paisagem para não morrer, pintando tudo de laranja. O sentimento daquela hora indefinida, de mais um dia chegando ao fim, do mundo cumprindo seu inexorável ciclo ao redor do sol tomava conta de tudo, carregando todos os aspectos terrenos de pequenez e insignificância - e, por que não dizer, esperança - frente à grandiosidade do universo.

Alienado a tudo isso, preocupado no momento apenas com seu mundo interior, Tiago gira a chave e empurra a pesada porta, que não se move um centímetro. Tenta novamente. Sem sucesso. Duas, três, quatro vezes e nada. Suor gruda sua camiseta no peito e axilas, a respiração adquirindo um ritmo acelerado. Mais duas tentativas e bate com os punhos cerrados na madeira antiga.

Ouve uma risada baixa, deliciosamente maligna e zombeteira. Um sussurro rouco e distante.

Do outro lado da porta.

- Não tenho medo! - berrou, a plenos pulmões - não tenho medo de nada.

Sua inofensiva ira juvenil apenas serviu para divertir quem - ou o que - estivesse do outro lado.

- Vou...Vou me vingar. - sua voz vacilou - vo...voce já não existiria mais se essa po...porta estivesse aberta.

Nesse instante Tiago ouviu um clic e a porta girou levemente revelando uma faixa de escuridão.

A risada elevou-se e convidou-o docemente a entrar.

Continua...

Opus Magno
Enviado por Opus Magno em 29/01/2009
Reeditado em 02/03/2009
Código do texto: T1411536
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