CAZU,A MENINA AZUL

Era uma vez, num lugar muito distante, uma menina que queria estudar , mas seus pais eram pobres e não tinham dinheiro para levá-la à escola.

Os dias foram passando e Cazu, ainda triste, com vontade de aprender, ia levando seus dias com todas as brincadeiras infantis.

Na comunidade onde morava havia várias crianças que passavam os dias sem nada para fazer, apenas vendo as outras indo para escolas particulares. Sua mãe lavava para fora e ia naquelas mansões do centro da cidade levar as roupas. Certo dia, sua mãe a convidou para ir com ela entregar os pacotes de roupas.E ela foi feliz da vida.Chegando lá, encontrou crianças bem vestidas brincando com bonecas maravilhosas e ela ficou de longe apenas olhando aquelas meninas.

Sua mãe a convida para irem embora e ela vai agora pensando naqueles brinquedos que nunca tinha visto. Sua imaginação fica a mil e ela agora fantasia sobre aquela casa e aquelas crianças.

Os meses foram passando e Cazu pensava sobre aquele dia em que viu aquelas meninas brincando com lindas bonecas de porcelana. Ela imaginava que nunca poderia ganhar aqueles brinquedos caros.

Mas, certo dia sua mãe é chamada pela dona da mansão que lhe oferece brinquedos dos filhos alegando que as crianças não querem mais e estão atrapalhando na casa. Dona Rita agradece e fica feliz em levar os brinquedos para seus filhos.E vai para sua casa levando os pacotes.Chegando lá percebe que as crianças correm em sua direção.

-Crianças, olhem o que eu trouxe para vocês.

Ela larga os pacotes e as crianças desembrulham ansiosos para verem o que há dentro deles.

-Mãe, isso é uma boneca!

-Claro , filha! Ganhei daquela senhora da mansão.

-Minha nossa ,quantos brinquedos, que legal!

Assim as crianças ficaram felizes pelo resto da semana. Os dias foram passando e a vida continuava a mesma. Cazu ,agora um pouco feliz com a boneca nova, percebia que algo não andava bem em sua casa.

Ela via seu pai andando triste, conversando baixinho com sua mãe. Eles se calavam ao perceberem que os filhos se aproximavam.

Até que um dia iria mudar toda sua vida.

Certa manhã, ouviu choros e resolveu levantar-se. Chega à sala e vê alguns vizinhos abraçando sua mãe e falando que tudo isso vai passar.

Curiosa fica por perto para saber o que está acontecendo.

Então ouve alguém falar que seu pai sofreu um acidente no centro da cidade. Parece que seu mundo caiu .

Sua mãe sai rápido para o hospital, levada pelos vizinhos e, chegando lá já é tarde: seu esposo não agüentou a cirurgia e faleceu. Ela então não sabia como faria para contar aos filhos.

Em casa Cazu estava triste e não sabia que seu pai já tinha falecido, quando chega sua mãe chorando que a abraça e fala:- Como, mãe?

-Seu pai andava doente e a gente não queria preocupar vocês, mas hoje ele foi atropelado por um carro. Agora quero ver como vamos fazer para enterrá-lo.Não temos dinheiro em casa e nossos vizinhos também são pobres e não sei a quem pedir dinheiro emprestado.

Cazu então se coloca a rezar e pede a Deus que as ajude naquele momento triste.

Sua mãe sai e vai à busca de ajuda para poderem fazer o enterro de seu pai. Procuram assistência social do município para ajudá-las.

Assim conseguem fazer a cerimônia fúnebre e despedem-se de seu pai.

Fica uma lacuna em seu mundo infantil: a falta de seu querido pai.

Os dias passam e sua mãe, agora uma mulher triste, batalhadora, tem que trabalhar dobrado para sustentar seus filhos Cazu e Paulo.

Anda cansada de tanto trabalhar e vê seus filhos cada vez mais sozinhos dentro de casa. Sabe que são crianças e pede aos vizinhos para ajudarem a cuidar deles.

Numa das casas onde ela trabalha os patrões são pessoas boas perguntam sobre seus filhos.

-Eles estão bem. Só me preocupo pois eles ficam sozinhos e tenho medo que algo venha a acontecer com eles.

A dona da casa então responde:

-Rita, por que você não os traz um dia desses?

-Posso?

_Claro, querida, nós não temos filhos e adoraríamos conhecê-los.

Então, certo dia, dona Rita veste seus filhos com a melhor roupa e se dirige para a mansão.

Chegando lá, as crianças são bem recebidas e ficam a vontade. Os donos da casa apaixonam-se pelas crianças e conversam com eles animadamente.Ficam impressionados com a desenvoltura de Cazu que fala a eles de seu sonho de estudar.

Os dois se olham e voltam a conversar com aquela menina doce.

A tarde passa rápido e eles vão embora.

O casal então volta a conversar sobre a menina e ficam falando do sonho de estudar que ela tem.

Resolvem perguntar no outro dia para Rita se eles podem adotar a menina para pagarem os estudos dela e ainda irão passar uma mesada para ajudar na criação de Paulo.

A noite chega depressa e Rita vai até a cozinha para fazer um lanche para eles. Percebe que ali não tem muita comida e chora entristecida.As crianças comem e adormecem cansadas daquele dia maravilhoso.

De manhã cedo, Rita vai para o trabalho e beija seus lindos filhos que ainda dormem.

Pega sua condução para ir para o centro da cidade e seus pensamentos voam e, então, percebe que precisa pegar mais uma residência para limpar, pois o dinheiro está pouco.

Quando chega à mansão ,ela vê os patrões esperando por ela para conversarem.

-Rita, estivemos conversando ontem à noite sobre seus filhos e você e gostaríamos de perguntar se daria sua filha para a gente criá-la. Nós daríamos uma pensão para teu filho para que você não precisasse sair de casa. Pense nisso com carinho, não queremos adotar com papel passado,apenas ajudar a Cazu em sua formação.Você vai continuar a vê-la o quanto quiser. Acredite, a gente quer apenas ajudar.Quem sabe você vem morar aqui conosco com as crianças.

Rita fica pensativa e logo responde:

-Preciso pensar, a oferta é boa.

Mas eu vou continuar cuidando da casa, porque ficar sem trabalhar não é comigo.

-Claro , se quiser.

Rita volta para o trabalho e fica pensativa sobre as ofertas e pensa o que seus filhos irão falar sobre o assunto.

A noite chega e ela volta para casa .Chegando lá, pede para falar com seus filhos.

-Crianças, preciso dizer algo que os meus patrões ofereceram para nós.

Começou a falar e as crianças ficaram pensativas imaginando como seria a vida naquela mansão.

Cazu então percebeu que a oferta seria legal , pois ,assim, estudaria naquela escola particular de sua cidade, visto que não havia escola pública naquele lugar. Seria maravilhoso!!

Cazu, hoje com sete anos diz:

-Mãe, eu acho legal, pois só assim irei para a escola e o mano e você vão morar bem. Você não precisa trabalhar demais.Vamos tentar,mãe.

Eles,então, vão arrumar suas coisas para levar para a mansão (lógico: apenas seus pertences pessoais).

Rita chama seus vizinhos e distribui a eles suas mobílias e vende sua casinha de madeira.

Pegam um carro de corrida para chegarem àquela mansão dos jardins e os donos agora amigos os recebem de braços abertos.

Daquele dia em diante suas vidas mudaram para melhor.

Cazu agora freqüenta a escola e tem novos amigos e estava feliz.

Aquela mansão já não é mais a mesma agora tem vida e as crianças trazem luz às vidas daquelas pessoas que moram lá.

Até que um dia Cazu ouve de uma colega que ela tem sangue azul. Então ela pergunta por quê?

A menina responde:

-Porque você é filha daquela família rica e eles têm sangue azul.

Assim Cazu fica deveras orgulhosa, pois daquele dia em diante dirá a todos que tem sangue azul.

Os dias foram passando e a família, cada vez mais feliz ,vivia radiante com aquelas crianças sorrindo e cantando entre as flores do jardim.

Cazu cresceu e hoje formada em Arquitetura só sabe fazer planos para criar um Projeto para a construção de uma escola pública na vila onde morava. Aconteceu, assim, a realização de um sonho de levar muitos jovens a estudar e serem alguém no futuro.

Assim viveram felizes para sempre!

Vera Salbego

VeraSalbego
Enviado por VeraSalbego em 24/01/2009
Código do texto: T1402702
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