A Confissão do Diabo - parte 04 de 05
---- Hei!
Um segundo antes a igreja estava vazia.
Agora havia um homem alto e negro, de costas para mim,
estava bem vestido, olhava para o cristo no altar.
A jovem aproveitou para sair dali correndo.
Me aproximei do estranho perguntando se podia lhe ajudar.
--- Sabe que ele está voltando? - respondeu o negro com
a pergunta sem tirar o olhar da cruz e de costas para mim.
Fiquei sem entender direito o que ele falava.
Sua voz era grossa, forte e fria. Me dava medo.
Continuou a falar coisas. Dessa vez ele vai nascer
na América do sul. Vai conviver com gangues e traficantes
até perceber quem é. Depois vai trabalhar pelo avanço
pacífico da cultura mundial. Vai acabar liderando uma
coalizão entre muçulmanos, árabes e hindus, e vai ser
beijado no rosto por um homem chamado Vernon diante de
uma equipe de televisão. Como da última vez, ninguém vai
acreditar nele. Nem as religiões e nem os governos.
O sujeito por sua vez vai pregar que o fator maior da
humanidade é o amor. E ... é claro... como da outra
vez... ele vai deixar as coisas ainda piores. A mesma
coisa. Ele deve ficar legal de cabelos compridos,
brincos e uma Fender" na mão, não acha padre?
Eu estava com calafrios. Era sarcástico. Sua voz parecia
um eco distante. De repente a igreja ficou escura e um
frio intenso dominou seu interior. E ele continuava a
fitar o cristo na cruz. Perguntei quem ele era, já
sabendo a resposta.
Ele se virou pra mim, então cai de joelhos e implorei
por Perdão a Deus, quando vi seus olhos.
---- Ora vamos padre dos santos. Levante-se!! Eu quero lhe fazer uma pergunta. Essas confissões dos adolescentes... que aconteceu com eles? eu acho que sei mas quero ouvir você dizer ou seja, fora a garota que você acabou de quebrar o nariz, o que aconteceu com os outros garotos que se confessaram com você?
Então eu lhe contei que dois ou três estavam internados. Katia Rodrigues havia fugido de casa. Pedro Paulo estava no hospital e um tal de Peterson depois de ter sido violentado sete vezes em uma noite só, se matou. quer dizer, eu pensava que ele estava morto. Mas aquele negro e seu sorriso demoníaco me falou que ele não se matara. A queda de cinco andares não conseguiu matá-lo. Disse que o garoto respirava através de máquinas e que cada dez minutos se cagava todo.
Depois que ele me contou isso eu senti o toque do maligno em meu ombro. Ele disse que queria se confessar. Disse isso com sarcasmo e praticamente me obrigou a entrar no vernáculo.
---- O diabo se confessou com você?