Vampiros vs Humanos (final)

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Algum tempo depois:

Pela primeira vez estou bem comigo mesma, posso olhar para mim e ver uma pessoa, e não um monstro. Com a Ellen aprendi que posso ser o que sou sem medo, pois não são as nossas qualidades que nos definem e sim as nossas escolhas, não é o meu eterno corpo infante ou a maneira como me alimento e sim o que penso e faço que vão dizer quem de fato sou.

Continuo a desejar o sangue, meus olhos brilha, minha boca se enche de água, meu estomago arde só de sentir o cheiro, mas sei até onde devo ir, sei quando tenho de parar e principalmente consigo fazê-lo.

Ainda faço uso das bolsas de sangue, mas não existe nada melhor que toma-lo direto da veia, quente, pulsante. Porém, escolho as minhas vítimas com cautela, me alimento daqueles que provavelmente nem se lembrarão do que lhes aconteceu na noite anterior, são jovens curtindo sua efêmera vida com os entorpecentes dominando seus cérebros, jovens que nem imagina o quanto à morte esteve tão perto.

Hoje a refeição foi farta, respiro o ar matinal satisfeita, mas preciso voltar pra casa, o dia vem veloz, olho para o relógio em meu pulso infantil, já são quase cinco horas da manhã, penso em como tenho sorte, por ter um lugar aonde ir, por não ter de me preocupar em procurar um abrigo, não sei até quando vou continuar morando com a Ellen, ela tem medo que um dia eu saia e não volte mais, o que é bem provável de acontecer, pois não é fácil ver as pessoas ao seu redor a se envelhecer, o mundo a sua volta a se modificar, mas não fico pensando no futuro. Os humanos vivem pensando no amanhã, porque seus dias de vida são tão poucos, e eles temem não vive-los de maneira proveitosa, mas de tanto temer acabam por não aproveita-lo mesmo.

Agora, quando se é um vampiro e se tem toda a eternidade pela frente, as preocupações que deveriam ser tão diferentes, na verdade não o são, a eternidade assusta tanto quanto a morte.

A morte é uma companheira inseparável, ela esta lado a lado conosco, tudo o que precisa fazer é estender seus dedos gélidos e tocar em alguém. Eu fui privada desse toque e sinceramente ainda não sei se isso é uma benção ou uma maldição.

sutini
Enviado por sutini em 22/12/2008
Reeditado em 22/12/2008
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