Após longo dia de trabalho regado à chateação; suportando às manhas, e o besterol das madames no “SALON THE OTHER FACE”, onde trabalho, estava exausta, estressada e faminta, em todos os sentidos.
Medindo 1m80cm de altura, sem saltos – na rasteirinha – tornava-me uma mulata desejável, de corpo proporcional ao meu peso. Possuidora de seios perfeitos – talhados a mão –, pernas lisas e bem torneadas, por onde eu passava era um alvoroço, os meus olhos claros e feições afiladas – herança dos meus pais: minha mãe, bela mulata, e o meu pai... um lindo alemão. Imaginem quão boa mistura... Eu, o resultado! Mas, nada tenho de narcisista.
Medindo 1m80cm de altura, sem saltos – na rasteirinha – tornava-me uma mulata desejável, de corpo proporcional ao meu peso. Possuidora de seios perfeitos – talhados a mão –, pernas lisas e bem torneadas, por onde eu passava era um alvoroço, os meus olhos claros e feições afiladas – herança dos meus pais: minha mãe, bela mulata, e o meu pai... um lindo alemão. Imaginem quão boa mistura... Eu, o resultado! Mas, nada tenho de narcisista.
Naquele final de expediente, véspera de Natal, o meu cansaço era o de um soldado após guerra sentia, uma fome felina.
Despedi-me dos colegas de trabalho ansiando chegar em casa, um trajeto longo, que comumente, eu o percorria a pé. Atravessava o enorme parque, muito arborizado, e pouco iluminado. A molecada quebrava as luminárias,conveniência para a prática de atos, não recomendáveis.
Há quatro anos, que eu percorria o mesmo caminho, sem que jamais tivesse ocorrido algum incidente. Nunca me deparei com nada suspeito... Até mesmo, porque os malandros do lugar me conheciam, e, eu procurava ser amigável para com todos; sempre que podia, distribuía alimentos e outras coisas, entre eles, dessa forma, algumas vezes se ofereciam, para me acompanhar na travessia do parque.
Naquela noite, o parque estava deserto e sombrio, como jamais estivera... Não me deixei intimidar, segui em frente. Ouvi, um silvo estridente, e uma sensação muito ruim se apoderou de mim – Um medo repentino... Apressei os meus passos, enquanto olhava para os lados, e para trás,caminhando rapidamente. Sentia a presença de alguém à espreita.
O meu perseguidor caminhava, por entre os arbustos, arrematados por uma cerca viva, compacta e alta, que o impedia de chegar onde eu estava. Não poderia vir dos lados... Olhei para à frente, e vi que havia uma passagem, que ligava a passarela, onde me encontrava, ao local onde estava o meu perseguidor. Pasmei!
Eu não poderia contar com a ajuda dos moleques do parque, inexplicavelmente, sumidos. Em verdade, não sabemos como reagiremos, em certos momentos da nossa vida; somos uma incógnita!
A nossa reação diante do inesperado pode ser espantosa, surreal.
Aconteceu o que pensei: no lugar onde terminava a cerca viva, naquela passagem, bem a minha frente estava ele... O meu destemido perseguidor: alto, musculoso, felino. Olhando-me nos olhos,com a respiração ofegante...Disse-me: – Sigo-te de longe a vários dias... Hoje, dei folga ao parque.
Agarrou-me, e pude sentir quão dura era a sua espada.
Esqueci o cansaço, parti para cima do homem esqueci a minha face feminina, e tornei-me guerreiro! Pus para fora a espada, que eu trazia embainhada... Fiz com que ele sentisse a dureza da minha outra face.
Que espanto!... O sujeito, não sabia o que fazer. Eu, estressada, faminta, e assombrada... Naquele momento, tornei-me espada!
Quem queria adentrar-me... O foi!
Fiz o meu perseguidor conhecer, a minha outra face.
Conto e tela:Felina,by EstherRogessi
Recife,29/06/09.
O trabalho Felina de EstherRogessi está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
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