As carnes de Nova Petrópolis

Camila estava entediada em casa, afinal era verão e ela não tinha o que fazer. Seus pais trabalhariam o verão inteiro e ela não poderia viajar. Com seus 16 anos tudo que Camila não queria era ficar em casa.

Entrou no bate-papo, procurou pessoas interessantes e achou um tal de Mário.

- Olá. Eu sou Mário. Tenho 18 anos e moro em Nova Petrópolis. E você? Onde se esconde?

- Prazer, Camila. Moro em Santa Catarina e tenho 16 anos.

- Tem namorado?

- Não. Estou à procura.

Conversa vai, conversa vem e Mário convida Camila para ir conhecer sua cidade. Camila nega de primeira, mas após alguns xavecos de Mário ela acaba cedendo. Mas a menina precisava arranjar uma desculpa para dar aos seus pais. Então ligou para Marisa, sua melhor amiga. Marisa também estava destinada a passar o verão dentro de casa, então as duas bolaram um plano. Camila falou aos pais que ia passar uma semana na casa de Marisa e Marisa falou aos seus pais que ia passar uma semana na casa de Camila.

Camila combinou com Mário de pegá-la na rodoviária e avisou que levaria uma amiga, trocaram telefone e a menina mal podia esperar pelo momento de encontrar Mário. Enquanto estavam dentro do ônibus Mário ligou avisando que seu pai iria pegá-las na rodoviária. As meninas disseram a Mário com que roupa estariam. Ao chegarem à Nova Petrópolis as meninas esperaram pelo pai de Mário que logo chegou.

- Boa tarde. Você deve ser Camila e você Marisa. Certo? Eu sou Evandro, pai de Mário.

- Certo - responderam.

- Vamos. Estou com meu carro estacionado bem ali e levarei vocês até Mário.

- Por que ele não pode vir? - perguntou Camila.

- Mário quebrou a perna e teve que ir ao médico.

Eles entraram no carro e no caminho para casa nem uma palavra foi pronunciada. Camila e Marisa apenas se entreolhavam. Se Mário havia quebrado a perna, por que ele não contara quando ligou? As meninas estavam com um tanto de medo, mas agora não havia volta.

Ao chegar à casa de Mário, Evandro as mandou sentar e disse que ligaria para Mário pra ver se já podia buscá-lo no médico. Enquanto Evandro foi para a cozinha fazer a ligação apareceu outro homem na sala que parecia ter uns trinta anos.

- Oi. Sou Márcio, irmão de Mário.

- Oi. - responderam as meninas.

- Estão com fome? Podemos ir até um restaurante ou em uma café colonial. Já foram em um café colonial?

- Não. - responderam.

Marisa se interessou por Márcio e tiveram uma conversa longa enquanto Camila esperava por Mário. Evandro veio da cozinha uns 10 minutos depois e disse para Camila que Mário estava em uma fila enorme e iria demorar no mínimo umas 3 horas para voltar. Márcio deu a idéia de os quatro irem comer. Camila disse que preferia ficar em casa esperando Mário. Marisa preferiu sair com Márcio enquanto Evandro fazia companhia para Camila em casa.

Após Márcio e Marisa saírem Evandro foi tomar banho. Camila resolveu dar uma volta pela casa. Olhou a cozinha e como Evandro era açougueiro havia muita carne espalhada pela cozinha. Subiu as escadas e olhou os quartos. Camila percebeu que só havia dois quartos, cada um com uma cama apenas. Mas eram três naquela casa, onde estaria o outro quarto? Se houvesse outro.

Camila começou a andar por toda casa e encontrou mais uma escada. Esta escada descia para uma porta, mas estava trancada. Camila parou em frente à porta tentando abri-la, sem sucesso. Após algumas tentativas a menina começou a ouvir barulhos que vinham detrás daquela porta. Barulhos, gemidos como se alguém estivesse com a boca amarrada. Camila começou a perguntar se havia alguém ali, mas só ouvia barulhos estranhos. De repente Camila se virou e deu de cara com Evandro.

- O que faz ai menina?

- Nada. Eu só estava conhecendo a casa. Mora mais alguém aqui além de vocês três? É que ouvi uns barulhos vindo daqui.

- Três? E quem disse que moram três aqui?! Somos apenas dois.

- Mas como...

- Cale a boca! Você e sua amiguinha deveriam saber que na internet ninguém fala a verdade. Muito prazer, eu sou Mário.

- Mas você disse que tinha 18 anos e que...

- E você acreditou?! Menina boba e desobediente. Não deveria ter visto esta porta. Agora vou ter que calar sua boca mais cedo.

Evandro abriu a porta e a jogou para dentro. Ao entrar Camila percebeu que havia várias meninas ali amarradas. Camila começou a chorar e pediu, por favor, para ele deixá-la ir e ela não contaria nada a ninguém. Mas não adiantou. Evandro pegou uma faca atrás da porta e começou a cortar a roupa de Camila enquanto a menina chorava muito. Camila não sabia o que iria acontecer, mas sabia que nunca mais veria seus pais novamente.

Enquanto isso Márcio e Marisa se conheciam melhor. Já estava tarde e Marisa queria voltar para casa. Márcio a convenceu de dar uma volta no labirinto da cidade e Marisa entrou no labirinto com medo, pois já estava escuro.

- Márcio, você não acha que está tarde e nós podemos nos perder aqui?

- Não seja boba. Conheço este labirinto como a palma da minha mão.

Após algum tempo Marisa percebeu que Márcio havia sumido e começou a se preocupar. De repente ela viu algumas sombras entre o labirinto e se direcionou até elas.

- Márcio é você? Espera é você também Evandro? A Camila está ai? E o M...

Na manhã seguinte encontraram o corpo de Marisa no meio do Labirinto. A menina estava esquartejada. Todo seu corpo em pedaços. Seus olhos abertos e apavorados.

Logo a família de Marisa foi encontrada. Seus pais estavam inconsoláveis. Camila foi procurada por toda a cidade, ninguém a encontrava. Seus pais chegaram a se mudar para Nova Petrópolis para melhor procurá-la.

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A porta se abriu:

- Sabe quem está na vizinhança Camilinha? hahahahha... Seus pais. E sabe que eu gostei de sua mãe. Ela é bem mais simpática que você. Mas antes de conversar com sua mãe acho que vou deixar seu pai mais magrinho com meu serrote.

- Deixa meus pais em paz. Já chega o que você fez comigo. Vou morrer logo mesmo. Então os deixe.

Camila estava toda cortada. Evandro já havia cortado um de seus seios e demais partes do corpo. Com certeza Camila morreria logo por perder tanto sangue. Ela só imaginava o que ele fazia com essas partes do corpo dela e demais garotas que estavam ali, mas já não viviam mais. E adivinhem...

- Não se preocupa. Quando você morrer pode deixar que levarei um pedaço seu para seus pais.

Camila não entendeu. Mas também não fazia mais diferença.

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- Bom dia visinhos. Fiquei sabendo o que aconteceu com a filha de vocês e vim aqui trazer um pedaço de meu churrasco para alegrá-los. Este é meu filho Márcio. Ele conhece todo e qualquer canto da cidade e gostaria de mostrar um mapa para o senhor. O mapa está em nossa casa, se quiser acompanhá-lo. Assim ficará mais fácil procurar a menina.

- Claro que vou - disse o pai de Camila. - muito obrigado.

Márcio piscando para Evandro acompanhou o senhor até sua casa. Enquanto isso Evandro pediu para a mãe de Camila para entrar e colocar a carne em algum lugar. Após entrar na casa Evandro mostrou a carne para a senhora e perguntou se ela conhecia. A senhora achou estranho e respondeu que não.

- Tem certeza que não? Olhe mais de perto. Não reconhece esta pinta?

A mulher deu um grito. Era a pinta que sua filha tinha na perna. Foi o último grito que a mãe de Camila deu na vida. Após algum tempo todos diziam que a família havia desistido de procurar por Camila e fora embora. Pois ninguém jamais os viu novamente.

A única que ainda é vista é Marisa. Seu espírito aparece no centro do labirinto todas as noites. E se chegar bem perto da para ouvir seus gritos de pavor gritando por Camila.

Debora Souza
Enviado por Debora Souza em 29/09/2008
Reeditado em 29/09/2008
Código do texto: T1202649
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