LOUCA PAIXAO, A MORTE DA VIDA
Sao quase zero horas da noite, meus olhos estao inchados de tan-
to chorar.
Com as maos tremulas seguro o telefone como se assim fosse pos-
sivel me manter viva por mais alguns segundos.
Disco seu numero e apos uma infinita espera voce me atende, a
principio doce como nos velhos tempos.
Mas depois se revela cruel e insensivel, me diz que estava ocupado
em dormir se nao fosse por eu ter o acordado.
Da um pronfundo suspiro e me diz adeus, mais um de tantos que ja
ouvi.
Nao desisto, ligo novamente e voce furioso me diz coisas que esti-
lhaçam minha alma.
Um pranto sentido rompe minhas palavras, tento em vao mante-lo
comigo antes que eu perca o controle.
Voce me expulsa de tua vida, feito cao abandonado imploro, peço
mas voce nao para com suas palavras acidas.
O vento la fora canta como se sentisse minha dor, confesso que
estou perdendo o juizo, que sem voce aqui comigo nao faz sentido
existir.
Voce gargalha, mais uma vez bate o telefone na minha cara.
Insandecida pego as chaves do meu carro e vou ao seu encontro.
Tenho as chaves de sua casa, nao demoro a entrar e o encontro
sentado na velha poltrona de couro.
Seus olhos faiscam de raiva ao me ver, palavras sao ditas e me sin
-to abandonada e enganada.
Voce se diverte com meu sofrimento e nao me poupa de seu sarcas
-mo.
A dor e a rejeiçao me cega, invisto contra voce toda este sentimen
-to e tento machuca-lo com meus punhos fechados.
Voce me domina, me chocalhando como se assim colocasse um pou
-co de juizo nesta minha cabeça desvairada me leva ate a rua.
Abre a porta do carro e me coloca sentada no banco do passageiro
e assume a direçao.
Choro, um choro desesperado, sentido e confuso, sussurro que pre-
ciso de voce.
Neste momento voce me olha compadecido, percebe que suas men-
tiras de fato soaram verdades para mim.
Mas estou zangada comigo mesma, nada mais faz sentido e num
impeto de loucura tento tirar o carro da estrada.
Habilmente voce me controla e por pouco uma tragedia nao ceifa
nossas vidas.
Voce chega em casa e me tira do carro, sou apenas farrapo e desa
-bo em seus braços toda a minha angustia num pranto incontrola-
vel.
Voce me ampara em seus braços e me leva para dentro, me coloca
na cama.
Olhando em meus olhos diz que ira preparar um cha, instantes de-
pois volta com a xicara e bebo num so gole.
Minha voz fica desconexa, as palavras nao saem, me sinto zonza e
acabo adormecendo.
Acordo, a casa esta silenciosa, o chamo silencio total, me levanto
cambaleando.
O encontro dormindo na sala, me aproximou e beijou de leve seus
labios.
Voce se ageita mas nao me percebe, caminho ate a cozinha, olho
no relogio sao quatorze horas e trinta minutos.
Nao faz mais sentido viver entre esta linha ternue da sanidade, nao
posso viver a implorar o amor que voce e incapaz de me dar.
Abro a gaveta da pia, a ultima aonde guardo as facas.
Me sento no chao, a vida me passa entre os olhos tao sem sentido
para que eu me sinta corajosa.
Olho a lamina reluzente e dou um profundo suspiro, provavelmente
quando voce acordar ja nao estarei mais aqui.
Revolta e angustia assumem as redeas, passo a lamina no meu pul-
so esquerdo, gemo baixinho diante da dor lasciva.
Mas meu proposito me move e mirando contra meu pulso direito o
corto.
O sangue jorra, choro desesperada, a dor e por demais e caio no
piso branco, perco os sentidos.
Nao sei ao certo quanto tempo se passou, mas acordo num lipido
e claro hospital.
A morte e por demais bela, respiro aliviada......
Mas a porta se abre e o vejo ao lado de alguns medicos, ate para
ceifar minha vida sou incapaz.
Gargalho, tentando em vao esconder toda a tristeza existente na
minha alma.
Sou informada que neste hospital cuidaram das feridas da minha
mente.
Nada falo, estou muito cansada, mas reflito quem cuidara das
feridas da minha alma...............
Adormeço e nada mais vejo, alem do vazio que me transformei por
esta louca paixao.