A SAGA DE ABEL – a 1ª batalha
A luz que passa pela janela entreaberta reluz nos olhos determinados desse homem. Levanta-se vai ao banheiro, liga o chuveiro e entra embaixo dessa água quente, que relaxa, e faz correr o sangue mais suavemente. O sinal apareceu... surgiu como flash na frente de Abel que cambaleia... ele sabe muito bem o que tem que fazer. Vai seguir um caminho, uma direção, não poderá desistir nem contornar, a execução da tarefa é necessária, o trabalho árduo, e cabe a ele fazê-lo. Veste silenciosamente suas roupas, come seu hambúrguer de carneiro e sai, desliza graciosamente pelas ruas, as pessoas cruzam para cá e para lá a todo instante, mas ele prossegue, sobretudo estiloso de couro preto, óculos espelhados e cara de poucos amigos.
– Oi bom dia! Ronrona uma gata que passa por ele com umas amigas. – O gato comeu a tua língua? (Mas ele nem dá atenção, na verdade não dá à mínima, não que não goste de mulher, pelo contrário, mas trabalho é trabalho e foco é tudo nessas horas. Precisa dirigir-se ao local de encontro... como ele sabe que chegou lá? Porque escuta a música. Aquela Ave Maria que toca no rádio rigorosamente ás 18:00. Cada vez o local do encontro muda e dessa forma ele é o único que pode encontrá-lo. Mesmo assim o mundo é grande não é, então como chegar num lugar onde vai se escutar a Ave Maria, se pode acontecer em qualquer parte do mundo? Não se esqueça dos flashs, eles dão uma panorâmica, um computador com acesso a internet, pois é na internet tem de tudo mesmo). Aaaaaaaaaaveeeeeeeee Mariiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiaaaaaaa... (é aqui no fórum da cidade, a segurança é precária, mesmo que não fosse, não seria problema, não pra ele... sua velocidade é demais para qualquer mortal normal, compatível com um DEUS).
– Caim!?
– Abel? (Debruçado sobre mais uma vítima de sua cólera). Abel eu não tive a intenção, ele me provocou!
– Claro que sim, como os outros 68 antes dele. Desembainha sua espada, esta tem o dom de conduzir a batalha para uma outra dimensão... assim as pessoas são resguardadas e o mal pode enfim perecer).
– Você acha que eu vou assim? Desse preço? Sem lutar?
– Nunca esperaria isso, nem mesmo de covardes como vocês, que utilizam o dom para fins desta natureza.
– Livre arbítrio esqueceu? Foi ele mesmo quem nos concedeu... (pula em cima de Abel e ataca com garras capazes de partir aço como faca quente corta manteiga) – Parece que o passado se repetirá Gênesis 4:8, há, há, há...
– Não desta vez, porque eu... não sou mais o mesmo (e com um só golpe partiu Caim ao meio, que transformou-se em folhas voltando ao pomar do édem. Embainha a espada e volta para casa, a missão está cumprida e tudo volta ao normal... até que outro Caim apareça, mas se aparecer ele estará lá com sua espada flamejante para cumprir seu destino).