QUANDO NADA E POR ACASO,
Ele atravessou o parque na escuridao da noite se misturando com
as sombras.
Parou num local deserto e tirou o pequeno embrulho do bolso o
deixando entre o arbusto.
Ainda de cabeça baixa deu alguns passos para traz e saiu em dis-
parada.
Quando alcançou a avenida se misturou entre as pessoas que pas-
savam apressadas.
Trajava um jeans surrado e um sueter colorido, seus passos eram
acelerados.
Parecia nao se importar nos esbarroes que dava em alguns tran-
seuntes.
O suor lhe escorria pela face, tomado por uma força surreal ele
chegou ao velho conjunto habitacional.
Subiu os degraus em direçao ao seu apartamento, apos alguns
lances de escada parou em frente um apartamento.
Tirou um lenço do bolso limpando a face e tocou a campainha, o
som ecou.
Insistiu ate ser intorrompido por uma moradora vizinha que revelou
a ele que ha muito tempo aquele apartamento estava vazio.
A olhou nos olhos como se nao compreendesse o sentido daquelas
palavras.
Se afastou sem nada dizer e desceu as escadas, o som de sua
bota em atrito com o metal gasto das escadas produziam um som
horripilante.
Chegou a rua, mais trantornado que nunca caminhou em zigue e
zague entre os carros.
Entorpecido por seus pensamentos nao percebeu a carreta em
alta velocidade que atingiu seu corpo.
A noite fria e o som seco da batida, buzinas, farois, alguns des-
conhecidos que se aglumeravam diante de seu corpo.
Mas ele se levantou, fala desconexa, mas ninguem o ouvia.
Olhou aquele pobre homem ferido sem perceber que se tratava de-
le.
Nada sentiu, seus sentimentos pareciam haver congelado, se afas-
tou permbulando pela cidade.
Encontrou alguns individuos que farreavam, outros que o ameaça-
vam e fugiu.
Voltou a todos lugares que faziam parte de sua historia e se resin-
tiu por nao se lembrarem dele.
Tentou encontrar aconchego, mas sempre havia alguem que zom-
bava de sua sorte ou o amaldiçoava.
Confuso e se sentindo miseravel voltou para a praça aonde havia
deixado sua carta de despedida.
Estava sujo, machucado e desesperado nao compreendia por que
as pessoas nao o ouviam, se havia algumas que riam dele.
Se sentou num banco e nem percebeu que um velho senhor se
aproximou.
Mas quando este senhor chegou mais perto sua ternura parecia
acalmar suas angustias.
Quis fugir mas se sentiu impotente diante de tal ato, ficou parado
olhos esbugalhados confuso com a luz daquele homem que lhe ins-
pirava confiança.
Neste momento compreendeu que havia feito a passagem mesmo
que fosse confuso compreender naquele momento a morte.
Pigarreou como se assim as palavras surgisse fazendo sentido, em
vao.
Pela primeira vez como se o tempo fosse algo permitido somente
aos homens percebeu que nada mais era do que uma alma perdi-
da.
Se lembrou de sua maezinha, de seus ensinamentos e parecia ouvi
-la almas boas boas vao para o paraiso, as mas perambulando ate
a compreensao que o amor tudo pode.
Chorou, um pranto doido, sofrido e o velhinho o envolveu num ter-
nue abraço.
O medo parecia nao traga-lo mais e se entregou no calor daqueles
braços desaguando a dor e angustia.
Uma luz ofiscante e calorosa tranquilizou o e sem saber o porque
adormeceu.
Acordou num singelo quarto, nao estava mais sujo, esfregou os
olhos como se buscasse a compreensao.
Neste instante uma jovenzinha de traços orientais entrou no quarto
ele se indireitou na cama e a olhou desconfiado.
Seu sorriso era a expressao da bondade e ele nao conteve as la-
grimas.
Ela o abraçou sussurrando em seus ouvidos esta tudo bem, voce
esta de volta ao lar.
A jovenzinha prosseguiu dizendo a ele graças as oraçoes de alguns
irmaos que estao cumprindo sua missao na terra voce hoje pode
estar amparado.
Ele esboçou um sorriso e em prece agradeceu a misericordia divina.
Certo tempo depois um casal de namorados que caminhavam por
aquela praça encontraram o embrulho.
Varias fotos, cartas, e um bilhete de despedida como nao havia re-
metente eles levaram para casa.
A moça curiosa mostrou a sua avo, uma senhora espirita que fre-
quentava um grupo de oraçoes.
Foi atraves deste grupo de oraçoes que soubemos deste rapaz que
quando sua amada foi embora da cidade se desesperou e pensan-
do por fim a sua vida escreveu aquela carta.
Mas antes queria encontra-la para que ela se sentisse culpada de
seus desatinos, mas a vida mudara o curso de seus propositos.
Diante do desencontro e do desespero ele acabou sendo colhido
por um caminhao.
Ela vivendo em outra cidade jamais soube de seu paradeiro e pen-
sando que ele havia refeito sua vida sempre pedia por sua felicida-
de em oraçoes.
Tais oraçoes recebidas no plano espiritual e que possibitou seu res-
gate.
Nesta vida aonde nada e por acaso sempre temos o amparo de
Deus e seus anjos.
CAMOMILLA HASSAN