Memórias de um outro alguém – Sara – Segunda Parte.

Moro em um bairro tradicional, onde é muitíssimo comum as casas serem antigas, é um bairro normal, sem violência, calmo, onde há árvores, as crianças brincam na rua sem perigo.

Há muitos mistérios e lendas envolvendo onde eu moro, mas não é o tipo de assunto que os moradores locais gostam de falar, preferem o rótulo de bairro perfeito. Após aquele sonhos coloquei na minha cabeça que descobriria o que aconteceu.

Resolvi começar tentando encontrar que lugar era aquele, não me parecia estranho, mas não conseguia lembrar. Peguei minha bicicleta, minha mochila munida de caderno para anotações, lápis, uma lanterna, a gente nunca sabe quando vai precisar de uma e um gravador, caso na hora não de para eu escrever. Comecei dando umas voltas pelo bairro, andei por todo ele. Foi quando me deparei com a velha mansão, cresci ouvindo que ela era assombrada, eu e meus amigos morríamos de medo, embora nunca tenhamos presenciado nada fora do comum, nunca nos arriscamos entrar, para os adultos era apenas uma casa abandonada há anos.

Aquele lugar estava me despertando uma curiosidade imensa. Encostei a bicicleta no portão, olhei ao redor – ninguém olhando – pulei o pequeno portão. Estava dentro. Calmamente fui entrando, parei em frente a porta, estranhei, ela estava aberta!

Fiz o óbvio entrei, estava um pouco escuro, mas dava para enxergar, estava tudo empoeirado e os móveis cobertos com lençóis brancos, andando tranqüilamente, aquele lugar me dava arrepios, mas não estava com medo, sempre observava aquele lugar, mas estar ali dentro era algo diferente.

Fui entrando nos cômodos, quando me vi em um corredor, estava mais escuro do que na sala então acendi a lanterna, iluminei cada canto, não foi nenhuma grande surpresa pra mim. Era o corredor do meu sonho. Eu tinha certeza! Mas como aquele corredor que eu nunca havia estado antes apareceu em meu sonho? Essa resposta eu ainda não tinha.

Tratei logo de tentar achar o quarto para onde aquele homem a levou. De repente fui ficando um pouco insegura. O ambiente estava mais frio. Eu senti uma pontada de medo. Enfim achei a porta do quarto, coloquei a mão na maçaneta, antes que eu pudesse abrir, fez-se um barulho, meu coração foi a mil, gelei, de branca devo ter ficado transparente, eu queria sair daquele lugar. Naquela escuridão avistei algo, não sabia se ali tinha alguma coisa mesmo, ou se era apenas fruto na minha mente assustada.

Corri para fora dali. Pulei o portão, dessa vez sem me preocupar se algum vizinho tenha me visto. Peguei minha bicicleta e pedalei o mais rápido que pude. Fui para casa, corri para o meu quarto e comecei a anotar em meu caderno tudo que se passara naquela casa.

Queria ter certeza que cada detalhe seria anotado, porque cada pequena coisa pode ser útil. Comecei a pensar o que faria em seguida. Por onde continuar? Então decidi, na manhã seguinte iria até a Biblioteca Municipal pesquisar tudo que fosse possível sobre aquela casa, quando foi construída, por quem, quais foram seus moradores. Tudo que eu pudesse.

Assim fui dormir. Sem pesadelos, sem sonhos estranho, até tive uma noite tranquila, eu nem imaginava o que me aguardava, revelações surpreendentes estariam por vir.

Sara.

Parte do e-book "Memórias de um Outro Alguém" - Collide Hecate.

Collide
Enviado por Collide em 14/08/2008
Reeditado em 18/02/2013
Código do texto: T1127289
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