Quem matou Valquíria?

Anoitecia mais uma vez na vida tácita de Valquíria, como de costume, ela se preparava para ir à aula na faculdade de física que cursava já há um ano, esperava como sempre o ônibus perto de sua casa, num trôpego caminhar sem sentido, numa vida já perdida há muito num pesadelo de delírios e sonhos intermináveis, horrendos. Ao chegar ao seu destino, encontra-se com seu melhor amigo Carlos, no pórtico de entrada, marcam de se ver depois na hora do intervalo, pois ele tem um presente para lhe dar, ela diz que está com pressa, porque é dia de prova e que depois conversariam.

Valquíria adentrou a sala com um olhar petrificado e soturno, sentou-se e começou a fazer a dita prova de cálculo, ela como sempre foi a mais rápida a entregar a prova, saiu da sala e foi ao encontro do seu amigo Carlos, o qual ainda não tinha chegado. Ela com sua paciência budista o esperou por quase uma hora, ele chegou e a presenteou com um livro, ela agradeceu e abriu o embrulho, verificou se tratar de um livro de ficção científica de Issac Asimov, um grande escritor deste gênero. Os dois se dirigiram até a cantina para fazer um lanche e conversar, Valquíria estava ansiosa para fazer um pedido a seu melhor amigo, ela quer que este a ajude a se suicidar. No início Carlos relutou, mas depois aceitou com uma ressalva ela não saberia do plano até este estar pronto, ele aceitou e ela pediu pressa, pois não agüentava mais sofrer tanto.

Carlos pensou em algo diabólico para satisfazer Valquíria, este quer montar um verdadeiro teatro de horrores num cemitério abandonado na cidade vizinha, já havia passado quase um mês, sem que ambos fossem vistos juntos, Carlos enviou uma mensagem para ela, avisando que a hora se aproximava, e seu sonho abominável iria terminar. Ela não se conteve de alegria e não via a hora de tudo se concretizar. À noite, os dois se encontrariam num local ermo da cidade, e de lá partiriam até o local marcado para que o sinistro seja executado.

Ao chegarem ao cemitério Carlos fez um brinde para a morte, tentando assim agradar este ícone dos perdidos e obscuros seres que vagam por aí, sem rumo, sem vida e razão para continuar neste infortúnio.

Adentram no cemitério e se dirigem a um local já escolhido por Carlos, para que assim possam começar com o plano sinistro. Ele incentiva Valquíria a beber até se sentir em condições de começar, enquanto isso Carlos, prepara o plano de morte a que se propunham. Quando ela avisa que está pronta, ele a leva até uma lápide de granito, que já está com alguns objetos ali colocados para serem utilizados no ritual.

Carlos preparou três armas para serem manipuladas por ela, só uma está carregada, as outras estão vazias. Valquíria tem que escolher entre elas qual será utilizada no suicídio. Ela escolhe uma e coloca o cano na boca, dispara. Só que esta arma não tem balas, então ela pega a seguinte e repete o ritual só que agora a arma dispara e abre um buraco no crânio de Valquíria, e ela cai em cima da lápide de pedra, de barriga para cima e com uma expressão de alegria. Carlos recolhe os objetos e se retira do local. No outro dia, a família de Valquíria começa a procura-la, até encontrar o bilhete e se dirigirem ao cemitério, lá encontram a jovem morta sobre aquele túmulo.

DR SLIM

Dr Slim
Enviado por Dr Slim em 07/08/2008
Código do texto: T1117810
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