A vigarista II parte

Revolvemos mudar meu visual, mulher fatal não seria mais minha personagem. Coloquei uma maquiagem que marcava o azul dos meus olhos, muita bijuteria, uma calça folgada, e blusa que singelamente valorizava meus seios. Desci do quarto para minha terceira tentativa. Michel avistou Pablo na praia e me avisou. Peguei uma garrafa de vinho e duas taças, comecei a caminhar em sua busca. Chegando até ele, perguntei se ele gostaria de dividir o vinho comigo. Ele em seguida perguntou se meu pé estava melhor. Balançando a cabeça que sim, inclinei a taça entregando em sua mão. Começamos a beber e me apresentei como Danielle. Com uma fala seca, pouco ousava dirigir-me alguma palavra. Devido a minha grande habilidade, adquirida ao longo dos anos, cheguei ao assunto que ele mais adorava: futebol.

Surpreso com meu conhecimento, ficou fascinado pelo meu interesse pelo esporte. Deve ser porque ele não sabia o quanto eu havia penado para aprender aquele complicado trambolho. Depois que percebi seu interesse por mim, levantei e desejei boa noite. E caminhei lentamente até a entrada principal do hotel. Ouvi passos apressados atrás de mim, continuei sem olhar para trás, então de seus lábios ouvi chamar pelo meu novo nome, Danielle. Parei e virei para trás, ele perguntou quando eu partiria e eu disse que achava que em breve. Novamente desejei boa noite e subi para o quarto.

Na manhã seguinte ele me convidou para irmos passear de barco pelo litoral. Aceitei o convite e saímos. Em determinado ponto, com o sol quente, resolvemos experimentar um pouco a água. Brincamos na água feito crianças. Na volta para o hotel, falamos dos lugares que conhecemos. Ele viajava a lazer e eu a trabalho. Já havia enganado tanta gente por esse mundão a fora que já havia perdido as contas. Na chegada com um tímido beijo na boca nos despedimos.

À noite jantamos juntos e ele a cada minuto se identificava mais comigo. Parecia que ele queria me dizer algo, mas, não conseguia e mesmo com essa impressão eu continuava dando seguimento ao plano. Divertimos-nos muito a noite e depois me recolhi. É que a serviço eu não passava do beijo.

Na manhã seguinte acordei cedo e comecei a contemplar o azul do mar. Na escuta, Michel me alertava que Pablo estava vindo ao meu encontro. Comecei a chorar, isso também fazia parte do plano, e ele percebendo minhas lágrimas, preocupado perguntou-me o que havia acontecido. E agora em prantos eu dizia que outra hora contaria a ele. Pedi que ele me deixasse sozinha e acatando meu pedido ele se retirou. Depois dessa cena, passei o dia no quarto. À noite, coloquei um vestido verde e desci para o salão. Sentei-me à mesa e não demorou muito para que ele sentasse ao meu lado. Sem tocar no que aconteceu pela manhã ficou calado me olhando discretamente. Foi quando Michel veio em minha direção e falou baixo no meu ouvido algo que nem mesmo eu entendi. Mas, seguindo o combinado entreguei a ele o anel de brilhantes que eu trazia no dedo. E ele retirando-se me chamou de Cibelle. Vendo tudo, surpreso, Pablo perguntou por que ele me chamou de Cibelle. E com a cara mais cínica do mundo respondi que era porque eu de fato me chamava Cibelle. E continuei minha dramatização, informando que eu havia vindo ao Brasil, fugida de meu país, por conta de uma grande dívida que meu pai havia contraído. E nosso maior credor queria casar-se comigo em troca do perdão da dívida de meu pai. Pausadamente, eu continuava todo meu falso drama. Acrescentei que já havia me decidido sobre o que fazer, voltaria para casa e casaria com aquele imundo em troca do perdão da dívida. E referindo-me a Michel, disse que ele era um empregado de meu pai, de grande confiança que estava ajudando a esconder meu paradeiro e aquela era a última jóia que eu dispunha no momento para patrocinar minha fuga. E segurando o dedo que portava a jóia, comecei a chorar, mencionando que aquele anel, fora um presente dado por minha mãe a mim no seu leito de morte. Soluçando abracei Pablo que nitidamente comovido com minha história, pediu que eu recuperasse o anel, pois ele pagaria o preço e me devolvia em forma de presente. No dia seguinte, naquela mesma hora, eu já teria depositada em minha conta a suposta quantia devida pelo meu suposto pai.

Depois de duas semanas com Pablo no hotel. Recebi a notícia que eu seria sua convidada em sua casa. Michel não disperdiçou a oportunidade de faturar mais e mandou que eu aceitasse. Toda a minha estadia no hotel foi paga por Pablo. Eu continuava com a impressão de que ele queria me dizer algo. Numa noite, já muito bem acomodada na casa dele, cheguei a cozinha e o vi caído no chão. Rapidamente chamei uma ambulância e fomos para o hospital. Chegando ao hospital recebi uma notícia que mudaria minha vida.

Continua...

Debra
Enviado por Debra em 17/07/2008
Reeditado em 17/07/2008
Código do texto: T1085128