Os amores da minha vida - III capítulo

Concentrada nas lembranças do passado, sinto um toque em meus cabelos. É Estevam que pela primeira vez, depois da notícia da recuperação de Fábio, prepara-se para dirigir sua voz a mim. Ele diz, ainda com a mão em meus cabelos, que demoraremos a chegar e sugere que paremos o carro no posto de gasolina para reabastecer. Ao descer do carro, fico parada paralela a estrada que me leva a minha terra. Sinto-me como se estivesse sendo levada a um local desconhecido. Onde estou nitidamente inclinada a romper totalmente os caminhos do meu destino. E novamente uma pergunta surge em minha cabeça. Será que esses são os sintomas da ressurreição de um amor interrompido pela fatalidade do destino? E antes mesmo de pensar em possíveis respostas, escuto a buzina do carro a me chamar, e continuo rumo ao desconhecido.

A estrada vazia remete-me ao passado. Recordo automaticamente do ponto que parei, quando fui interrompida por Estevam. Naquele dia, que fui à casa de Fábio, não consegui dormir. Passei a noite pensando na mudança brusca pela qual ele passou e não encontrei motivos para o comportamento que agora ele apresentava. No dia seguinte, logo cedo, o telefone tocou, era Estevam perguntando se eu estava bem. Então, pedi a ele que não abandonasse Fábio, pois eu tinha certeza que ele o tiraria dessa vida miserável. Nessa ocasião, peço que Estevam aguarde um minuto, pois alguém chega a minha casa. Devagar caminho em direção a porta para ver quem é, para minha surpresa, sentado no jardim da minha casa, Fábio me aguarda. Volto ao telefone e digo a Estevam qual a visita que me aguarda no jardim. Ele preocupado, pede que eu tenha cuidado e desligo em seguida. Ainda de pé, recebo de suas mãos uma rosa tirada do meu próprio jardim e calada somente com um olhar expresso todo meu sofrimento. Meu silêncio é quebrado por uma única palavra em forma de pergunta: por quê. E minha pergunta é respondida com um beijo que demonstra todo o sentimento que ainda existia entre nós dois. Mesmo assim, insisti na pergunta e ele sóbrio me falou que descobrira que era fruto da infidelidade de sua mãe. Tal revelação teria sido feita por Edgar, o homem que a vida toda ele achou ser seu pai, no seu leito de morte. Mesmo Edgar tendo morrido a vários anos, Fábio tentou durante muito tempo encarar a realidade. Contudo, por sua pouca idade, acabou por encontrar refúgio para suas dores na bebida. Então eu o abracei fortemente, por um minuto eu tive o meu Fábio de volta. Com lágrimas nos olhos ele falou que precisava resolver um problema e que mais tarde voltaria para conversarmos com mais calma. Jurei manter segredo. Eu não sabia que essa seria a última vez que o veria consciente.

Continua no próximo capítulo

Debra
Enviado por Debra em 14/07/2008
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