Os amores da minha vida - I capítulo

Constantemente ouço as pessoas falarem que só amamos uma vez. Mas, até encontrar a minha alma gêmea, tive várias paixões, cada uma com sua particularidade, que de um jeito ou de outro acabaram marcando minha vida.

Começo meu relato depois de uma noite de insônia em que sentei na janela do quarto. Comtemplando a visão pacata da cidade, volto meu olhar para dentro do quarto e vejo repousando o amor que a vida toda procurei. E pergunto a mim em silêncio, será que finalmente eu o encontrei? Ou é só mais uma paixão que por hora se disfarça de amor? Perdi as contas de quantas vezes eu jurei que seria para sempre, assim como perdi as contas de quantas eu recomecei. Já havia desanimado muitas vezes e até já havia jurado que ficaria sozinha. Mas, o tempo sempre passava e renovava minha esperança.

Imaginei nesse momento o quanto é incrível, no meio de tantas pessoas, eu ter eleito uma sob juramento de ser para sempre. Posso até me sentir atraída por alguém, afinal uma atração pode ser inevitável. Mas, um se destaca, por uma qualidade. Eu sempre digo ao meu marido que eu nunca pensei em casar com alguém como ele. Simplesmente porque nunca acreditei que existisse alguém que formasse comigo um equilíbrio tão perfeito. Nossas qualidades superam nossos defeitos. Defeitos estes que tentamos lidar e contornar com todo o sentimento que sentimos um pelo outro. E essa reação natural somente é possível porque necessitamos um do outro.

Brutalmente, minhas reflexões são interrompidas pelo toque do telefone que em plena madrugada começa tocar. Desço da janela e atendo a chamada. Do outro lado da linha minha sogra, Clarice, fala nervosa que precisamos urgentemente nos deslocar até sua residência. Acordo Estevam, meu esposo, e rumamos no mesmo instante à casa de sua mãe. Ao ver o rosto dela, percebei uma mistura de alegria e apreensão, olhando nos meus olhos ela falava que Fábio, único irmão de Estevam, acordara do coma que já durava cerca de 10 anos. Nessa hora, fiquei pasma, meu coração disparou, parecia que eu que iria entrar em coma. Respirei fundo mas, não consegui falar uma palavra. Sentei no sofá e num relance olhei para Estevam que firmemente fitava os olhos em minha direção, enquanto sua mãe o abraçava. Tentei me recompor mas, a notícia mexera muito com minha estrutura e minhas pernas pareciam se negar a me obedecerem. Clarice aproximou-se de novo de mim, segurando minhas mãos falou que Fábio chamava por mim. Indiretamente, com essas palavras, ela pedia que eu o visse. Depois de tantos anos, eu realmente não sabia qual a minha reação ao vê-lo acordado novamente. A alguns minutos atrás eu pensava firmemente que amava Estevam, e agora, o acordar de Fábio confundia meus sentimentos.

Na volta para nossa casa, eu e Estevam, não trocamos uma palavra. Arrumamos nossas malas, pois viajaríamos no dia seguinte. Ao mesmo tempo em que minha razão implorava que eu não fosse, meu coração queria viver esse momento. E nesse antro de indecisão pegamos a estrada. Meu coração apertava a cada quilômetro rodado, eu estava indo ao reencontro do Fábio. Desde o acidente, eu nunca mais havia retornado a cidade que foi cenário da nossa história. Olhando meu rosto pelo retrovisor por um minuto eu vi refletir a face da antiga namorada do Fábio, uma jovem apaixonada que tinha como lema viver intensamente. E num piscar de olhos vi minha imagem real, uma mulher de 30 anos, casada e que acompanhava o marido para saber notícias do meu cunhado...

Continua no próximo capítulo

Debra
Enviado por Debra em 13/07/2008
Reeditado em 14/07/2008
Código do texto: T1079015