Turista de cemitério III (Miniconto)
Numa cidade de médio porte, o cemitério estava localizado em uma das avenidas mais movimentadas do centro. Próximo ao portão principal havia um ponto de ônibus que atendia estudantes e trabalhadores das escolas e empresas da região. A corrida diária para tomar os ônibus naquele local era tão normal que as pessoas se dirigiam para lá sem medo e completamente despreocupadas.
Era final de outono. O dia escureceu cedo. Estava bem frio e caía uma fina garoa. O relógio marcava pouco mais de 18h30min. e por causa do clima, estava um silêncio assustador no ponto. Não se ouvia um pio sequer. Cerca de dez pessoas esperavam o ônibus quando todas ouviram um grito de “socooorroooo”, vindo do de dentro do cemitério. A reação foi uma só: “pernas pra que te quero”. No ponto, não sobrou ninguém capaz de enfrentar o dito cujo que soltou o grito.
Pouco mais tarde, outras pessoas chegaram ao ponto e um novo grito de “socooorroooo” e nova correria. A cena se repetiu por diversas vezes, até que um cidadão corajoso subiu no muro e avistou um indivíduo todo molhado e tremendo de frio. A Polícia foi acionada e Alberto, o administrador do cemitério abriu o portão para que o homem (velho conhecido da casa) pudesse sair daquele local sombrio e macabro.
Depois de esclarecido o caso, todos ficaram sabendo que se tratava do Tonhão, o turista de cemitério. Ele não conseguiu chegar a tempo e encontrou o portão fechado. No dia seguinte, a notícia se espalhou por toda a cidade e foi a partir daí que ele passou a ser conhecido como o “Turista de cemitério”. Não fosse a intervenção de Alberto, provavelmente, a situação de Tonhão teria se complicado neste dia.