ROMANCE- O REGRESSO
O REGRESSO
Capítulo 01
Quinze de julho de 2000.
A marinha Brasileira recrutou seus melhores oficiais. Missão: expedição científica, Antártida, pólo sul.
Levou quase um ano, a montagem das estalações apropriadas para o evento.
Objetivo da missão: Testar equipamentos brasileiro, elétricos e eletrônicos à baixa temperatura. Farão parte das equipes internacionais que estudam o efeito estufa no Planeta, bem como, o derretimento das calotas polares. Esta é a versão oficial que se comenta.
Há anos que os países de primeiro mundo desenvolvem experiências tecnológicas nesta região. O governo Brasileiro, se sente no direito e obrigação de fazer parte e acompanhar estas pesquisas.
Na verdade, o Brasil já está estalado e foi construída uma nova, para esta nova missão.
Vinte e cinco de junho de 2001.
A equipe está pronta. Fazem parte os seguintes militares: Capitão de mar e guerra Azevedo- comandante da missão.
1º tenente Ródson- biólogo, Especialista em vidas marinhas.
1º tenente Émerson- engenheiro eletrônico.
2º tenente Ohana- bióloga, especialista em flora, fauna e climatização.
2ºtenente Caio- comunicações e resgate. E por fim, o 1ºsargento Eduardo, cozinheiro da missão, será ele o responsável por seis meses, de cuidar do estômago da equipe.
Capitão Azevedo, homem rígido na conduta militar, foi escolhido a dedo pelo o alto comando.
Tem trinta e dois anos de idade, formado em vários cursos na Europa e Estados Unidos.
Entre eles, o de comando tático e inteligência. Está feliz com a missão. É a sua oportunidade de promoção.
Um bom relacionamento com a equipe, fez dele o homem ideal ao comando.
Sala do Comandante Azevedo. Quartel General, Marinha do Brasil, Rio de janeiro.
Seis da manhã, neste dia vinte e cinco, o Comandante passou a noite em claro, ansioso, por ser hoje o dia da viagem.
Formatura e homenagem as sete. Embarque as oito e meia. O dia hoje é corrido.
O Comandante acordou pessoalmente a equipe:
- Vamos lá, é hora de acordar! O tenente Caio, foi o primeiro a dar um pulo da cama, ainda sonolento e espreguiçando, respondeu:
- Bom dia comandante! - Finalmente, hoje é o nosso grande dia !
O Comandante: - É sim, hoje é o nosso grande dia! E o Comandante continuou:
- Bom dia a todos! E não se esqueçam de verificarem os equipamentos, não podemos esquecer nada! O Comandante prossegue : - Atenção para a chamada!
- tenente Ródson! Ródson : - Presente!
- tenente Émerson! Émerson: - presente!
- tenente Caio! Caio: - presente!
- tenente Ohana! - tenente Ohana! - tenente Ohana!..
A tenente Ohana neste momento, entrou correndo no alojamento.
Entrou em forma em um sobre salto e respondeu:
-Presente Comandante!
Continuou a dar explicações: - Fui passar a noite com a família Comandante! Tendo em vista que vou ter que aturar cinco marmanjos por seis meses!
Todos riram, até o Comandante. Eles entenderam a piada, por terem boas relações em equipe, coube a descontração.
O Comandante continuou a chamada: - Sargento Eduardo! Eduardo: - Presente!
O comandante - Estejam preparados para o café e formatura!
A hierarquia, em última palavra é a que conta, porém, a equipe estava unida em clima de missão. Sabiam que a mesma, seria importante e estavam preparados tecnicamente e psicologicamente para o evento.
Todos em boa forma física, ou quase todos... O sargento Eduardo mantinha uma discreta barriga, nada que atrapalhasse o seu desempenho profissional.
Muito bem humorado, nos seus cento e dez quilos, era o contador de piadas do grupo.
Um excelente cozinheiro de vinte e cinco anos, foi bem recomendado pelo o comando a fazer parte da missão. Tenente Ródson tem vinte e sete anos é o músico do grupo, em horas vagas é claro. Gosta de tocar violão e até que canta bem!
Tenente Émerson é o senhor pardal da equipe é também o mais sério.
Está sempre concentrado em algum equipamento eletrônico, tem vinte e seis anos.
A tenente Ohana é do tipo sonhadora e idealista, tem vinte e três anos, cabelos curtos e loiros, olhos azuis, está sempre bem maquiada.
Finalmente, o tenente Caio, também com vinte e três anos, adora futebol e é um dos craques do time do batalhão.
Ohana e Caio, já namoram algum tempo, um pouco antes da formação da equipe.
Pretendem casar-se ao voltarem da missão.
Sete horas da manhã, o batalhão todo já formado.
O Comandante Azevedo, frente ao seu grupo, se põe em forma.
A homenagem é sublime, uniforme de gala tão branco, que ofusca os olhos.
Um dia de céu claro, os familiares dos homenageados todos presentes.
A banda da marinha toca o hino nacional, o coração de todos nesta hora dispara.
Salvas de tiros são dadas.
O grupo do Comandante Azevedo, com o peito estufado de orgulho, presta continência a bandeira e ao comando presente.
Há quase cinqüenta anos a Antártida é pesquisada. A estação Comandante Ferraz no pólo Sul é ocupada por cerca de quarenta e cinco pessoas, militares muito bem treinados, cada um em sua área.
Foi construída uma nova estação, a quinze quilômetros da Comandante Ferraz, para abrigar esta nova equipe. Ninguém sabe ao certo, porque foi preciso uma nova estação, isto é confidencial. Só o alto comando, tem estas informações.
A nova estação se chama: Almirante Salutares. A equipe do Comandante Azevedo, foi treinada para testar equipamentos eletrônicos e pesquisas biológicas na Antártida.
A viagem será de navio e não de avião, como de costume. Irão testar alguns equipamentos em alto mar. Se sabe que a missão Almirante Salutares, será independente da Comandante Ferraz e fará pesquisas isoladas.
Após formatura, despedidas com os familiares e amigos, a equipe se prepara para a viagem. As lágrimas não se contém, afinal, serão seis meses no mínimo fora de casa.
Com exceção da tenente Ohana e tenente Caio, todos são casados. O tenente Ródson, está em processo de divórcio.
Despedidas feitas, a hora do embarque chegou. Todos os equipamentos a bordo, zarparam.
Capítulo 02
A bordo do grande navio, preparado especialmente para esta missão, o grupo está eufórico.
Com exceção do Comandante Azevedo, nenhum deles tem experiência, em missão tão longe de casa. Principalmente desta magnitude, afinal, estarão em terras inóspitas.
Eduardo assumiu imediatamente o comando da cozinha, mesmo tendo a bordo o cozinheiro oficial. O Comandante é fã do seu tempero.
Enfrentaram uma tempestade, já na primeira semana de viagem, o navio bem equipado, não oferecia nenhum risco a tripulação.
Até porque, se tratava da Marinha do Brasil e uma equipe bem treinada.
Alguns da equipe, sentiram-se mal, principalmente o tenente Émersom que enjoou bastante, os outros se adaptaram rapidamente à viagem.
Sempre que podia, Eduardo contava piadas, às vezes até sem graça, mais todos riam assim mesmo. Ródson, com seu violão, alegrava a cantoria. Havia harmonia entre a equipe com certeza.
Ohana, com uma voz bem afinada, fazia dupla com ele.
Caio só observava, não tinha talento musical.
Émerson, passava mais tempo com a tripulação oficial do navio,procurando adquirir novos conhecimentos de navegação e instrumentação eletrônica de bordo.
O Comandante Azevedo, reunia sempre a equipe para conversar sobre a missão.
Treinavam procedimentos táticos da mesma, fora isto, mantinha-se sempre em suas cabine, estudando o projeto.
Após uma noite de cantorias e piadas, Ohana, alegre, depois de dois copos de vinho,convidou Caio pra dormir com ela. Bebidas alcoólica a borda, neste tipo de missão é permitida, pois a região que eles estão indo é muito fria e neste caso, o álcool funciona como remédio. Ohana estava alegre, à noite estrelada, era um convite ao amor.
Loira e bonita, se mostrava insinuante a Caio, suas curvas no uniforme, se encaixavam perfeitamente como um par de luvas nas mãos.
Caio excitado, mas parecia um adolescente com sua primeira namorada.
Tudo conspirava há um grande romance. A noite perfeita, a química nos poros, um leve e suave balançar do navio, parecia ter sido criado para aquele momento mágico e romântico. Uma noite de amor explodiu entre os dois, com tanta intensidade, que pouco importava a cama dura e desconfortável daquela cabine alojamento.
Repetiram-se várias vezes durante a viagem. Ficavam sem graça com as brincadeiras dos colegas, afinal, eram o único casal a bordo... Despertavam na verdade, uma pequena centelha de inveja dos companheiros, pois sentiam saudades da família.
O navio estava preparado com um reforço especial no casco, a navegação em águas geladas é muito perigosa. Já se aproximavam de icebergs, montanhas enormes de gelo.
O traje oficial para o clima, já era obrigatório a toda tripulação.
Roupas pesadas e quentes, já faziam parte do uniforme.
A bandeira do Brasil estampada na roupa, enchia de orgulho toda a equipe.
O Comandante Azevedo, acendeu um charuto como havia prometido a tripulação. Com orgulho, uma mão para traz e outra empunhado o charuto, comentou:
- Atenção equipe, chegamos!
A missão desembarcou, meio que encalhada, o navio Pólo Maior, assim era chamado,teve que abrir caminho nas geleiras até chegar ao seu destino.
Havia vários setores na região, ocupadas por nações de vários continentes e o Brasil estava lá, entre eles, com sua bandeira imponente, demarcando o solo gelado.
Até chegar nas estalações da estação Comandante Ferraz, levou aproximadamente duas horas. O caminho percorrido foi lento e difícil.
Ohana não tinha idéia ainda, como seria complicado e pesado andar na neve.
A bem da verdade, todos sentiram dificuldades, mas só ela fez o comentário.
Acredito que o lado machista pesou nesta hora e não deram o braço a torcer.
Foram recebidos pelos companheiros da estação Comandante Ferraz, com espírito de festa. Logo após os comprimentos, um helicóptero os levou a base de origem, a estação Almirante Salutares. Havia lá, a equipe de montagem das estalações aguardando-os.
Após explicações técnicas das estalações, a equipe de montagem embarcou no helicóptero, rumo ao navio Pólo Maior. O navio precisava deixar rápido a região, o congelamento em sua volta, estava acelerado e corria risco de encalhar. Após o embarque da equipe de montagem, o Pólo Maior zarpou.
O Comandante Azevedo, assumiu imediatamente o comando das estalações.
Havia na base, uma oficial: primeira tenente Sandra, ou melhor, dr. Sandra, como era chamada por todos. Dr Sandra já estava lá, a um ano, fazendo parte da equipe comandante Ferraz e foi destacada pelo comando, a fazer parte da equipe do Comandante Azevedo.
Sua formação e experiência, iria muito ajudá-los.
Bioquímica, trinta anos de idade, já bem adaptada ao clima, fará parte agora desta equipe.
Vinte e oito de julho de 2001, após trinta e três dias, a missão estava estalada.
Depois de algum tempo de comemorações, o comitê de boas vindas se despediu .
Retornaram suas tarefas cotidianas. O Comandante Azevedo, acompanhou pessoalmente a sua equipe se alojar. Dr: Sandra foi chamada à sala de reunião.
O comandante, mesmo cansado da viagem, queria informações do andamento das pesquisas.
A rotina do dia a dia no gelo, parecia monótona, se não fosse o trabalho científico direcionado. Cada um, se ocupava de uma tarefa para qual foram treinados.
Dr: Sandra, passava as informações de suas pesquisas ao grupo e a partir daí, traçavam a diretriz da missão.
O Comandante Azevedo neste momento, abriu na frente de todos, um envelope escrito: Ultra secreto. Foi então que se revelou com clareza, o conteúdo da missão.
Há quase um ano, os satélites detectaram uma grande fonte de energia naquele setor do pólo Sul. Esta fonte de energia, mudava constantemente de setor, ficando quase impossível determinar com precisão, a sua localização. Esta é a principal missão da equipe, identificar e localizar a fonte desta energia. Contam para isso, com modernos e sofisticados equipamentos elétricos e eletrônicos.
A América do Norte e outros países, secretamente, também pesquisavam esta suposta fonte, cada um, a sua maneira e recursos.
Tenente Ródson e Ohana, estão mais ligados profissionalmente, por terem a mesma formação. Exploram diariamente a área externa da base, sempre acompanhados por Caio.
A missão de Caio no projeto: Proteger a equipe de exploração, tendo em vista, que é especialista em resgate. Passaram-se quatro meses, desde que chegaram e até agora, não conseguiram identificar a fonte da suposta energia, ela se move de um lugar para o outro e some de repente.
Émersom , era o que mais sofria com saudades de casa. Trabalhava quase sem parar, tentando suprir a ausência da família. Eduardo na cozinha, não tinha descanso. Café da manhã, almoço, lanche a tarde, jantar e uma leve ceia no término do dia. Seu tempo atarefado, não lhe dava muito espaço para a saudade.
Ródson, com suas melodias limitadas, tocava sempre as mesmas músicas.
Ohana não tinha como escapar, induzida por Ródson a soltar a voz.
O Comandante Azevedo, colhia informações diárias e a cada três dias, as enviava via satélite ao comando no Brasil. Esta era a rotina da equipe no dia a dia, até que um dia, em uma missão rotineira... Ródson, acompanhado como sempre da oficial Ohana e monitorados de perto pelo tenente Caio, estavam colhendo amostras do solo.
Depois de algum tempo nesta tarefa, perceberam que Caio havia sumido.
Olharam para todos os lados, correram em várias direções.
Por horas a fio e a todo custo, tentaram entender o que havia acontecido. Desesperados, principalmente Ohana, tiveram que voltar para a base. A esperança, era que Caio por algum motivo, estivesse lá.
Decepção! Tiveram que relatar o ocorrido. Caio havia mesmo desaparecido.
O Comandante Azevedo, imediatamente mobilizou uma equipe de busca.
Solidariamente, as equipes das missões internacionais, como a dos Estados Unidos, se prontificaram nas buscas. Em vão! Helicópteros sobrevoaram a área, numa extensão superior a demarcada no mapa. Nada! Todos os esforços coletivos não obtiveram sucesso. A Marinha Brasileira, destacou em caráter de emergência, uma equipe de busca super treinada em resgate.
Nada adiantou! À medida que o tempo passava, a esperança de encontrar vivo o tenente Caio, se extinguia.
A missão não era mais a mesma. Havia um desânimo total. O Comandante Azevedo, tentava levantar a moral da equipe, mais esta, estava desanimada.
Depois do sumiço de Caio, o sinal de energia captado pelos satélites, desapareceram misteriosamente, não mais voltando. O tempo de permanência da equipe do Comandante Azevedo no pólo, acabou. Novas equipes se formaram, revezando-se em viagens de ida e volta ao Brasil.
A equipe do tenente Caio, mantinha a esperança de ao menos, ser encontrado o seu corpo.
Ohana sofria muito,tanto que, abandonou a missão e o serviço militar.
Após sete meses do sumiço de Caio, Ohana deu a luz a um lindo bebê.
Ela nunca se conformou com a perda do seu grande amor, mas agora, tem com sigo, o fruto desta grande paixão.
Naquela viagem, no navio Pólo Maior,onde os dois se amaram intensamente, Ohana ficou grávida. Em função da gravidez e decepção da perda de Caio, Ohana se afastou da missão e do serviço militar.
Seu nome é Liza, hoje com cinco anos. O tenente Ródson já divorciado, sempre ao lado de Ohana, dando-lhe apoio, acabou se apaixonando por ela.
Passaram-se cinco anos, desde o desaparecimento de Caio, Ohana acabou cedendo aos encantos de Ródson, e ao seu pedido de casamento.
O casamento foi lindo, com honras militares, mas na verdade, Ohana não casou apaixonada. Ródson sabia disto, mas achava que com o tempo, Ohana poderia vir a amá-lo.
Ohana mantinha um grande carinho por ele e sentia a carência e a necessidade de alguém ao seu lado, mas nunca se esqueceu de Caio.
Logo após o casamento, Ohana ficou grávida. Na ultra-sonografia é um menino.
Ohana trabalhava agora como bióloga, para uma empresa marítima.
Ródson foi promovido a Capital tenente , e presta serviço ao Q.G. da marinha, no Rio de Janeiro.
O Comandante Azevedo, hoje é Contra Almirante, por bons serviços prestados e um bom relacionamento com o comando.
O tenente Émerson também foi promovido á Capitão tenente e está em missão no exterior.
O sargento Eduardo, foi promovido a Sub-Oficial e montou seu próprio restaurante.
Quase treze anos mais tarde... Hoje, dezembro de 2019.
Pólo Sul, área que Caio sumiu. Subitamente, uma espessa camada de gelo se abre revelando um túnel. Em forma cilíndrica e de um fundo poço, Caio está lá, imóvel, cercado por quatro paredes de luzes. A aparência destas paredes é uma coisa inacreditável. Cerca de trinta metros abaixo do solo, o lugar é incrível.
As paredes que antes eram de luzes, agora tomam a forma semelhante de água viva, mudando de cor e intensidade. Caio está flutuando entre elas, as luzes passam pelo seu corpo, como se este, não existisse. Seu corpo, se confunde com as luzes e brilha como se feito de energia.
Os olhos fechados, semblante sereno, se mantém imóvel.
De repente, algo acontece! As paredes, antes semelhante a água viva, lentamente começam a sumirem e aos poucos, o corpo de Caio diminui a intensidade de luz, voltando, o que se interpretaria de, normal. Antes flutuando, agora com os pés no solo, Caio abre os olhos.
Sua aparência física é a mesma de mais de dezoito anos atrás, porém, sem roupas.
Está nu, mais não parece está sentindo frio. O ambiente que Caio se encontra, mede aproximadamente três metros de diâmetro. Impressionante, a forma quadrada e depois cilíndrica, antes de luz e depois de água multicoloridas e agora, gelo puro.
Caio está parado, frente a uma parede. De repente, uma porta se abre no gelo de baixo para cima. Um esplendor de beleza se revela. Cristais brilhantes, em todas direções.
Caio se manifesta, antes imóvel, agora entra na sala de cristais.
Pára ao centro da sala, como se soubesse o que iria acontecer a seguir.
Os cristais da sala, milhares deles, começaram a emitir intensas luzes, todas em direção dele. Penetraram no seu corpo, de forma direta e precisa.
Caio abriu os braços, como se esperasse algo parecido.
Os raios de luzes no corpo de Caio, durou aproximadamente uns quinze minutos.
Quando as luzes cessaram, Caio sorriu!
Agora ele entendia tudo! Ele sabia porque estava ali! Não foi um mero acaso!
Passavam em sua cabeça, como um programa de computador, todas as lembranças de sua vida. A missão, o acidente, a hibernação. Só desconhecia ainda, o tempo que isso levou. Pensou na Ohana, sua grande amada, nos amigos, na missão, no compromisso militar, em sua família. Agora ele entendia tudo!
Todo o conhecimento retido naquele lugar, fazia parte agora, de suas memórias.
Entendeu que teria, uma nova missão a cumprir. Não a militar, a qual ele foi treinado, mais esta nova. Agora ele entendia tudo!
As informações contidas naqueles raios, esclareceu todas as suas dúvidas.
Sua mente agora, tem o conhecimento do cosmo, a capacidade da reflexão.
E tudo se tornou claro. Agora ele entendia tudo! Algo mudou, ele não era mais um simples mortal!
Com um simples pensamento, ele conseguia fazer seu corpo brilhar, luzes de várias tonalidades. Definitivamente,ele não era mais o mesmo!
De repente, ocorreu um nome em sua memória; Ohana! Onde estará?
Caio se dirigiu a saída, naquele mesmo túnel, onde a mais de dezoito anos atrás ele caiu.
Olhou para cima e simplesmente desejou sair.
Seu corpo se elevou pelo túnel, em frações de segundos, como mágica, estava na superfície.
Nu, no meio da neve, como se por extinto, sabia a direção a seguir.
Não estava com frio, algo surpreendente, a temperatura ambiente próxima dos quinze graus negativos, deixaria perplexo, qualquer um que o avistasse.
Caio andava com leveza sobre a neve, quase que flutuando, sem nenhum esforço físico. Chegou a uma base, que pela bandeira hasteada, era Norte Americana.
Parou de frente a base, olhou para a bandeira. Um membro da equipe o avistou pela janela, a reação não poderia ser outra. Era Dr: Frank, a bem da verdade, o único membro da equipe Norte Americana que restou. Dr:Frank, quando viu aquele homem nu frente a base, ficou estarrecido. Rapidamente, pegou um cobertor e saiu ao socorro daquele homem. Cobriu Caio e o levou para dentro.
Após dar-lhe algumas roupas, tratou de fazer um chocolate quente para o estranho.
O médico olhava intrigado para Caio, bebendo o chocolate quente.
Dr:Frank perguntou: - Quem é você ? - E porque estava sem roupas lá fora?
A pergunta foi em inglês e Caio também respondeu na mesma língua:
-Me chamo Caio! -A falta de roupas? Esta é uma longa historia!
Logo após a resposta de Caio, o médico americano virou as costas por um breve momento, para encher seu copo com aquele chocolate quente. Quando retornou os olhares, o convidado havia sumido. Dr:Frank correu na janela e não mais o avistou.
O médico não entendeu nada, ficou de boca aberta com o episódio.
Caio já estava no gelo outra vez, só que desta vez, vestido.
Caio observou que a área coberta de gelo, não era mais a mesma. Abaixou-se e pegou um pouco de neve em suas mãos. A aparência escura e cinzenta, confirmava a realidade daqueles tempos. O céu negro e pesado, constatava as mudanças.
Grandes quantidades de resíduos poluentes, estavam depositados em toda aquela região gelada. Caio chegou na base da missão Comandante Ferraz e constatou que estava abandonada já algum tempo. Se dirigiu a base Almirante Salutares.
Havia ali, seis pessoas, um deles avistou Caio na porta do abrigo.
Era o primeiro tenente Marcos, biólogo, vinte e cinco anos.
Marcos perguntou a Caio: -Quem é você? O que deseja?
Caio respondeu: -Sou o primeiro tenente Caio! –Oficial da Marinha Brasileira!
O susto do tenente Marcos foi grande, ele conhecia a historia que circulava na base.
Conhecia a lenda que se formou entre os amigos, até um velho retrato na parede se mantinha na base. Marcos, o convidou a entrar: -Entre por favor! -Venha conhecer o resto da equipe! Todos olharam para Caio, surpresos. Conheciam a história dele,
Até mesmo o fato, que na aparência, não havia mudado em nada.
Além do tenente Marcos, compunha a equipe: tenente Miranda, vinte e nove anos.
1º tenente Cabral, vinte e seis anos. 2º tenente Samuel, vinte quatro anos.
O 2º sargento Wilson, cozinheiro da equipe,vinte e oito anos.
Havia um civil entre eles, que foi resgatado em um naufrágio. Se tratava de Diogo, quarenta e cinco anos. Pescador experiente, que não morreu por um milagre.
Seu barco em destroços, foi encontrado por acaso, pela equipe Americana, por se encontrar na ocasião, em rota de navegação. De toda a tripulação, foi o único sobrevivente.
Faltou mencionar, o Capitão Ezidório, que morreu de enfarte fulminante, a quatro meses atrás, era ele o comandante da missão Brasileira.
Assumiu o comando, o 1º tenente Miranda, por ser o mais antigo.
Estavam ali, a quase dois anos, o tenente Miranda explicava a Caio, com um ar de cansaço e desânimo. Todos ouviam a historia de Miranda, de cabeças baixas e com ar de decepção.
O tenente Miranda continuou a relatar: - Em setembro de 2015, começou uma guerra entre os Estados Unidos e Coréia do Norte. Após um ano de conflitos, a Coréia, usou armas nucleares contra os Estados Unidos e este revidou. Foi o caos. Milhões de pessoas morreram instantaneamente. Não demorou muito, a Rússia entrou na guerra, logo a seguir, todo o planeta.
O mundo estava em guerra, o Brasil se viu obrigado a aderir, ao movimento dos aliados.
Em janeiro de 2017, usaram também, armas químicas e biológicas.
Ninguém sabe ao certo, quem começou a usá-las, só se sabe que, de oito bilhões de pessoas, estima-se a baixa de mais de dois terços da população do planeta.
Vieram a seguir, as epidemias: cólera, tétano, ebola e outras mais.
O mundo mudou completamente. Os níveis dos mares, subiu rapidamente.
Cidades inteiras, desapareceram de baixo d’ água, devido ao derretimento dos pólos.
O tenente Miranda: - Estamos aqui a quase dois anos. A marinha Brasileira pediu que aguardássemos o resgate, mas este, nunca veio. Estamos sem comunicação oficial a seis meses. De todas as equipes estaladas no pólo, só restou a nossa e a dos Americanos. A bem da verdade, só o Dr: Frank, da equipe Norte Americana. Um surto epidêmico, matou o resto de sua equipe, por um milagre ele ainda está vivo.
Queríamos que ele estivesse com a gente, mas não podemos correr este risco, por ser médico, ele compreende a nossa preocupação. Fazemos contato diariamente pelo o rádio.
Estamos com bem pouca ração, derretemos neve para bebermos água.
O sistema de aquecimento do abrigo está precário, não sei por quanto tempo ainda, podemos agüentar! - Pois bem, esta é a nossa situação atual! - E você tenente Caio? - O que ouve? Frente a pergunta do tenente Miranda, todos levantaram a cabeça, curiosos e intrigados, esperando a resposta de Caio. Caio: - Estive todo este tempo, em um lugar maravilhoso e ao mesmo tempo, solitário. Não estive presente na catástrofe do planeta, mais tenho agora o dever e a chance de ajudar os sobreviventes.
Eu tenho que cumprir uma missão é só o que eu posso responder neste momento.
Esperem mais um pouco, em breve eu voltarei para buscá-los.
Ciente da realidade atual, Caio se despediu da equipe.
Todos ficaram olhando assustados, o então tenente Caio se distanciando do grupo, andando na neve com uma leveza incrível. Em seus corações, acreditaram nas palavras de Caio.
Olharam um para o outro,com lágrimas nos olhos, sem comentários, calaram-se.
Caio se dirigiu ao mar, andando sobre a camada fina de gelo.
Entre outras coisas, na sua cabeça,um nome persistia: Ohana, onde estará?
Capítulo 03
Já no mar, entre icebergs, pequenos e flutuantes, Caio abaixou-se e tocou na água.
Com os pensamentos voltados para o seu país, Caio desejou viajar.
Mais uma vez, o seu corpo brilhou em energia cósmica.
O toque na água, transformou o seu corpo, em energia semelhante a vista no subsolo, onde esteve todo este tempo. Em forma semelhante a água viva e emitindo uma luz intensa multicoloridas, Caio deslizou sobre as águas geladas do pólo Sul.
À medida que sua vontade determinava, sua velocidade sobre a água aumentava espantosamente. Em pouco tempo, Caio já estava viajando, milhas por segundos.
Aumentava cada vez mais, à medida que pensava em Ohana.
Em pouco tempo, Caio já se encontrava no litoral Brasileiro.
Saiu da água instantaneamente, sua aparência normal, mais uma vez predominava.
De frente ao Quartel General da Marinha do Brasil, quase não o reconheceu.
Totalmente destruído, quase submerso, Caio constatou, que o Brasil foi alvo direto desta guerra e da fúria da natureza.
E realmente foi! Há seis meses atrás, o Brasil sofreu ataques bélicos, ao ponto de ter sido
Atingidos por vários mísseis, de grande poder de destruição.
Em 2016 o Brasil começou a fabricar armas nucleares, entre outros motivos, este foi o mais forte para ter sido alvo direto dos inimigos.
O país está em ruínas, os governos mundiais caíram e até o Brasil.
As epidemias, a grande invasão das águas, os constantes terremotos, transformou o planeta em desordem e caos.
Uma nova ordem surgiu. As forças armadas, ou o que sobrou delas, se reorganizaram tentando assumir o controle. Novas forças paralelas surgiram, criando milícias armadas, impondo autoridade através do medo e da tirania.
Confronto de poder com os remanescentes militares e esta nova, eram constantes.
A população, ou o que sobrou dela, hoje vive tentando transpor, as dificuldades diárias que surgem pela frente. Tribos se formaram, tentando manterem-se vivos.
A procura de alimentos e água potável é prioridade para todos. Os mais fortes e armados, tem mais chances. As grandes metrópoles caíram. No Brasil, grandes cidades como:
Rio de Janeiro e São Paulo, foram atacadas insistentemente por vários dias.
O sul e o sudeste, foram os mais atingidos. Até o norte, devido a floresta Amazônica, foi alvo de mísseis inimigos, uma verdadeira calamidade.
Da Amazônia, restou somente um décimo da floresta.
Quem conseguiu sobreviver, foram aqueles que se mantiveram afastado desde o início das grandes cidades, em abrigos , sítios e fazendas, distantes do holocausto, mais ainda assim, sofrem com as conseqüências das pragas e reações radioativas contidas na atmosfera. Os vândalos e milícias armadas, atacam estas áreas de populações retiradas, depredando e dominando tudo e todos, aqueles que não oferecem resistência.
Atacam ferozmente os habitantes destes lugares, levando as pragas consigo.
Em busca de água e alimentos, tribos de malfeitores, armados até os dentes, liderados muitas vezes por militares decadentes, destroem e matam sem piedade.
É a lei do mais forte!
Encontram-se nesta situação, todos os países do primeiro mundo, inclusive o Brasil, que hoje faz parte desta categoria, embora tarde. Mesmo os países pequenos, sem grande importância mundial, sofrem com as inundações, pragas, fome e sede.
Realmente, está um verdadeiro caos!
Nem a primeira e a segunda guerra mundial, fizeram tanto estragos.
A terceira guerra mundial em fim, aconteceu! Os comandos estratégicos mundiais, de um lado e de outro, destruíram tudo que consideravam ameaça.
Poços de petróleo, refinarias, sistemas de comunicações, usinas de produção de energia, fábricas, em fim, tudo que parecia ameaça, tanto de um lado, como do outro.
O Japão, praticamente desapareceu do mapa. O homem finalmente conseguiu destruir o planeta ! Caio viu tudo isso! Com o seu poder adquirido, consegue enxergar, além da capacidade humana.
Agora ele sabe! Agora ele entende tudo!
Na procura de sua família, descobriu que a perdeu. Mãe, irmãos, todos os seus entes queridos. Na sua cabeça agora, um nome ecoa! Ohana! Onde estará? Será que sobreviveu? Caio então pensou em usar o seu novo poder, tentando se concentrar na Ohana, quem sabe, ela esteja viva! Neste momento, Caio foi abordado por um grupo de pessoas maltrapilhos, em meio a prédios destruídos.
O líder do grupo, um sujeito mal encarado, forte e musculoso, de botas e calça camufladas, o abordou: - Você aí! -Tira roupa meu irmão, perdeu! Em atitude muito agressiva, empurrou Caio. Caio balançou, o sujeito era muito forte. Abriu os olhos, ainda em meditação e respondeu: - Sigam seus caminhos meus amigos, eu não quero lhes fazer mal!
Todos riram debochando de Caio. O líder do grupo: - Corta essa meu irmão! – Tira logo essa roupa, se não vai ganhar porrada! Mediante desta ameaça, Caio fixou os olhos no agressor e mais uma vez respondeu: - Siga o seu caminho!
O líder do grupo, por não ver a sua ordem obedecida, deferiu um soco contra ele.
Caio, sem manifestar nenhum tipo de sentimento de raiva, bloqueou o golpe do agressor sem nenhuma dificuldade, segurando o punho do mesmo, o jogou para traz.
O agressor caiu sentado, ridicularizado pelo seus companheiros.
Mediante a ordem do líder, todos atacaram ao mesmo tempo, quinze homens investiram contra Caio. Ele, ainda sem manifestar nenhum tipo de sentimento de raiva, levantou a mão direita, em atitude de defesa. Neste momento, um clarão muito forte se desprendeu do seu corpo, de tal intensidade, que todos os agressores foram arremessados à distância.
A gang, esfregando os olhos em sintoma de cegueira, fugiu apavorado do local, inclusive o líder. Caio sentiu compaixão, sabia que eram mal feitores, mas ainda assim, vítimas daquela absurda guerra.
Novamente, retornou os pensamentos à Ohana. Fechou os olhos e concentrado, desejou com toda a sua força, localizar Ohana, tentando desesperadamente acreditar, que ela possa estar viva.
capítulo 04
Naquele momento, sua mente, como se desprendido do corpo, viajou a todos os cantos, olhando em cada casa que passava, a cada beco que surgia, a cada prédio em ruínas, a cada vilarejo que avistava, numa velocidade tão grande, que mais parecia um filme, rodado em alta velocidade em um vídeo. Alguns minutos se passaram nesta viagem, já quase desistindo e desanimado, parecia ter obtido sucesso. Quase não acreditando, lá estava ela!
Com aparência de cansaço e sofrimento, um pouco diferente, mais sim, era ela, sua amada Ohana! O fato dela também estar pensando nele, facilitou muito, a sua localização. Ohana está em um lugar de montanhas, isolada das grandes cidades.
Os seus conhecimentos acadêmicos, a ajudaram se salvar do grande conflito e se manter afastada das epidemias. Herança de família, aquela sitio, foi a sua salvação até agora.
Ohana e seus dois filhos, se mantiveram protegidos naquele lugar, mais ela teme, por acreditar que não seria por muito tempo. Um pequeno casebre de madeira, um fogão à lenha, mantinha aquecido o ambiente familiar.
Liza, com dezoito anos e seu irmão com treze, viviam ali com sua mãe, desde o início do conflito. Ohana, por ter tido treinamento militar, afinal, foi uma oficial da Marinha Brasileira, conseguiu enxergar o futuro e se isolou com seus dois filhos. Foi a salvação.
Os pais de Ohana, não conseguiram sair a tempo da cidade do Rio de Janeiro onde moravam e foram pego de surpresa, morreram em um acidente de carro.
Ródson, marido de Ohana, morreu em serviço, em um ataque aéreo em sua base naval.
A cinco anos viviam ali, intuitiva e experiente, parecia premonizar o que viria acontecer. Mesmo com os seus filhos, relutando tanto para não se manterem ali, isolados de tudo e de todos, Ohana conseguiu mantê-los perto de si. Estão em segurança até agora. A cidade é Minas Gerais, no seu interior, nas regiões montanhosas.
Caio a encontrou! Agora é saber como chegar lá!
Lembrou que agora não seria tão difícil, bastava se concentrar e desejar.
Em pouco tempo, seu corpo entrou em transformação mais uma vez.
Mudanças bioquímicas deu-se inicio, só que desta vez, não em forma de água, como antes tinha sido, ele precisava de outra forma de transporte.
Caio se concentrou, estava ansioso com o reencontro. Em alguns segundos de tentativas, seu corpo
começou a brilhar, emitindo luzes multicoloridas, logo a seguir, começou a flutuar, com uma leveza de gravidade zero. Alcançou uma altitude de aproximadamente trezentos metros e logo a seguir, ganhou velocidade.
Sim! Caio também podia voar! Que fenômeno é este, que lhe dava tanto poder?
Em pouco tempo, Caio sobrevoava a casa de sua amada Ohana.
Ele pensava agora, em uma forma de se aproximar, sem causar pânico em sua nova e ao mesmo tempo, antiga noiva e namorada. Lentamente, a sua forma astral foi se alterando e dando lugar, ao que se diria, de normal. Já no quintal do sitio, perto do casebre, Caio já estava no solo, ao lado de um pé de jatobá.
Ohana se encontrava carregando lenha, as quais foram cortadas por Liza e Gabriel.
Com um feixe de lenha nas mãos, Ohana se deparou com aquele homem, ao lado do pé de jatobá. O seu extinto natural, seria de, correr, mas não foi esta a atitude tomada, afinal, já faz tempo que eles não vêem ninguém e poderia ser alguém que oferecesse perigo a sua família, como pragas e violência. Mas não, ao invés de tentar correr e pegar a carabina calibre doze, que ela mantém como segurança da família,
largou a lenha e caminhou bem devagar em direção daquele homem, que não parecia estranho.
Mais ao contrário de Liza, quando também avistou o intruso, correu e pegou a arma, sabendo muito bem como usá-la. Se posicionou em atitude de defesa. Gabriel estava dentro da casa e foi chamado por Liza aos gritos.
Ohana foi se aproximando lentamente de Caio, dos seus olhos azuis, as lágrimas involuntariamente decaíam do seu rosto e a medida que se aproximava de Caio, seu coração acelerava. No seu pensamento, vinham as lembranças daquele homem que ela tanto amou. Não seria possível ele estar aqui! E desta forma, sua aparência é a mesma de dezoito anos atrás! Não é possível! Ohana, já de frente a Caio, olhando fixamente em seus olhos, desfaleceu. Caio a tomou nos seus braços, enquanto Liza, assustada, apontava a arma pra ele. Caio, com a Ohana nos braços desmaiada, disse: - Não tenham medo! Não lhes farei mal, estou aqui para ajudá-los! Dito isto, se dirigiu ao casebre, na intenção de socorrer Ohana. Liza e Gabriel os seguiram, Liza, ainda com a arma em punho e engatilhada.
Lá dentro, aos poucos, Ohana recobrou os sentidos.
Caio a observava com um olhar de tristeza, sua aparência sofrida e maltratada, constatava o quanto ela teria penado. Olhava para o passado, como se fosse ontem, para ele, o tempo não passou. Era como se ele estivesse acordado de um sonho, de um dia anterior.
Ohana abriu os olhos. Frente a Caio, deu um sobre-salto, se afastando rapidamente dele, recolhendo as pernas e braços, como se fosse um bicho acuado em um canto.
Tudo isso, observado com espanto e surpresa por Liza e Gabriel, distantes alguns metros. Por alguns segundos, meio ainda ao delírio, Ohana fixou os olhos em Caio.
Sua expressão apavorada e surpresa, aos poucos, foi se refazendo, até que tomou coragem e perguntou: - Quem é você? Caio sorriu e respondeu com uma pergunta:
- Não está me reconhecendo? – Sou eu meu amor!
As lágrimas nos olhos de Ohana desceram de vez, na sua mente vinham as imagens daquele homem, a dezoito anos atrás, como seria possível este ser Caio? Sua aparência não mudou nada!
Caio tratou de explicar aquela família, toda a sua história.
Ohana acuada e ainda desconfiada no seu canto, ouviu- o atentamente, igualmente, Liza e Gabriel. Depois de algum tempo de explicação e ainda atordoada com aquela história fantástica, se refez do susto. Não entendia direito, como seria possível aquilo? Caio aspirava confiança em suas palavras e aos poucos, Ohana se sentiu segura e transmitiu aos seus filhos também segurança, ao ponto de Liza guardar em um canto, a arma, que ainda empunhava.
Ohana, de repente, pulou em seus braços, como se por extinto e o beijou apaixonadamente.
Liza e Gabriel deram um discreto sorriso, ao verem aquela cena. Liza puxou Gabriel pelos braços, como se não quisesse atrapalhar aquele momento romântico da mãe e saíram.
Algum tempo depois, foram chamados e Ohana, lhes deu explicações:
- Meus filhos, este é Caio! - Amigo da mamãe!
Ohana olhou para os seus filhos, logo a seguir para Caio e disse:
-Caio, liza é sua filha! Caio sentou-se sorridente, não parecia muito surpreso.
Lembrou-se dos momentos de paixão com Ohana no Apolo Maior e na base. Com um semblante sereno e um sorriso nos lábios, abraçou Liza e Gabriel: - Oi, vocês estão bem? Liza também ficou surpresa e curiosa, pois conhecia a foto do pai . Ohana nunca escondeu, quem era seu pai de verdade. Aquele homem na sua frente seria seu pai ? Como seria possível? Difícil de explicar, porém Caio tentou por mais de três horas. Um singelo sorriso, surgiu nos lábios de Liza, não entendia muito bem a história de seu pai, mas ficou feliz por saber que tinha um, e vivo.
Caio, novamente, abraçou Liza e em seguida, Gabriel.
Ohana, apreciava a cena, com uma alegria aparente no rosto. Em seguida, conversaram um pouco sobre Ródson, amigo de Caio e pai de Gabriel.
Ohana relatou as dificuldades que passaram até ali.
A noite se aproximava, Ohana empolgada com a presença de Caio, fez o convite com ar de imposição:
-Você vai jantar com a gente ?! -Não aceito não, como resposta! Caio: - Está bem, vou jantar!
Ohana pediu a Gabriel, que buscasse um frango no cercado e fez um maravilhoso jantar no fogão à lenha.
Após o jantar em família, Ohana não resistiu à tentação: - Caio, você veio ficar com a gente?
Caio sentiu neste momento, uma grande vontade de dizer sim. As coisas mudaram drasticamente, ele sabia que teria uma missão a cumprir. Não era mais um simples mortal. Uma grande responsabilidade pesava em seus ombros. Ele então respondeu:
-Se vocês permitirem, ficarei algum tempo, tenho algo ainda a fazer! Ohana abriu um discreto sorriso em sinal de aprovação e satisfação ao mesmo tempo.
Liza e Gabriel também sorriram. É claro que eles concordavam com a permanência de Caio, afinal, Ohana estava aparentemente feliz e se não bastasse, se tratava de uma figura da família. Diga- se de passagem, um pouco inusitado, mas conveniente naquele momento. Os olhos de Ohana brilhavam.
Sua felicidade aparente, não conseguia disfarçar a surpresa e satisfação daquele momento. O amor de mais de dezoito anos atrás, afloraram como larvas em um vulcão, há anos extinto.
O pequeno casebre de madeira, tinha quatro cômados.
Uma sala, que também abrigava a cozinha, dois quartos e um banheiro.
Liza e Gabriel dormiam em um e Ohana no outro.
Já tarde da noite e depois de muitas conversas, Ohana meio sem jeito, fez o convite a Caio: - Você pode dormir no meu quarto, eu durmo na sala!
Caio: -Muito obrigado, mas quem vai dormir na sala sou eu! Ohana, ainda desconcertada, pois a tempo, não tinha a presença de um homem na sua vida, além do seu filho, ficou um pouco embaraçada.
Respondeu: - Tudo bem! -Vou fazer a sua cama!
Caio deitou-se, não estava cansado, seu corpo não sentia mais a necessidade de um simples mortal, sua mente refletia os pensamentos de sua missão, estava feliz por estar ali, mais ao mesmo tempo, planejava mentalmente o passo a seguir.
A noite passava, Ohana virava de um lado pra outro, sem conseguir dormir. Lembrava-se dos momentos com Caio, a dezoito anos atrás. Os seus sentimentos com relação a ele, parecia não ter mudado, principalmente o fato, da aparência ser a mesma. Ohana não conseguia dormir.
Com suas mão frias e trêmulas, levantou-se e dirigiu-se a sala. De pé, frente a ele, tocou em suas mãos.
Caio abriu os olhos, entendendo a intenção de Ohana.
Ela, suavemente e em silêncio, puxou Caio em direção ao seu quarto. Só as paredes foram cúmplices, do esplendor de desejos que se deu.
Amaram-se mais uma vez, com intensidade e paixão e tudo em um máximo de silêncio, como se isso fosse possível... Ao lado, Liza e Gabriel sorriam silenciosamente, entendiam a situação.
Aquele momento para Ohana, era mágico e necessário e eles entendiam a sua mãe. Não foi fácil até ali, foram anos de solidão e isolamento total, a vida impôs a situação.
Na manhã seguinte, não tinha como esconder a felicidade de ohana. Seus olhos azuis, brilhavam como duas pedras de diamante refletidas à luz.
Seus cabelos louros e curtos, pareciam estar mais sedosos. Um metro e setenta de altura e sessenta e cinco quilos de pura felicidade.
Lógico, Liza e Gabriel perceberam esta mudança, brincavam um com o outro: - O que está acontecendo mamãe, viu um passarinho verde? Ohana sorria.
Caio, modesto e moderado, igualmente, não conseguia esconder a sua satisfação.
Caio e Gabriel, arrumaram a cerca do sítio, cortaram lenha, concertaram o telhado da casa.
Por sete noites e dias, estiveram juntos, em perfeita harmonia familiar, até que...
Caio estava rachando lenha, quando de repente, algo aconteceu!
O sítio foi invadido, por um grupo de oito homens fortemente armados, rapidamente, renderam todos.
Caio foi pego de surpresa!
Neste momento, uma pistola calibre quarenta e cinco, se encontrava apontada para sua cabeça.
Ohana, Liza e Gabriel, também estavam rendidos.
A princípio, a intenção do grupo era roubá-los.
Estavam com fome e cede. Era um grupo de fazendeiros que perderam tudo, inclusive as famílias.
Estavam desesperados e famintos, a guerra e o caos, tinham lhes tirado tudo. Caio percebeu a situação, mas não poderia arriscar a vida da sua família e resolveu intervir. Com as mãos ainda para o alto, se concentrou. De repente, as armas que os homens empunhavam, começaram a esquentar. A temperatura chegou em um limite, que mais pareciam brasas.
Os homens, assustados com o fenômeno, largaram as armas. Quiseram correr de medo, mas Caio não deixou: - Esperem! -Não tenham medo!
-Estão com fome e cede? -Fiquem com a gente, comam e bebam a vontade! Os oito, ainda assustados, perceberam em sua voz, um tom de amizade e sinceridade. Ohana foi pra cozinha com seus filhos e fizeram um farto almoço. Estavam mesmo famintos, comeram e beberam a vontade. Caio, por precaução, deu fim a todas as armas. Agora, com respeito e educação aos anfitriões, o grupo pediu desculpas pela agressão e agradeceram a hospitalidade. Foram-se embora.
Não tiveram nem a coragem de pedir as armas de volta. Ohana, Liza e Gabriel, se sentiram protegidos.
Não entenderam muito bem, como aqueles homens foram desarmados, mas também não fizeram perguntas. Felizes, abraçaram Caio.
Por mais três dias ficaram juntos.
Caio chamou todos e conversaram:
- Eu preciso ir, tenho uma missão a cumprir, mas fiquem tranqüilos, eu voltarei para buscá-los.
Ohana ficou pensativa e mais uma vez, sentiu sinceridade nas palavras de Caio. Despediu-se de Liza e Gabriel e deu um apaixonado beijo em Ohana. Desceu a serra montanhosa andando, queria conhecer um pouco mais aquela região, onde a sua família agora habitava.
No interior de Mina Gerais, aquele sítio salvou a vida de Ohana e seus filhos! Estavam seguros por enquanto! Neste momento, passou pela sua cabeça, as informações que Ohana lhe teria dado sobre seus pais e irmãos. Eles faleceram no período da guerra, vítimas das pragas.
Ohana, tinha uma boa relação com a família de Caio e fez de tudo para tirá-los da cidade grande, mas eles não quiseram. Ohana, pressentindo os acontecimentos, se antecipou, fugindo com seus filhos e isso salvou-lhes as vidas. Caio pensava nessas histórias com tristeza, não pôde salvá-los. Daniel e Thiago, seus irmãos queridos. Mãe e Pai, que saudade!
Caio lamentava-se por sua família, mas ao mesmo tempo, sentia-se resignado, ele sabia o que deveria ser feito a partir de agora. E mais uma vez, pensou e desejou.
Obteve a forma astral, de luz e leveza e flutuou! Passou a observar, a destruição que holocausto provocou. Viajou aos cinco continentes, procurando entender e avaliar o que deveria ser feito.
Na América do norte, tudo destruído. As grandes metrópoles, pontes, fábricas, prédios, usinas, um grande caos. Os sobreviventes passam fome e sede, vivendo como bichos, entre prédios em ruínas.
Sofrem também, com o efeito maléfico das bombas.
A organização dos governos caíram é cada um por si.
As águas estão contaminadas. A cada dia, morrem milhares de pessoas, se não pela violência urbana, mas pelas pragas, fome e cede.
Caio viu isso em todos lugares e em toda parte do mundo.
O mar invadiu grande parte das terras, cidades inteiras foram inundadas. O homem conseguiu, finalmente, destruiu o planeta. Caio agora sabe onde tem que ir, ele tem essa informação.
Egito é o seu destino. Exatamente, às pirâmides do Egito. À necrópole de Gizé, a grande pirâmide.
Lá chegando, percebeu que boa parte do monumento, se manteve intacto. Em uma das pirâmides, a maior, Caio tocou em um bloco de pedra. Imediatamente, uma câmara secreta se abriu entre os blocos.
Capítulo 05
Caio entrou, sabendo o que procurar. A câmara secreta, guardava segredos que só poderiam ser revelados no tempo e na situação adequada.
A hora é agora, e Caio é o instrumento!
Naquela sala, coberta de cristais, semelhante as vistas por Caio no Pólo Sul, começaram a brilhar.
Ele não parecia surpreso, parecia esperar esta reação.
Painéis de cristais se abriram, luzes multicoloridas refletiram em todas as direções.
Uma cena maravilhosa! Um compartimento parecido com um armário de cristal se abriu. Dentro, continha um traje, semelhante a um macacão feito de cristal.
O aspecto era de um traje espacial, mais bem diferente aos que conhecemos. O tecido se misturava aos cristais, em uma aparência uniforme. O traje se mostrava dentro do compartimento, como se flutuando. Sua posição em aberto, esticado no ambiente, sugeria a sua colocação.
Caio, olhando para o traje, parecia saber o que fazer.
Em seguida, entrou no compartimento e virou de costas, o traje, parecendo ter vida própria, ajustou-se no seu corpo de tal forma, que parecia ter sido feito de encomenda para ele. As medidas se encaixavam perfeitamente. Um par de botas, semelhante ao traje, estavam também à sua disposição.
O uniforme estava completo, porém não havia luvas nem capacete, como se vê em trajes espaciais.
Caio saiu do compartimento que mais parecia um armário de energia. Observou com atenção, toda a extensão do traje, parecendo saber o seu propósito.
Dirigiu-se a um dos painéis abertos, de frente a este painel, semelhante a uma estrela de cristal, tocou em uma lâmina vitrificada. A sala se fez luz mais intensa.
Todos os painéis refletiram ao mesmo tempo, de frente ainda ao painel em forma de estrela, mensagens em forma de luz, eram transmitidas a ele. Como se em transe hipnótico, mantinha-se inerte.
Seu traje, igualmente ao ambiente, manifestava-se radiante, como se tivesse vida própria.
Esta comunicação com os cristais, durou algum tempo, não sei ao certo, talvez horas, porém ao cessar, Caio obteve mais informações do que gostaria ter tido. Um novo painel se abriu, agora parecido com uma gaveta. Dentro dela, havia muitos anéis, feitos também de cristais.
Caio contou um por um, em um total de novecentos e noventa e nove anéis. Agora sabia o que deveria fazer com eles. Esses anéis, colocados um a um, no seu traje, fundiam-se com ele, parecendo fazerem parte do mesmo. De volta ao painel estrela, tocou em outra lâmina vitrificada. Surgiu um cristal, em um formato cilíndrico e uniforme, Caio o pegou e o adicionou também no seu traje, na altura da cintura.
Mais uma vez, o objeto cristalino, fundiu-se ao seu traje.
Sua missão ali, estava completada. Saiu da câmara e esta, fechou-se. Uma coisa incrível aconteceu, seu traje cristalino, em exposição à luz do sol, sofreu uma reação bioquímica. Antes, semelhante a cristais brilhantes, agora assumindo uma tonalidade escura, quase negra.
Impressionante! Acredito, por ele ser, uma espécie de fonte de energia, reconheceu a origem da luz e se adaptou ao ambiente, pois o negro absorve a luz, em quanto o claro, as repele. Acredito ser esta, a explicação para o fenômeno. É incrível, simplesmente fabuloso! Nosso aventureiro viajou mais uma vez, desta vez, decolou como se fosse um genuíno super homem, certamente, uma das funções do seu traje.
Seu destino: Grécia, mas precisamente, a Acrópole de Atenas. O partenon, o templo construído em homenagem a deusa Atenea. Lá, Caio observou com cuidado as ruínas, sabia exatamente onde procurar.
Onde antes havia a estátua da deusa, hoje demolida, Caio se posicionou frente a uma parede. Nesta parede, com símbolos e inscrições, havia um pequeno orifício.
Caio tirou um cristal do seu traje, aquele que pôs na cintura, na pirâmide no Egito.
Introduziu-o no orifício e uma porta secreta se abriu.
Caio entrou, como se conhecesse o ambiente. Lá dentro, uma pequena sala, assemelhava-se com as outras, que antes ele havia estado. Mais uma vez, informações através de luzes, fluíram pelo seu corpo.
Cada ponto de cristal no seu traje, parecia direcionar-se ao ambiente de luzes, refletindo-se as mesmas.
O tempo passou, não sei dizer ao certo. Ao cessar, o que deveria ser, um contato de identificação de conhecimento, Caio sabia mais!
Um novo cristal surgiu, semelhante ao anterior, e Caio, o adicionou no seu traje. De posse aos dois cristais, saiu da câmara secreta, e a mesma fechou-se.
Outra vez caio voou, sabendo o rumo a tomar.
Seu destino: América Central, Peru, antiga cidade de Áspero, Vale do Supre, Litoral Central, outra civilização antiga e em ruínas.
Já no meio da cidade, Caio procurou o seu destino.
No subsolo, em uma profundidade aproximada de cinqüenta metros, estava lá, o portal de pedras, o qual Caio posicionou o cristal, que serviria de chave, para a sua abertura. O portal se abriu, na forma de uma grande pedra se arrastando. Caio entrou, como se pulando dentro do túnel. Dentro da câmara, a escuridão se fez luz. Seu traje brilhava, refletindo luzes cintilantes, que eram respondidas igualmente pelas paredes de cristais. Ali continha o terceiro cristal, que se parecia com os outros dois.
Em uma coluna de pedra, este se mantinha imponente, e Caio o pegou, guardando-o no seu traje, igualmente os outros. A cena se repetiu, ao sair, a câmara fechou-se. Parte de sua missão estava completada.
O passo a seguir, seria identificar os escolhidos.
Caio voou! Seu traje brilhante, mais uma vez, em contato com a luz do sol, ganhou a aparência escura, quase negra. Sua missão agora: Onde, como e a quem iria dar os anéis de cristais que estavam em seu poder?
O critério de escolha, não caberia a ele, Caio entendeu isso. Ele somente teria que procurar os escolhidos, os anéis fariam o resto. Começou pela América Central, onde já se encontrava. Instintivamente, sobrevoava as áreas, de possíveis localizações de grupos refugiados. Devido a grande guerra, constantemente em determinadas regiões, onde ataques nucleares foram feitos, chuvas ácidas caiam e obrigavam os sobreviventes esconderem-se em cavernas, prédios, em ruínas, túneis e onde mais fosse possível. A lei era da sobrevivência. A procura de comida e água, limitava-se em áreas urbanas, invasões de antigos super mercados, lojas e outros lugares que se mantiveram intactos, ou semi- destruídos. Prédios e casas eram constantemente abordadas por pessoas famintas e sedentas. Homens e mulheres de toda as idades, viviam diariamente à procura da sobrevivência.
As pragas ainda matavam. Os mais fortes, tomavam dos mais fracos o fruto da empreitada diária, não permitindo lealdade, na lei da sobrevivência.
À noite, os mais fracos refugiavam-se, temendo a escuridão e o perigo que ela representava.
Ex- militares, com suas armas de combate e veículos,criavam milícias, impondo pela força, o poder do mais forte. O mais forte sobrevive, esta é a política atual. Caio viu tudo isso! Por onde passava, ficava rumores de fanáticos religiosos, que um novo messias estaria procurando seus escolhidos. Os rumores não estava longe da verdade. Multidões aglomeravam-se em sua volta quando ele aparecia.
Admiravam seu traje, querendo tocá-lo. Caio retirava os anéis de sua roupa e aguardava alguma reação.
Nem sempre, mas quando acontecia, os anéis brilhavam intensamente em cores multicoloridas, escolhendo a quem se dirigir. Caio dava o anel ao escolhido, avisando-o que aguardasse, que em breve teria notícias. O critério do anel, parecia misterioso,
nem mesmo Caio sabia como funcionava a escolha.
O anel se manifestava e pronto, brilhava intensamente. Homens, mulheres, crianças ou idosos, não importava, era o anel que escolhia. Curioso que, se encaixava perfeitamente no dedo do escolhido.
Os demais por perto, não entendiam muito bem o que aquilo significava. Porque um anel ajudaria alguém a sobreviver naquele caos? Mas quem era escolhido, instintivamente sabia. A função de Caio, era encontrá-los e quando isso acontecia, mais perto do final a sua missão estaria.
E assim, se deu. Caio viajava a todos continentes.
Em cada canto, vilarejo, áreas urbanas ou rurais, Caio estava lá, procurando os escolhidos dos anéis.
O boato que passou a correr entre as multidões, era que um estranho cavaleiro voador, estaria escolhendo alguém que se revelasse o messias! O grande salvador!
É compreensivo as dúvidas e os boatos. Na verdade, Caio não explicava a ninguém, o verdadeiro objetivo do anel. Dava-lhes somente a esperança, que algo de bom aconteceria. Ele sabia o pânico que estava causando, mais também sabia que isto era inevitável.
E assim aconteceu. Nas Américas, África, Europa, Ásia, Oceania, em todos lugares possíveis, até mesmo em pequenas ilhas. Nesta busca, um bom tempo se passou e Caio pensava em Ohana e em seus filhos todos os dias. Tanto na legítima, como no adotivo.
Mesmo com aparência de jovem, sentia-se com muita idade, como se a sua responsabilidade fosse maior que o tempo. E mais uma vez, pensava em Ohana, Liza e Gabriel. Será que estão bem? Acreditava que sim, mesmo sentindo saudades, não poderia se dar ao luxo de estar com eles, sua missão teria que ser completada, e para isso, faltava bem pouco, os anéis distribuídos, já chegavam ao número de novecentos e noventa e seis, pois três, foram reservados a sua família.
Caio não precisava se alimentar igual a um simples mortal, sua necessidade orgânica, era compensada pela energia do sol e outros elementos da natureza.
Capítulo 06
Chegou a hora de visitá-los!
Caio atravessou o Oceano Atlântico saindo da África.
A saudade era tamanha! Seu coração pulsava mais forte, à medida que se aproximava do Brasil! Pensava no reencontro com Ohana, Liza, Gabriel. Sim, ele tinha uma família à sua espera! Chegou! Está agora sobre o pequeno sítio. Não vê nenhum movimento, o local está depredado, o pequeno casebre, demolido.
O coração de Caio dispara, um milhão de possibilidades passam por sua cabeça. Sim, ele foi
negligente, o sentimento nesta hora era de culpa.
Sua ausência, induziu sua família às dificuldades, o qual poderia ter sido evitado. Caio sabia das suas responsabilidades, mas se sentia culpado por ter dado as costas a sua família por muito tempo.
O sentimento de fracasso o devorava. Ele tinha o poder nas mãos, porque não usou? Sabia que, se desejasse, encontraria uma forma de protegê-los.
Era este, o pensamento de Caio naquele momento.
Vasculhou todo o sítio, constatou! Estava mesmo vazio! Neste momento, sua mente tomada por remorsos e agonia, desejou com tanta força e determinação, que seu corpo brilhou. Já era noite, o sítio se fez dia, de tanta intensidade a sua luz. Ele lembrou que já tinha feito isso uma vez e tentaria outra vez.
Sua mente agora, serena e determinada, viajou!
Caio pediu: - Estejam pensando em mim!
Seu corpo estava ali, mais a sua mente e a sua vontade,
estavam buscando nos rostos desesperados por onde passava. Olhava, buscava, em cada canto, em cada esquina, nos prédios em ruínas, nas aglomerações de flagelados, amontoados como podiam, as lágrimas dos seus olhos decaíam, tantas desgraças, quantos lamentos, muito sofrimento. Depois de algum tempo nesta empreitada e já desanimado, Caio conseguiu e mais uma vez, Ohana estava pensando nele!
Agora ele sabia. Sua mente retornou ao seu corpo e a suas mãos, constatou as lágrimas no rosto.
Sua família se encontrava, a duzentos quilômetros dali,
Dentro do que parecia, um prédio em ruínas.
Caio, apreensivo chegou ao lugar. Em um canto deitados, cobertos com um pano velho e jornais, lá estavam eles!
Estado deplorável, igualmente a muitos outros que ali se encontravam! Ele se aproximou lentamente, temendo o que encontrar. Liza, foi a primeira que o avistou, arregalou os olhos de surpresa e alegria!
Acordou Ohana e Gabriel em um sobre salto:
-Mãe, acorda! É o papai! - Gabriel, é o papai!
Sim, é Caio! Com os olhos em lágrimas, presenciando
a sua família e as outras, naquele ambiente repulsivo.
Ohana, lentamente sentou-se. Estava debilitada, doente, ardendo em febre. Meio a delírios, não acreditava muito no que via. Caio, com aquele traje brilhante, mais parecia um cavaleiro da luz. Seu traje neste momento, refletia uma luz suave e azulada, semelhante as fosforescentes que conhecemos.
Ele abaixou-se junto a Ohana e a abraçou.
Liza e Gabriel, se juntaram ao abraço.
Constatou que Ohana estava doente.
A dias que eles não comiam! Água, beberam ontem, pois alguém ao lado teve compaixão e dividiu a sua, conseguida com muito custo.
Caio deitou Ohana, com a mão no seu peito, se concentrou. Em pouco tempo, começou fluir pelo seu corpo, toda a sua energia. Ohana tinha contraído malária, e estava muito fraca. Em pouco tempo, a energia de Caio surgiu efeito e ela se recuperou.
Os grupos de flagelados, deitados ali por perto, levantaram-se e fecharam o cerco sobre eles.
Todos queriam ver aquele homem, que brilhava no escuro, atraídos similarmente, como insetos na lâmpada. Caio pegou Ohana nos braços e se dirigiu a saída daquele lugar. Liza e Gabriel, assustados com a multidão, se agarraram nele e saíram.
Seu traje, sem dúvidas, chamava a atenção e até um certo ponto, compreensivo, afinal, todos ouviam histórias de um cavaleiro negro, outras vezes brilhante, que visitava pessoas com anéis e depois saía voando como se fosse um super herói, de revista em quadrinhos.
Eles se distanciavam, enquanto eram observados pela multidão.
Andaram algum tempo, acharam um lugar mais discreto. De baixo de uma construção, que antes parecia ter sido uma ponte, pararam. Lá, um casal com uma filha já estavam, pediram licença e sentaram-se.
Caio quis saber o que ouve, porque se encontravam naquela situação. Ohana explicou: - Logo após ele ter ido embora, o sítio foi invadido por um grupo,
fortemente armados, não deu tempo de nenhuma reação, por sorte, não os fizeram mal, mas os expulsaram do sítio. Andaram por muito lugares se escondendo, mais então, Ohana ficou doente, Liza e Gabriel, preferiram se misturar com os outros, para terem mais chances de sobrevivência e vieram parar neste lugar. Ao finalizar as explicações, ela desabafa: - Graças a Deus, você chegou!
Caio, ainda com um sentimento de culpa, não teve coragem de se explicar, tirou do seu traje, um dos três anéis. Na ação de pôr no dedo de Ohana, o anel caiu no chão. Rolou até aos pés da menina, que estava sentada, bem perto deles. A menina pegou o anel e foi devolver a Caio. O anel brilhou em sua mão!
Ele percebeu que, aquela menina, aparentado ter uns quatorze anos, era mais uma escolhida e deu o anel a ela.
Retirou os outros dois anéis do traje e ofereceu-os aos pais da adolescente. Os anéis brilharam também em suas mãos! Caio tinha os reservados a sua família. Ganharam agora, um novo destino. Ele olhou Para Ohana,Liza e Gabriel e deu um discreto sorriso.
Olhando ainda para eles, imaginou se os anéis brilhariam em suas mãos. E se não brilhassem? E se os anéis não os escolhessem? Acho que foi melhor assim. Ao menos lhe seria reservado, o beneficio da dúvida! Caio, resignado, pensou com firmeza: -É a minha família, e irão comigo! Caio se despediu daquele pessoal e pediu que aguardassem, em breve estariam juntos.
Ohana estava bem melhor, a febre já tinha sumido, os sintomas da doença, pareciam não mais existirem.
Já estava amanhecendo, Caio decidiu pôr em prática, o restante da missão.
Não distante dali, um grupo de violentos fanáticos, os procuravam. Sabiam através de outros, da sua presença e foram abordados. Caio não parecia estar com medo, na verdade, sentia pena daquele povo.
O mais velho do grupo, um senhor magro e barbudo, com uma aparência de uns setenta anos, parecia ser o líder. Então disse:
-Quem és tu forasteiro? -Vieste trazer mais desgraças ao nosso povo? Não deixaremos! -Serão punidos!
Aquele grupo de fanáticos, não estavam preparados para aquela situação. Temiam a presença de Caio, sem nem mesmo saberem porque! Sua presença causava-lhes medo. Sua roupa imponente, parecia a eles, um enigma. O líder, determinou a ordem aos membros armados: - Prenda-os, serão castigados!
Três homens armados de fuzis, apontaram para Caio em atitude de intimidação. Caio recolheu a sua família com os braços, simulando proteção e os puseram atrás de si.
Não quero fazer mal a vocês, deixe-nos ir.
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