A Saga de Aba Jeva Capítulo III

C A P Í T U L O III -LUSTROS

Kaklius, virou o seu corpanzil não sem grande dificuldade, afinal a agilidade nunca fora o forte dos casaquianos, para melhor ouvir o sinal que vinha da sua microtela, que normalmente deveria estar afixada a um de seus pulsos,mas que pousava sobre uma espécie de mesa metálica,

Com a Grande pacificação, os testes realizados determinaram que aos casaquianos caberia funções em que a força física predominasse. Na verdade os habitantes do terceiro planeta da estrela Papcos, não eram dotados de grande inteligência e por isso lhes foram reservados os serviços pesados.

Kaklius era uma exceção , poderia se dizer, já que ocupava um cargo que, por força das circunstâncias passara a ter grande importância. Kaklius era o chefe da guarda do grande presidio de Lustros , uma das capitais do Macro Império de Godim-Rutan.

O presidio era uma imensa construção de mais de mil carps de idade e de há muito era raramente utilizado, tendo como ocupantes, normalmente , imigrantes ilegais e piratas do espaço , geralmente fugitivos de outras penitenciárias, que depois de curta estadia ,eram recambiados aos seus planetas de origem.

Totalmente controlado por sofisticados sensores , Kaklius tinha como auxiliares apenas dois gurdanianos que apesar de muito mais inteligentes que os casaquinanos ,eram conhecidos pela sua grande indolência.

-Kaklius, responda ?

O chefe da guarda logo reconheceu a voz de Lekif , que ocupava a cabina de controle de entrada do Sistema.

-O que foi,Lekif.o que há de tão importante que você tenha que interromper o meu descanso?

-Uma delegação de rutanianos querem falar com o prisioneiro imperial...

-Já lhe disse que só delegações mistas autorizadas pela Comissão Central poderão se dirigir ao prisioneiro.Eles tem qualquer dek autorizativo?

-Não senhor,mas...

-Então mande-os a merda.

Kaklius, desligou a sua micro -tela e voltou a se esticar em sua enorme poltrona de antigravidade, que permitia que ele ficasse flutuando a milimetros de seu assento , mas o suficiente para garantir-lhe uma incrível sensação de bem estar.

Logo o chefe da guarda ressonava e tudo indicava que assim ficaria por longo tempo,se as portas de sua câmara não tivessem se abertos subitamente e o corpo do pobre Lekif fosse arremessado de encontro ao casaquinano, por dois enormes guardas de Rutan.

Kaklius teve a reação de usar sua arma, reação esta interrompida com a chegada de uma figura impressionante. Alto, olhos enormes , a tez esverdeada, vestindo uma espécie de túnica sob a segunda pele de lintro,e na cabeça a Pedra de Albano, fixada sob uma tiara translúcida, símbolo do poder do Macro Império, Alaterps II, Coimperador , um dos dois homens mais importantes do Universo.

-Grande Imbecil do mais imbecil dos planetas , como ousa impedir meu ascesso.Colocarei-o a ferros junto com este outro estrume.Abra as cancelas ,que eu quero falar com o assassino.

Kaklius já ia cumprir a ordem ,quando um grupo de soldados godinianos armados antecederam a chegada da outra pessoa mais importante do universo .O coimperador Messus trajava uma segunda pele azul ,cor de Godim, com o cinturão purpuro onde estava encravada a Pedra de Albano,e postando-se em frente ao rutaniano fez o gesto clássico de respeito:

-Saudações imperiais,Grande Alaterps.

O rutaniano repetiu o gesto de maneira brusca , indicando um evidente descontrole:

-Saudasses imperiais,Grande Messus.

-Surpreende-me esta visita sem qualquer informação,quebrando todos os acordos que fizemos a poucos atmos.Principalmente com a utilização de violência física.

-Não sabia que para visitar um de nossos territórios precisava pedir autorização e muito menos que deveria acatar ordens de um gurdaniano e ser impedido de entrar para interrogar um preso do Macro Império.

-Em primeiro lugar hà ciclos que Vossa Coalteza não visita este sistema e depois o preso é meu filho .

-Assassino de meu filho mais velho...

Messus , percebia-se ,controlava-se o máximo que podia.Era desgastante os diálogos com o rutaniano.O coimperador não gostava de falar , mas a mente dos rutanianos era absolutamente impenetrável, o ,que impedia qualquer tentativa de comunicação telepática.

-Sabe muito bem, Coalteza que eu já lhe disse da certeza que tenho da inocência de meu filho, mas que era direito do Macro Império , a vista das circunstâncias ,apurar os fatos e levá-lo ao veredicto de Tolhan.Para isso , de comum acordo criamos a Comissão Central,cujos membros indicados livremente por nós,cuidariam de toda investigação. Não me lembro de que constasse qualquer coisa sobre o direito da Coalteza de interrogá-lo.

-Eu não pretendia interrogá-lo,Messus.Eu queria apenas conversar com ele.Ouvir dele qualquer coisa que explicasse este assassinato.Voce sabe que ele é para mim como um filho.Não sei se sofro mais pela morte de meu filho de sangue ,ou pela dor de ver Losas preso. Desde a Grande Pacificação que nossos filhos ,herdeiros do trono do Macro Império São criados dessa forma.O rutaniano pelos godinianos e o godiniano pelos rutanianos, até que atinjam a maioridade.

Messus colocou a mão sobre o ombro de Alaterps:

-Eu sei muito bem o que sentes ,meu querido irmão ,mas sabes que por traz deste drama que vivemos existem pressões políticas dos que querem a ruptura do Império e a volta de um passado de guerras.Por favor ,vá falar com o nosso filho,mas antes liberte estes pobres guardas, que apenas cumpriam ordens,

Alaterps transmitiu uma ordem mental a seus guardas que de imediato dirigiram contra Lekif um raio que o despertou.Lentamente o gurdaniano se refez e a um comando de Gaglius, acompanhou o rutariano em direção a cela.

Messus preferiu ficar na sala da guarda e não se fez de rogado, quando Gaglius ofereceu-lhe o acento antigravidade. O Coimperador sentia-se cansado . Afinal os últimos atmos foram terríveis.Seu filho preso acusado de ter assassinado o Coprincípe, o Macroimpério a beira de uma guerra que talvez significasse a destruição do próprio universo.

Já fazia milhares de carps que o universo Alfa não conhecia a guerra. A última quase expulsara a inteligência do cosmos. O poder de Alfa era dividido em duas facções rivais que dominavam,cada qual , uma fatia do universo,Eram milhares de galaxias , muitas delas hà grandes distâncias, cujos habitantes nunca imaginariam encontrar-se no meio da mais destruidora das batalhas.

Várias foram destruidas .Nelas a vida que tanto tempo demorára para se transformar em inteligência,acabara numa fração de setmos.Para aqueles povos não haveriam manhãs, tardes e noites. não mais existiria esperanças Em algum lugar um ser igual a qualquer um de nós , porque dotado de inteligência perdera a vida e nunca soube porque.

Entretanto aquela guerra trazia um dado diferente quer para o Império de Godam , quando ao de Rutar,Tanta destruição abalara o equilíbrio de Alfa.Sistemas planetários inteiros eram pulverizados e tanta matéria destruída levara o universo a se defender , criando milhares de buracos negros.

Galáxias inteiras eram sugadas e os habitantes de Ruttar e Godam , assistiam incrédulos aquele céu se transformar a cada segundo. A guerra cessou. Cientistas de ambos os lados estudavam uma maneira para interromper aquela terrível reação em cadeia , uma maneira de reverter o fim dos tempos.

Todas as hipóteses propostas eram estudadas , até as mais absurdas, porém a única que obteve o consenso da maioria , foi a tese do cientista ruttagodiniano,Aba Jeva. Em síntese , Aba Jeva ,acreditava que a ânsia de destruição tinha levado a guerra para regiões muito próximas dos limites do universo,talvez ao ponto em que se deu a grande explosão inicial.Isto fez com que a força de expansão cessasse.

Segundo sua explicação . a coisa funcionava como uma bexiga ,que de repente se parava de encher, ela se retrairia com enorme velocidade, murchando.Para Aba Jeva o universo murchava . Porém havia uma esperança, segundo ele a única .Deveria haver ainda muita matéria a ser transformada.Uma imensa represa de fotons, protons, eletrons e neutrons,aguardando o momento de se juntarem formando átomos, repetindo o mesmo momento mágico da criação do universo.

Se se chegasse a tempo,talvez se conseguisse reascender o fogo dos fogos e repetir a grande explosão criadora , que sopraria a vida para longe de sua ,até aquele momento, inevitável destruição . A grande pergunta que se fazia era como desencadear aquela que seria a maior liberação de energia que o homem jamais conhecera?

Aba Jeva acreditava que fora o uso da mais potente arma já criada , a Bomba de Mesons, que levara a interrupção da explosão , algo como se apagar fogo com fogo.Propunha portanto que se construísse uma nave extremamente rápida que levasse apenas dois passageiros. Ele , Aba Jeva e a bomba, que se explodisse no local exato, reativaria o universo;

Mesmo sendo a tese que mais adeptos teve, não lhe faltaram críticas . não existe sequer uma certeza científica de que o universo teria surgido de uma explosão, diziam uns, ou que se esta tivesse existido, já não mais teria qualquer relação com a estabilidade do universo .

Entretanto . os críticos ao plano de Aba não apresentaram qualquer outra alternativa, que representasse uma possibilidade de se estancar o inexorável avanço da grande hecatombe , o que levou a ordem dos dois grandes impérios para que o plano fosse imediatamente viabilizado.

Durante o tempo em que se preparava a missão, noticias chegavam informando sobre o avanço da devastação. Alfa estava sendo destruído e os efeitos da catástrofe se aproximavam cada vez mais ,quer de Rutar, quer de Godan.

Toda a imensa tecnologia dos dois maiores inimigos do universo foi colocada a disposição de Aba Jeva e logo a mais veloz astronave estava colocada em seu hangar. Aba Jeva a batizou de Agatriel , que era um ser alado , enviado pelo deus supremo Ketecsal, para a salvação do povo godiniano.

A nave era movida pelo mais potente motor de fotons já construído . Era toda azul , cor escolhida por Aba Jeva , e em vermelho o seu nome Agatriel. Por sob a fuselagem um bólide purpuro com quase dois terços do tamanho da própria nave . Era a bomba de mesons, antes uma arma de destruição e agora a única esperança de salvação.

O grande problema que movimentava os cérebros humanos e eletrônicos era a de obter a equação certa para que Aba Jeva fosse onde nenhum habitante do universo chegara. Ao ponto exato de seu início.De fato por mais potente que fosse o motor de fotons , uma viagem aos confins de Alfa seria absolutamente impossível graças as enormes distâncias a serem percorridas.

Porém , graças a Hor,um cientista de um dos mais longínquos planetas do Império Rutaniano , ficou provado que era possível utilizar-se de atalhos, chamados de túneis fotonicos que encurtavam o tempo das viagens inter estelares.O problema maior era que a utilização de um túnel indevido poderia fazer com que a nave se perdesse para sempre no universo.

O único dado que tinham era apenas uma probabilidade . Um foguete mesons teria indevidamente penetrado por um túnel tendo chegado até o local da grande explosão e detonado.Os foguetes mesons eram utilizados pelos dois mundos em conflito e devido ao seu altíssimo custo sabia-se que ambos os lados se utlizaram de pouco mais de uma centena , a grande questão era saber qual deles se desgarrara.

A única maneira de se checar a rota a ser utilizada pelo Agatriel era descobrir qual foguete que penetrara no túnel de fotons e de que base secreta ele teria sido lançada.Para tanto foram solicitadas quer a Ruttar , quer Goddann, as telemetrias de todos os foguetes lançados e seus alvos.

Ambos os lados , por seus porta-vozes consideraram o pedido absurdo. Se fornecessem tais dados ,segredos militares indispensáveis a manutenção da segurança imperial, seriam revelados tornando-os presa fácil do inimigo. De nada adiantaram os pedidos das lideranças civis e científicas de ambos os lados, os dados não seriam fornecidos.

Aquela noite parecia mais uma noite como tantas em Lustros .Apesar da tensão existente , constantemente ativada pelas notícias veiculadas pelos jornais virtuais, a população participava da grande festa de Ketecsal , o grande deus mitológico godiniano.

Era uma noite quente e clara , com as duas grandes luas de Godan brilhando .Milhares de pessoas se aglutinavam para o grande climax da festa, ou seja a exibição nos céus da epopéia de Agamedes ,um dos eleitos de Ketecsal. A exibição consistia em transformar o céu de Lustros em uma enorme tela,onde se exibiria o laserfilm.

No meio do firmamento o símbolo de Godan , a Grande Constelação de Lour, com sua formação de flecha , que era representada nas armas do império. De repente, um clarão , um enorme silêncio se fez e a multidão aturdida viu , uma a uma apagarem-se as estrelas que compunham a constelção.Em segundos Lour desaparecera.

Pela manhã , os cientistas tinham em suas mãos não só os dados dos foguetes messons de Goddin , mas também os de Ruttan, com a única condição de que nem mesmo os cientistas saberiam a que lado pertenceriam . Imediatamente estes dados foram analisados e conferidos até que se descobriu o que parecia a grande chave da questão.Um foguete meson se extraviara e fora dada uma ordem de autodestruição que ao que parecia não tinha sido atendida.

Por sorte, após o último contato regular, quando já se imaginara que o bólido tinha sido destruído um novo contato tinha sido feito, provavelmente de dentro do túnel de foton. Projeções foram feitas e finalmente se obtivera uma rota provável.

Uma enorme Multidão comparecera ao Espaçoporto de Abtos , capital de Rutan , finalmente o Agatriel partiria.Ovacionado pela Multidão, Aba Jeva adentrou a espaçonave . Acomodou-se em seu acento e aguardou o comando telepático da central.Quando este veio, ele calmamente acionou a antigravidade e o Agatriel se elevou aos céus.