A invasão da Terra
A invasão da Terra
O relógio despertara normalmente. Andrews odiava aquela musiqueta, pois era indício de que precisava levantar de sua cama confortável .
Andrews morava num bairro tranqüilo, porém muito habitado. As casas surgiam umas ao lado das outras como sementes lançadas ao solo fértil.As ruas eram arborizadas de ambos os lados , o verde da vegetação contrastava com o calçamento da rua com pedra bruta.
Andrews gostava de viver ali, havia certa ,magia envolvendo aquele local.Desde que terminara a faculdade de veterinária, e fora aprovado num concurso público, ele trabalhava no zoológico local. Grande era o seu carinho e interesse pelos animais.
Por onde passasse, aquele rapaz atraía a atenção de todos, por sua simpatia, simplicidade e sua beleza sem igual.Era simples, natural, e muito dedicado ao trabalho.
Assim, sua rotina era muito puxada, levantava cedo e dormia muito tarde.Entretanto, sentia que precisava continuar a sua missão.
Não era um simples trabalho,, ele tinha certeza era uma missão, um compromisso.
Olhou o horizonte, sorriu. Espreguiçou-se diante da janela, enquanto olhava as ruas , calçadas com pedras cinza e fosca... Mas. Lindas! Acariciou o gato de estimação, como sempre fizera. Entretanto, o bichano, reagiu inesperadamente, arrepiou-se todo, com se tivesse levado um choque elétrico muito forte, miou, mostrou todos os dentes e disparou casa a fora...
Andrews nada entendeu. Incrédulo, gritou:
-Venha cá Roger.., chamou Andrews. O que houve amigo?
Mas, Rogers já estava longe, ao final da frase..
O jovem voltou a sorrir e pensou consigo mesmo: Roger está precisando de uma companheira, uma gatinha simpática, só pode ser isso!
Olhou mais uma vez para o relógio e constatou que precisava correr. Já era um pouco tarde. Envolto estava em seus pensamentos que não observara
Um largo sorriso, emoldurou seus lábios, sacudiu a cabeça como se quisesse entender algo que ainda ignorava... Deveria ser o cansaço, excesso de trabalho.. Talvez... fizesse o tempo passar tão rápido!
Andrews comentou em voz alta:
_ É acho, que não é só o Rogers que anda solitário não...
Pegou sua roupa de dormir, entrou no box. Precisava urgentemente de uma ducha.Abriu o chuveiro e luzes invadiram o banheiro. Um curto circuito rompeu as paredes do banheiro, alastrando-se por todo o espaço!
O rapaz pulou, se encolheu em um canto, não tinha saída, era faísca para todos os lados. Andrews, morava sozinho com Roger seu gato, não tinha a quem pedir socorro, não adiantava gritar.
Pegou então a toalha, enrolou-se e tentou pegar a lanterna que ficava sempre na terceira gaveta do armário do banheiro, nesse momento tudo ficou as escuras, um escuro como nunca vira antes, a casa toda o quintal. Parecia que tinha perdido a visão.
Mas, para sua surpresa a lanterna não estava lá. Ele ainda procurava tateando com as duas mãos, mais nada! Havia desaparecido.
Uma onda de pavor e impotência invadiu o jovem veterinário.
Um tremor tomou conta de seu corpo inteiro, a toalha caiu, Andrews sentiu-se perdido diante do desconhecido. Não imaginava o que estava acontecendo, mas de uma coisa tinha certeza, não era um simples curto circuito!
Respirou fundo no meio das faíscas coloridas que não paravam de surgir e ponderou:
-A faxineira vinha uma vez na semana, sabia como o dono da casa era metódico, jamais mudaria nada de lugar...
Então. Algo de muito extraordinário estava acontecendo ali. Aquele aparente curto circuito, não poderia ser obra do acaso. As instalações elétricas tinham sidos revistas há pouco tempo, ele não descuidava da manutenção da rede elétrica, sabia dos perigos que correm pessoas relapsas.
A incerteza e o pavor , vinda do fato de que coisas haviam desaparecido ou sido trocadas de lugares. Mas, por quem?
E por quê? O jovem veterinário tateava no escuro, a procura de algo que o fizesse reconhecer sua própria casa. Sabia que estava ainda em seu banheiro, mas não reconhecia nada.
Assustadoramente, apesar de não ter saído de sua residência ele encontrava-se em um local estranho
Algo como um raio passou por suas pernas, zunindo velozmente como um filete de luz, sentiu a presença de Rogers, mas era apenas um foco de luz, em formato de um gato.
Assim nesse estado de desespero e incredulidade, dirigiu-se mais a frente na esperança de avistar a garagem pela vidraça do banheiro, apesar de não ter nem mais certeza de que estava no banheiro ainda. Parecia estar andando em círculo, como pessoas perdidas na floresta.
Naquele momento de solidão, Andrews voltou ao passado, queria estar junto com sua família lá no interior de Minas Gerais.
Sentiu saudades da proteção de seus pais, do aconchego de seus irmãos. Queria voltar ao passado se pudesse. Correr nos verdes campos e rolar na terra úmida, banhada pelo Sol. Entretanto deixara tudo para trás , indo em busca de seus objetivos, e agora estava ali, sozinho num lugar estranho. Não era sua casa, definitivamente não era.
Voltou a escuridão apagou da mente o passado, precisava resolver o presente, ou seja: aquela situação em que se encontrava. Com as mãos tocaram algo que parecia às janelas , os vidros, porém olhou e nada viu. Parecia que estavam fechados. Daí numa atitude desesperada, deu um murro no vidro na tentativa de encontrar uma saída.
Nada enxergava a não ser raios de luz, que cortavam o ar
Fazendo um barulho infernal. Mas sentiu no meio daquela frieza geral, o calor de sei sangue correndo de suas mãos, Era o único calor existente ali, naquele ambiente iluminado e escuro ao mesmo tempo, e tão frio!
Quando sentiu que atingira a vidraça, Andrews até ignorou a dor que sentira , tentou olhar através do possível buraco feito por ele na vidraça.
Precisava ver se seu carro estava lá. Poderia ser uma esperança de escapar daquele pesadelo. Mas, para sua surpresa, no lugar de seu carro estava um grande círculo de luzes esverdeadas.
E dele saíam luzes e mais luzes, infinitamente. Andrews, estava abalado com tudo que aquilo.Nunca pensara viver nada semelhante.
Precisava raciocinar, se e que isso fosse ainda possível.Ainda estava nessa tentativa , quando uma explosão de luzes ainda maior surgiu diante de seus olhos, algo como fogos de artifícios. Agora com som cortando o ar.
Uma silenciosa explosão!Inexplicável, explosão silenciosa!E parecia que seus neurônios entraram em sinapse com aquelas luzes e se tornaram uma coisa só.
Ele era agora um facho de luz e pairava no ar.
Tentava tocar em si e nada! Viajava pelo ar, dentro de sua própria casa, estranhamente iluminada por dezenas de luzes iguais a ele agora.
Andrews então percebeu As luzes eram seres vivos. E estavam se espalhando por todos os lugares.O mundo agora era uma seqüência de luzes. No momento de introspecção, Andrews, lembrou de seu carro, viajou ate a garagem nada achou. E agora estava ali.E vendo que todo o mundo se transformar em luzes.
No espaço sideral, a Terra refletiu toda a luz e calores, afastava e repelia qualquer possibilidade de resgate.
Seria o fim? Ou o começo ?
Pensava Andrews, flutuando no espaço e vendo e sentindo a invasão da Terra por seres iluminados, ou não?
Quem sabe?
Só o tempo poderá explicar.
Por LeandraTelles