Apenas o Silêncio
No silêncio absoluto do espaço, ele flutuava dentro da cápsula, os olhos fixos na vastidão negra e pontilhada de estrelas. O visor do capacete refletia seu rosto cansado, marcado pela incerteza e pelo medo. O oxigênio estava acabando. Sabia que tinha minutos, talvez segundos.
Pensou na finitude da vida, na insignificância do ser humano diante do cosmos. Seria a morte um fim ou um começo? A escuridão eterna o aguardava ou haveria algo mais além?
A cápsula começou a esfriar, e ele sentiu a respiração ficar mais pesada. Cada suspiro era uma luta, cada pensamento, um mergulho profundo na alma. “E se tudo que vivi não passar de um sonho?”, refletiu. “E se a vida não for mais do que uma breve faísca num oceano de trevas?”
Olhou pela escotilha e viu a Terra, um ponto azul distante e frágil. Seus olhos se encheram de lágrimas ao pensar nas pessoas que amava, na vida que deixara para trás. Pensou na beleza do planeta, no contraste entre a efemeridade da existência humana e a eternidade do universo.
O oxigênio estava no fim. Sentiu a consciência se esvaindo lentamente, um torpor que invadia seu corpo e mente. Fechou os olhos, entregando-se ao destino inevitável.
No instante final, uma paz estranha o envolveu. Talvez a morte não fosse o fim, mas uma transição, um retorno ao cosmos do qual todos viemos. Enquanto a escuridão tomava conta, um último pensamento cruzou sua mente: “Somos poeira de estrelas, retornando ao lar”.
E então, apenas o silêncio.