Ecos do Fim do Mundo #04: Black Rain
Ainda não dava para saber o que havia acontecido... todos estavam preocupados em sair dos escombros, dos esconderijos... de onde quer que estivessem.
E ainda sem saber o que havia acontecido, começaram a procurar pelos entes queridos... pelos amigos e vizinhos desaparecidos.
Eu me arrastei para fora dos escombros e olhei ao meu redor... era pior do que eu imaginava: praticamente tudo havia sido destruído... só restaram destroços e gente morta por todos os lados.
E então, depois do grande estrondo... do som da destruição... depois do grande silêncio que se fez, um novo e aterrador som pairou no ar: o som de vozes desesperadas... o som de choro, lamentos e desespero formavam um coro aterrador.
Parei por um momento para ver a minha situação: estava relativamente bem... depois olhei para os escombros do que até poucas horas atrás havia sido a minha casa... e aí pensei na minha família... no meu irmão e nos meus pais... eu estava sozinho em casa quando o tudo veio abaixo. Aonde será que eles estariam?
Tentei por os pensamentos em ordem: meu irmão, devia estar na escola; meus pais, no escritório, no centro da cidade. A escola do meu irmão era mais perto. Para lá então.
No caminho para a escola do meu irmão, eu via o desespero das pessoas nas ruas... algumas, andavam desnorteadas; outras, ainda tentavam retirar outras pessoas dos escombros; haviam pessoas abraçando os seus entes queridos mortos e haviam aquelas que já começavam a saquear as poucas estruturas que sobraram.
Era o caos... a fumaça subia aos céus e se misturava com a poeira no ar, deixando o dia escuro. O que teria acontecido? Bomba nuclear? Algum tipo de ataque? Invasão? Algum tipo de terremoto? À esta altura dos acontecimentos, desfilavam pela minha mente todas as possibilidades possíveis e impossíveis... o que poderia ter causado tal tragédia... tanta destruição?
Esses pensamentos distraíram a minha mente e isso me ajudava à não pensar no que poderia ter acontecido com a minha família.
Cheguei no quarteirão da escola do meu irmão e meu coração já estava apertado. Parecia que haviam passado uma vassoura gigante que varreu do mapa tudo o que havia ali... sobrou pouca coisa em pé. E aonde havia a escola do meu irmão... não havia mais nada. Andei pelos arredores tentando encontrar alguém ou algum vestígio de qualquer coisa... mas não encontrei nada.
Me sentei no chão e chorei... meu peito ardia... parecia que ia explodir. Tava difícil de respirar... de pensar. Minha vontade era de ficar sentado ali para sempre... mas então, me lembrei dos meus pais. Me levantei e me forcei à caminhar... mesmo sem saber par onde ir ou como chegar no centro da cidade... não haviam placas, veículos ou ruas... tudo era só desolação.
Começou a chover... era uma chuva negra e estranha, que queimava a pele. Corri e me escondi debaixo da lataria do que sobrou de um carro. Olhei para o céu escuro e para o horizonte desfigurado... só me restava esperar.
Depois que a chuva passou, sai do meu abrigo e me pus a andar sem me preocupar em escolher a direção... andaria até encontrar algum indício que me mostrasse para onde ir.
Denis, O Dreamaker
01/11/2010+19/10/2011
09:16
Nota do Autor 01: Depois de quase um ano, mais ecos do fim do mundo me chegam. São fragmentos de histórias sobre o fim do mundo, nos quais deixo minha mente viajar para tentar contar como seria esta tragédia.
Nota do Autor 02: título desse capítulo é uma homenagem à musica Black Rain do Soundgarden.
Nota do Autor 03: Em 2003, eu escrevi um texto intitulado “Ecos do Fim Do Mundo: O fim do mundo” que nos mostra a chegada abrupta do fim do mundo narrada por alguém. Posteriormente e de maneira esporádica, passei a escrever mais textos ambientados naquele universo distópico. Esses textos, seriam os últimos “ecos” de histórias de quem testemunhou o ocorrido e dos improváveis sobreviventes. Não me preocupei em contar como essa catástrofe aconteceu… queria que quem lesse os textos, se sentisse tão perdido e confuso sobre o que houve quantos os seus personagens, pois no universo dessas histórias, ninguém sabe o realmente o que houve, como aconteceu ou o que vem a seguir (nem mesmo eu sei).
Em 2021, eu escrevi um texto intitulado “Crônicas do fim do mundo em prosa e verso #01” que acabou se transformando em uma pequena série de textos que sinceramente, eu não sabia que rumo tomariam. Nesse mês de abril de 2024, eu fiz uma pesquisa sobre coisas que eu havia escrito com essa temática de “fim do mundo” e me dei conta de que eu havia criado duas séries sobre o tema (Crônicas do fim do mundo e Ecos do fim do mundo). Mapeei as datas em que os textos foram escritos e relendo-os, descobri que alguns deles poderiam estar ambientados no mesmo universo. Sendo assim, eu os organizei da maneira mais coerente possível e passarei a publicá-las aqui no Recanto. Espero que gostem e espero que novos fragmentos de histórias desse mundo surjam. Boa viagem ao Fim do Mundo!!!
A série "Ecos do Fim do Mundo" possui até o momento dez partes. Eis o que já foi publicado:
Ecos do Fim do Mundo #01: O fim do mundo
Ecos do Fim do Mundo #02: Pós-apocalíptico
Ecos do Fim do Mundo #03: Mais ecos...
Ecos do Fim do Mundo #04: Black Rain
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Colegas do Recanto, criei um grupo no WhatsApp no qual os escritores poderão conversar e interagir uns com os outros sobre os nossos processos criativos, produzir textos em conjunto e interações. A ideia é derrubar as barreiras entre nós e promover essa arte e necessidade chamada escrever. Deixem seus contatos pelo meu formulário de contato ou em comentários específicos para esse fim (os comentários são moderados e serão apagados a fim de preservar a privacidade de todos). Ideias se alimentam de ideias. Vamos nos alimentar?
Confiram outros textos inéditos de minha autoria:
Instagram: @deniscorreiaescritor (Pensamentos Soltos Traduzidos Em Palavras)
Zona Literária: https://minhazonaliteraria.blogspot.com
Terra dos Sonhos: https://sonhosdesperto.blogspot.com
Luso Poemas (Portugal): https://www.luso-poemas.net/modules/news/index.php?uid=17029
Caso gostem dos meus textos, curtam, comentem e divulguem!!!