PIRÂMIDES DO EGITO
DESVENDANDO ALGUNS MISTÉRIOS SOBRE AS GRANDES PIRÂMIDES
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Durante o período do Reino Antigo, as tumbas dos reis egípcios passaram por uma notável evolução arquitetônica, que começou com as mastabas e culminou nas monumentais pirâmides. As mastabas eram estruturas retangulares de pedra ou tijolo de barro construídas sobre o local de sepultamento, com câmaras subterrâneas. Durante a Segunda Dinastia (c. 2890-2686 a.C.), essas estruturas começaram a se desenvolver em termos de tamanho e complexidade. As mastabas da elite continuaram a ser construídas em Saqqara e Abidos, e eram consideradas os sepulcros mais prestigiados.
A transformação mais dramática, no entanto, ocorreu durante a Terceira Dinastia (c. 2686-2613 a.C.), sob o reinado de Djoser. Foi durante o seu governo que a mastaba evoluiu para a pirâmide de degraus, graças ao brilhante arquiteto e vizir Imhotep. Djoser decidiu construir seu complexo funerário em Saqqara e, sob a supervisão de Imhotep, uma simples mastaba foi transformada em uma pirâmide com seis degraus. Essa pirâmide de degraus, a primeira grande construção de pedra do mundo, marcou o início da era das pirâmides e foi uma demonstração clara do poder e da ambição do rei. Com essa inovação, a mastaba não só cresceu verticalmente, mas também se tornou um símbolo de ascensão espiritual e política.
A tradição de construir grandes monumentos funerários alcançou seu auge durante a Quarta Dinastia (c. 2613-2494 a.C.), particularmente sob os faraós Snefru, Quéops, Quéfren e Miquerinos. Snefru, o fundador da dinastia, construiu pelo menos três grandes pirâmides: a Pirâmide de Meidum, a Pirâmide Bent e a Pirâmide Vermelha, sendo a última considerada a primeira verdadeira pirâmide de faces lisas. Seu sucessor, Quéops, ordenou a construção da Grande Pirâmide de Gizé, a maior e mais impressionante de todas, seguida pelas pirâmides menores de Quéfren e Miquerinos no mesmo planalto.
Embora essas pirâmides sejam obras-primas da engenharia, um dos maiores desafios ao estudá-las é a ausência de registros detalhados sobre as técnicas e os cálculos utilizados na construção. Não há documentos egípcios sobreviventes que expliquem como eles movimentavam e empilhavam enormes blocos de pedra, ou como calculavam as inclinações precisas para manter a estrutura estável. O que sabemos vem principalmente de teorias baseadas em evidências arqueológicas e experimentações modernas, como o uso de rampas e a habilidade extraordinária dos trabalhadores egípcios em organizar grandes equipes de operários.
A construção desses grandes monumentos era extremamente dispendiosa. Requeria uma vasta quantidade de recursos, mão de obra e tempo. A produção de alimentos, o transporte de materiais e o alojamento dos trabalhadores eram todos custos significativos. Embora essas obras simbolizassem o poder dos faraós e a importância de seus cultos funerários, o gasto associado à manutenção do Estado e à construção dessas pirâmides pode ter contribuído para o declínio gradual do Reino Antigo.
Com o colapso do Reino Antigo no final da Sexta Dinastia, durante o chamado Primeiro Período Intermediário (c. 2181-2055 a.C.), o Egito foi fragmentado politicamente, e o poder real foi drasticamente reduzido. A economia, já sobrecarregada pelas grandes construções, sofreu um colapso. Como resultado, as gerações posteriores de faraós não construíram monumentos tão grandiosos quanto as pirâmides de Gizé. A construção de grandes tumbas passou a ser substituída por tumbas escavadas em rochas, menos monumentais e mais economicamente viáveis.
Nilo Deyson Monteiro Pessanha