FÉ INTERIOR
No alto dos seus 81 anos, Scaramouche reflete sobre a jornada singular que foi sua vida. Desde os ringues onde lutou com garra. Ele sempre carregou consigo uma convicção profunda: a diversidade de crenças e pensamentos é não apenas aceitável, mas essencial.
Para Scaramouche, o mundo é um espaço onde cada indivíduo tem o direito sagrado de seguir seus próprios caminhos espirituais, se assim desejar, ou optar por trilhar um caminho desprovido de doutrinas religiosas. Ele enxerga a vida como uma oportunidade para cada um descobrir e cultivar sua própria fé interior, uma conexão pessoal com algo maior que transcende definições dogmáticas.
Os não religiosos e ateus representam mais de um bilhão no mundo, é a terceira em adeptos, perdendo para o Cristianismo e o Islamismo e depois vem as centenas de credos e religiões. E todos tem seus motivos e devem ser respeitados. Os pensamentos e e o livre arbitro, fazem parte. A felicidade ou não, muitas vezes são escolhas.
Scaramouche nunca perdeu sua fé na capacidade humana de se erguer e encontrar significado na existência. Para ele, a ciência e a física revelam aspectos fundamentais sobre a origem e o fim da vida, mas é na jornada pessoal de cada ser humano que reside a verdadeira essência da vida feliz e plena.
Assim, Scaramouche não se apega a imagens convencionais e idolatria ou de um Deus antropomórfico, mas sim a uma divindade que reside na essência de cada indivíduo, uma força que inspira a compaixão, a tolerância e o respeito mútuo entre todos os habitantes deste vasto e diversificado mundo um pouco louco.
Neri Satter – Agosto de 2024 CONTOS DO SCARAMOUCHE