Palavra de Sith

[Continuação de "O Covil do Sith"]

- Bem-vindo às minhas humildes instalações, jedi.

O aposento onde Tarja Durgen havia adentrado era uma câmara octogonal, com paredes revestidas de lâminas vermelhas de cristal qixoni. No centro dela, erguia-se a base de um projetor holográfico, sobre o qual tremeluzia a imagem de um sith encapuzado: Darth Beith. Imediatamente, o jedi sacou seu sabre de luz e o empunhou com as duas mãos. O holograma o encarou com um sorriso irônico no rosto.

- Calma, jedi. Não desperdice energia tentando enfrentar alguém que não está aqui. Deixei esta mensagem interativa gravada, pois imaginei que um dia alguém da sua ordem bisbilhoteira iria aparecer, não importa quanto tempo se passasse. Pelo visto, calculei corretamente.

Sentindo-se um tanto ou quanto ridículo, ao ponto de ter suas ações previstas num comentário gravado, Durgen desativou o sabre de luz e o devolveu ao suporte no cinto. Constatando que a câmara era pressurizada, removeu a máscara de oxigênio. O holograma prosseguiu sua exposição, após parecer acompanhar as ações do visitante:

- Como já deve ter descoberto, estamos sobre uma grande massa de cristal kyber. Embora infelizmente eu não vá poder usá-lo diretamente, conto com a sua ajuda para implementar meu plano de dominação da Galáxia.

- Você deve estar louco! - Durgen não se conteve. - Jamais um jedi iria concordar em ser parte de tal sandice!

- Naturalmente, eu não pretendo lhe convencer a vir para o lado escuro da Força, - disse o sith, como se o houvesse escutado - mas nem preciso disso, na verdade. Você pode escolher viver e ir embora; neste caso, um circuito será ativado nesta câmara, disparando um feixe de energia que transformará todo o kyber no subsolo num grande relé hiperespacial; o planeta Alikar e todos que nele se encontram, inclusive eu, seremos libertados do lapso temporal, no qual aguardamos pacientemente o momento de retomar o que é nosso. Mas você pode decidir se sacrificar pela sua ordem, e sobrecarregar os circuitos da câmara com seu sabre de luz... neste caso, eu ficarei igualmente satisfeito, por ter eliminado ao menos mais um jedi.

O holograma parou de falar, como se estivesse aguardando a reação de Tarja Durgen, que enquanto isso pensava furiosamente. Que ele caíra numa armadilha, movido por sua própria curiosidade, tornara-se óbvio; tampouco podia sondar a mente do adversário, para tentar descobrir qual era o truque, pois ele estava diante de um holograma. A ideia de destruir a câmara, contudo, parecia sedutora, mesmo que implicasse sua própria destruição.

- Prefiro a morte do que colaborar com seus planos, sith! - Exclamou resoluto.

O holograma levou a mão ao queixo, encarando-o.

- Nem vou dizer que estou surpreso - declarou.

- Mas antes, vou ordenar ao meu assistente que saia do planeta - prosseguiu Durgen.

- Faça o que quiser, desde que não saia da câmara - alertou o holograma.

Durgen recolocou a máscara de oxigênio e ligou o rádio:

- Mumdur, está me ouvindo?

- Alto e claro, mestre. Ainda vai demorar aí dentro?

- Escute com atenção: preciso que volte para a nave e decole. Entre em órbita, e envie uma mensagem para o Alto Conselho, em Coruscant, informando que Darth Beith está vivo em Alikar, e que tem um plano de dominação da Galáxia.

- Mas mestre... - a voz do dalokiano soou aflita em seus ouvidos - e o que o senhor vai fazer?

- Tenho que tentar resolver o problema... se eu não fizer contato em uma hora, pode me considerar morto e partir para Coruscant.

- Mestre, tem certeza de que não deseja que eu entre aí e tente analisar a situação com você? Como diria um bicéfalo tughur, "duas cabeças pensam melhor do que uma".

- Não, Mumdur; você me serviu lealmente. Não vou arriscar a sua vida lhe colocando nessa enrascada. Parta agora!

- Ouço e obedeço, mestre. Mumdur desliga.

Agora totalmente só com seu desespero, Durgen voltou-se para a base do projetor, sobre a qual o holograma lhe encarava com os braços cruzados.

- Já disse adeus a todos os seus entes queridos? Espero que sim, jedi - disse o sith. - Está na hora de se juntar à Força.

Uma seção da base do projetor estendeu-se, revelando uma cavidade circular.

- Para sobrecarregar os circuitos da câmara, você deve encaixar o seu sabre de luz na cavidade que acaba de ser aberta na base do projetor holográfico - explanou didaticamente o sith. - Em seguida, deve acioná-lo, e tudo estará terminado.

Durgen não temia a morte, pois estava se sacrificando por um bem maior. Retirou o sabre do cinto e o encaixou na abertura, virado para baixo. Após um último instante de hesitação, apertou o botão que ativava a arma. Um clarão azulado surgiu na base do projetor. Em seguida, as paredes de qixoni se acenderam, mergulhando a câmara numa luz sangrenta.

- Obrigado, jedi - foi a última coisa que ouviu o holograma dizer.

- [Continua em "Cortesia de Sith"]