O MESSIAS & O HOMEM RURAL: Uma novela pós-apocalíptica.
Não foi preciso uma legião de bombas atômicas. O Estado nos abandonou. Polícia? Se não pagam impostos, são menos que lixo! O modelo de organização do Ocidente, uma vez adotado na China, o velho reacionarismo europeu... Tudo isso prejudicou ainda mais a situação americana. Não existem informações sobre a África. O número de pessoas impossível, a desertificação... A inflação... Ninguém mais tinha carteira assinada ou dinheiro para bens industriais. É uma escravidão sem senhor... Conseguem comida aqueles que dispõem de cavalos... Em uma antiga capital de país de terceiro mundo faz muito calor – e ainda tentam dar sentido e dignidade à existência.
Se há algo que não decaiu é o volume de arquivos. Toda a literatura está lá, embora envolta em pó e de utilidade duvidosa. O onanismo é o último remédio. Alguns foram viver entre os bichos. Há insistentes que se organizam em células de autossuficiência. Uma delas, localizada da forma mais ordinária, chama a atenção das chaminés, nuvens ácidas e do intenso sol. Não há nada que seja ilegal, embora a ausência de leis tenha findado a distinção. Alguém de alma jovem ainda caça novos valores. O que é um valor? No mundo sem mídia sequer se propaga o ideal do amor... Que animal político tem um intento, sórdido que seja? Esta é uma história que nenhum almanaque poderia conter... Seu registro estará apenas na brasa do fogo de um neo-Prometeu qualquer, que remeta à condição uma vez humana. De uma vez por todas chegou o ano (206X? A contagem tornou-se imprecisa.) da responsabilidade. Esta coisa estorvada que sempre pairou um pouco acima do solo sem sentir o seco, sem oprimir ninguém. Uma ventura sem rebanho! É demandado fazer-se deus.
Mostrar-se-á a degradação em pormenores e também o momento culminante da guerra dos indivíduos... Quando o exército de desabrigados, caravana ou bandeirantes da desolação, surge para implodir o que já estava semi-soterrado: a propriedade privada. Em busca de valores, cada um se apegava a seus apartamentos – ou ao que deles sobrou... As intempéries são piores à noite, mas não tem um indizível sabor achar-se o último, desobrigado de tudo e por isso mesmo soberano? Tempo é de incerteza e amor à vida. Este momento não tem comparação: somente é igual a ele mesmo...
Esboço de capítulos
O primeiro sábio sem nome
O artista supremo
A vida como ela é!
Todos os males vêm para o bem... Porque os males vêm para e por si mesmos.
Ulisses nunca termina de viajar, eis apenas um episódio...
Penélope Charmosa, rainha da costura
Diretrizes para a imortalidade...
RE-ESCRAVIZAÇÃO DOS FRACOS (que são os fortes de hoje)
Nada de ágoras ou interrupção da hereditariedade. Porém é certo que “pai” será apenas associação afetiva bem posterior ao nascimento, porque origem genética e fidelidade do casal são impossíveis de se verificar como padrão. Uma espécie de fluxo incessante entre transeuntes de povoação em povoação.
Valorização da sorte e das infinitas ou múltiplas alternativas. Não existem leis, todos criam e destroem e têm qualidades diferentes – e um poderio, em variável absoluta, quiçá maior porém sempre temporário e revogável.
Interiorização da ética artística, fusão de ética e estética, cristãos mantidos sob controle, embora se cace adeptos e se expurgue os indolentes que porventura nascerem entre os poderosos. GRANDES COMPETIÇÕES E EXPEDIÇÕES!