Um passo, uma matriz...
Vivian gostava de matemática e era formada em eletrônica na escola técnica local. Naquela noite ela chegara cansada da faculdade de engenharia na qual cursava o 4º período. Deitou-se após o banho quase desmaiando de sono. O dia amanhecera lindo. Estranhou sua amiga de muitos anos também formada pela escola técnica, mas em eletrotécnica procurá-la. Não haviam combinado nada. As duas vestiram-se e foram ao laboratório da escola onde amigos as esperavam. Eles haviam conseguido testar um projeto que Vivian havia abandonado. Sobre a bancada flutuava uma geringonça metálica e eles seguravam uma espécie de controle remoto semelhante ao de TV. Neste caso os direcionadores faziam o objeto que já flutuava se mover para a direção horizontal que a tecla correspondente fosse pressionada. Aquele resultado a que haviam chegado era a execução de uma idéia que ela tivera após ter estudado os princípios da gravidade. Seu próximo passo fora o desenvolvimento de um conjunto captador da energia da gravidade e de um re-direcionador dessa força. Ainda teria desenvolvido como parte do conjunto, um irradiador centrado em um objeto. Ela inverteria o poder de atração que ele sofria e o ampliaria irradiando-o contra a força original de forma controlada, podendo ampliá-lo até o limite da força do pequeno motor.
O motor por sua vez, possuía um sistema semelhante, cuja força que o fazia girar era movida pela mesma energia controlada e direcionada para seu interior, para dentro da bobina. Lá, a parte móvel girava pondo-o em movimento.
Na medida em que olhavam catatônicos o objeto voar pelo laboratório conforme fosse a pressão exercida no controle, suas mentes também voavam no significado daquela descoberta. Tudo teria começado a partir das idéias de Einstein e de sua tese a respeito da ligação que a gravidade da terra teria com a atração magnética dos pólos. Eram estudos incompletos que haviam sido retomados recentemente por um novo grupo de cientistas. Aquilo não poderia ter dado certo assim tão rápido e por amadores!
...Mas a realidade estava ali. Na sua frente. Se falassem sem poder demonstrar ninguém acreditaria. Eles mesmos custavam a crer! Passados os primeiros momentos eles sentaram e ficaram apreciando a mobilidade absoluta do mágico objeto. Pensavam em tudo que certamente mudaria para toda a humanidade. A matriz energética perfeita! Desde formas de locomoção limpa, viagens espaciais por todo o sistema solar e num futuro bem mais próximo, até fora dele (as naves, uma vez distantes da terra e sua influencia magnética, usariam os outros astros mais próximos a qualquer distância). Imaginavam como poderia ser a geração infinita de energia a partir de motores gigantes, silenciosos e não-poluentes que não precisariam de nenhuma força da natureza a não ser o poder de atração que o planeta exerce sobre tudo. Imaginavam todas as máquinas que usam propulsão própria e em muitas que hoje usam energia elétrica poderem ter ser próprio mini-gerador. Pensavam nas máquinas de irrigação, de plantio, de perfuração, de construção e nas infinitas utilizações do invento. O coração de Vivian disparava de tanta emoção.
Ela acordou assim, emocionada. Olhou o relógio. Ainda era 3 da manhã. Demorou um pouco e voltou a dormir. Precisava acordar dali há pouco para ir trabalhar.