A Saga de Godofredo Parte II – O Parente do Futuro
29.09.23
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Godofredo e Juliette chegaram ao anoitecer ao acampamento da sua família. Sua mãe, ao vê-la, veio imediatamente ao seu encontro, abraçando-a com força.
-Ah minha filha querida, que bom que está aqui – beijando-lhe o rosto.
Guillaume e o barão conversaram com Godofredo, que contou os fatos e as peripécias de Cons. Avisou-o mentalmente que estava com os Montfort e que protegesse de todas as formas possíveis seus antepassados em Estrasburgo.
Estava exausto! Não dormia há quase três noites. Tirou o arreio do seu cavalo, deitou-se sobre ele, pedindo a Guillaume que o acordasse antes do alvorecer. Juliette veio e se aninhou junto ao seu corpo, abraçando-o. Dormiram a sono solto.
Cons., escondido no mausoléu no cemitério de Estrasburgo com os Krumin-Lep, disse-lhes sobre seu descendente do futuro que os ajudaria na travessia para a Alemanha, depois para a Áustria, e por fim, se estabeleceriam na Rússia. Mas por enquanto, ajudava aos Montfort a chegarem a Haguenau e cruzarem para Baden-Baden, vindo depois ao encontro deles.
-Descendente do futuro, nos estabelecer na Rússia? – questionou o barão Krumin-Lep, com ar de espanto e medo.
-Sim! Ele é descendente da 3ª geração por parte da mãe, que será neta do seu filho Jean. Você tem um filho com este nome, não tem? – respondeu Cons.
-Temos sim - apontando para o menino que dormia deitado sobre um túmulo.
-A nobreza russa receberá os nobres franceses que fugirem da revolução em um enclave em seu território, que será criado para este fim. É por isso que irão para lá – complementou Cons.
-Entendo! Então meu parente do futuro está agora com os Montfort. Conheço-os de longa data e nos emprestou sua casa em Paris para nos abrigarmos e depois fugirmos até aqui – falou o barão.
-Sim, eu sei, estivemos lá.
-Então ficaremos por aqui aguardando meu parente do futuro vir nos ajudar, não? – perguntou o barão.
-Descansem que ficarei de guarda até amanhecer. Depois, falarei com Godofredo sobre o que faremos.
-Ah, Godofredo é o nome de nosso parente do futuro?
-Sim barão!
Estrasburgo estava em polvorosa pela notícia do fantasma de Linthelles ter aparecido nela. Sua população não saía mais das suas casas, trancando-as. Iam rezar durante o dia na catedral da cidade, o único local em que se sentiam seguros. O que mais se ouvia era: Coisa do Diabo!
Mesmos os soldados, que deveriam manter o controle emocional e manter as barricadas nos quatro portões de entrada da cidade, debandaram também para suas casas, na sua totalidade. O pavor era sentido no ar.
Cons., vendo que os Krumin-Lep dormiam, foi invisível até a cidade ver o que acontecia. Estava totalmente deserta. Entrou em uma estalagem para ouvir o que diziam, mas somente alguns bêbados, que pouco se importavam com o fantasma, bebiam tranquilamente seu vinho.
Cons., invisível, sentou-se em uma mesa com dois deles, que conversavam com voz pastosa e enrolada.
-Fantasma aqui? Não acredito! Você o viu? – disse um ao outro.
-Não!
-Eu só acredito no que vejo com meus próprios olhos – servindo-se de vinho da garrafa sobre a mesa.
Cons. acompanhando a conversa ao lado do bêbado cético pegou a garrafa e levantou-a no ar. O cético vendo-a pairando no ar começou a piscar. Seu amigo também olhava, de soslaio, a garrafa voadora. O cético disse:
-Acho que bebemos demais, até a garrafa voa; Vamos embora – levantando cambaleante, tentando pegar a garrafa das mãos de Cons!
Cons. levou a garrafa flutuando sozinha pelo ar ao estalajadeiro, que atônito e aterrorizado, pulou o balcão e saiu correndo para a rua, berrando apavorado:
-O fantasma está aqui!
Os bêbados se entreolharam e assustados, viram Cons. despejar o resto do vinho no chão e jogar a garrafa contra a parede, espatifando-a. Então, dando risos horripilantes, pulou para dentro do balcão e começou a arremessar as garrafas cheias de vinho na direção dos dois bêbados, que apavorados, saíram também desequilibrados em disparada pela rua. Cons ria da cena.
-Agora viram, não?
Laffayette cavalgava com a tropa em direção a Nancy. Deixara Linthelles e deveria chegar a Saint – Dizier no amanhecer do dia seguinte. Mais um dia de viagem forçada, chegaria a Nancy. A caçada continuava com ele colérico e ansioso para capturar e decapitar os fugitivos, pois fora engando por Geoffrey, Guillaume e Espirit.
Amanheceu e Guillaume acordou Godofredo, que com cuidado se desvencilhou de Juliette. O barão fazia um café, que cheirava deliciosamente bem. Godofredo chamou mentalmente a Cons.
-Está tudo bem por aí?
-Sim está. Já contei da sua ancestralidade, e seu bisavô Jean, menino ainda, dorme como um anjinho.
-Certo! Estamos muito próximo de Haguenau e pretendo hoje atravessar para Baden-Baden na Alemanha com eles e depois seguir para aí. Temos cerca de quarenta quilômetros para fazer hoje. E depois, mais sessenta até Estrasburgo. Você consegue ir com eles até Kehl na Alemanha, seis quilômetros distantes?
-Acredito que sim, mas terá que ser à noite para que eu possa usar meus poderes fantasmagóricos.
Godofredo concordou com Cons. e passou seu plano a Guillaume e ao barão. Juliette dormia lânguida como uma felina. Godofredo a observava enquanto saboreava uma chávena de café quente e aromático. Ela era linda!
Nota do Autor:
Obra ficcional, qualquer semelhança é mera coincidência.