A Saga de Godofredo Parte II - O Fantasma de Linthelles
26.09.23
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Godofredo foi ao encontro de Juliette na estrada para Haguenau.
Ela vinha cavalgando celeremente com seu porte majestoso e nobre, cabeça alçada fazendo com que seus cabelos cor de ferrugem flutuassem ao vento. Estava linda!
Godofredo apreciava a bela imagem de Juliette chegando. Desceu do animal. Ela parou seu cavalo de chofre, pulou lépida e o abraçou forte, soluçando.
-Pensei que eu fosse morrer! Não me deixe nunca mais, meu amor – beijando-lhe ofegante os lábios. Ele estremeceu. Ela era irresistível.
Cons. surgiu encontrando o casal enlaçado. Falou mentalmente com Godofredo:
-Cuidado! Lembre-se dos seus ancestrais – alertando-o
Godofredo se separou de Juliette e perguntou como estava a situação no quartel em Nancy. Godofredo relatou toda a aventura. Juliette foi até ele e abraçou-o fortemente. Cons. com sua silhueta rotunda e baixa estatura, ficava com seu rosto no colo de Juliette, como um menino. Ela deu-lhe um beijo nas bochechas e agradeceu-lhe:
-Não fosse por você não estaria aqui agora. Muito obrigado meu querido Espirit – deixando-o sem graça, mas feliz.
-Vamos encontrar com seus pais e seguir para Haguenau – falou Godofredo montando em seu cavalo. Juliete fez o mesmo. Mentalmente disse a Cons.:
-Vá até os Montfort e diga-lhes que ela está solta e a caminho comigo. Depois, veja se Lafayette já chegou a Linthelles, avisando-me. Cons. desapareceu subitamente.
Lafayette já se encontrava em Linthelles com sua tropa. Milet e seus soldados livres. Richard com Jean Pierre estavam a caminho. Girard contou o que aconteceu. O general, colérico com a situação encontrada na guarnição, ordenou furioso:
-Vamos imediatamente atrás destes traidores. Milet organize seus homens. Girard você ficará aqui cuidando do quartel – falou mordendo os lábios de raiva.
Cons. informou telepaticamente a Godofredo das ações de Lafayette. Ele e Juliette cavalgavam agora em galope acelerado pela estrada em direção ao local em que estavam acampados Guillaume e seus pais. Cons. surgiu e os informou da fuga de Juliette e a caminho com Godofredo. A baronesa começou a chorar e disse:
-Graças a Deus!
Guillaume perguntou:
-Eles demoram?
-Devem chegar ao anoitecer. Por enquanto, descansem, pois o trajeto até Haguenau é longo – respondeu Cons..
O trajeto programado por Godofredo seria pelo nordeste, indo de Nancy para Héming e depois Haguenau. Seriam duas noites de cavalgada forçada pelas estradas e não mais pelas matas. Estavam declaradamente em fuga.
Lafayette estava muito atrás, e com as dificuldades que a guarnição de Nancy enfrentava pelos estragos causados pelo incêndio e explosão do paiol, complicavam mais ainda sua empreitada. Os fugitivos tinham uma grande vantagem. Mas, ao partir de Paris, enviou mensagem ao comandante da guarda em Estrasburgo para que convocasse todos os soldados disponíveis e fizessem barricadas em todas as entradas e saídas da cidade, como batidas nas casa, sítios e matas das redondezas para capturar os fugitivos. Agora, os Krumin-Lep, antepassados de Godofredo, corriam riscos.
Com a mudança de rota para Haguenau, Godofredo sabia que seus antepassados poderiam ser capturados. Pediu a Cons. que os achasse e informasse sobre ele, seu parente. Também, escondê-los em lugar seguro até que ele chegasse em três dias. Cons. despareceu e instantaneamente estava em Estrasburgo em busca da família Krumin-Lep.
A cidade estava coalhada de soldados, que entravam nas casas vasculhando a procura dos fugitivos. Nas entradas e saídas, barricadas que obrigava a todos se identificarem. Foi invisível até ao quartel da guarda revolucionária saber o que ocorria. Entrou na sala de comando, na qual o comandante dava ordens a quatro oficiais:
-Capitão Giles, ficará responsável pelas buscas no portão norte e redondeza; Capitão René, no portão sul e redondeza; Capitão Adrien pelo portão leste e Capitão Antoine portão oeste, da mesma forma. Aos seus postos imediatamente – ordenou comandante Joseff, chamando seu ajudante de ordens:
-Sargento Eduard!
Entrou de imediato o sargento na sala, postando-se em frente ao comandante em posição de sentido.
-Sargento, tenho informações de um espião sobre uma família fugitiva escondida na capela do cemitério. Vá até lá e verifique.
-Sim senhor!
Cons. imediatamente foi até eles na capela. O barão e a esposa com seus filhos se escondiam no porão . Cons. subitamente apareceu e se assustaram.
-Não se assustem barão Krumin-Lep. Venho para ajudá-los.
-Mas quem é você? É o fantasma de Linthelles?
-Sou! Fiquem aqui que vou espantar o ajudante de ordens do comandante Joseff, que está vindo verificar se estão escondidos aqui.
O sargento com mais três homens se aproximavam da capela. Cons., invisível, vestiu a batina do padre, deixada na sacristia e os aguardou atrás da porta. A batina voava sem os pés e cabeça. O sargento e os guardas entraram. Cons. fechou a porta com um forte tranco . Os militares se voltaram para trás e viram a batina flutuando no alto como uma pipa, emitindo gritos e risadas horripilantes.
O pânico tomou conta dos homens. Pareciam baratas tontas não sabendo para onde ir. Terrificados, abriram a porta da capela e fugiram gritando:
-O fantasma de Linthelles esta aqui! – com Cons. pairando no ar na entrada da capela. De repente a batina despencou direto para o solo, lá ficando.
Imediatamente foi aos nobres e saiu pelos fundos da capela para o cemitério, procurando uma cripta em que pudesse alocá-los. Encontrou um mausoléu de família abastada , profanado pelos revolucionários, no qual poderiam ficar ali até que Godofredo chegasse.
Cons. falou com Godofredo mentalmente sobre o que aconteceu, que pediu a ele que os protegesse até sua chegada.
Os soldados e o ajudante de ordens corriam desembestados pela cidade gritando:
-O fatasma de Linthelles está aqui!
Nota do Autor:
Obra ficcional, qualquer semelhança é mera coincidência.