A Saga de Godofredo Parte II – A Prisão de Juliette
22.09.23
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-Não vou mais me separar de você, “mon amour”! Para qualquer lugar que for irei junto. Sofri muito com a sua ausência – falou-lhe enquanto ele caminhava ao encontro do barão e sua esposa, com ela apoiada em seu peito e segurando seu braço direito, após dar-lhe um beijo amoroso e sensual em sua boca assim que chegou, estremecendo-o.
-Sim querida, não nos separaremos mais, prometo. Agora precisamos seguir rapidamente para Estrasburgo, pois estão em nosso encalço. Vamos descansar por meia hora e partimos – disse Godofredo ao barão e sua esposa. Godofredo pediu para Juliette também descansar junto com sua família, pois a jornada que se avizinhava seria cansativa.
Guilaume estava exausto e logo se deitou sobre os arreios e dormiu profundamente. Cons. viu que Godofredo pensava, perguntou-lhe mentalmente:
-Tem algum plano?
-Acho que estamos indo na direção errada, pois eles sabem que vamos a Estrasburgo. Devíamos mudar de rota, mais ao norte, para Haguenau e atravessarmos para Baden-Baden já seguros na Alemanha – respondeu Godofredo.
-E os seus parentes, o barão Krumin-Lep e sua família que já devem estar em Estrasburgo, como faria para encontrá-los e ajudá-los?
-Vamos ter que nos dividir infelizmente para Juliette, que está bem apegada a mim. Ela mexe muito comigo com sua sensualidade, me excita. Mais um motivo para separarmos, não concorda?
-Sim, é um ótimo motivo, pois você vai acabar fazendo besteira com sua impetuosidade e por em risco sua descendência por parte da sua mãe – ponderou Cons.
-Então, Guillaume e família iriam pelo norte. Eu e você para Estrasburgo encontrar os Krumin-Lep. E depois, na Alemanha, iríamos para Baden-Baden reencontrar com os Montfort. Faltava agora Godofredo explicar seu plano para eles e para Juliette, o mais difícil.
Julien e o recruta Arthur chegaram a Nancy. Estavam cansados e foram até a guarnição da milícia revolucionária de lá para se alimentarem e descansarem. Iriam informar sua missão e solicitar ajuda.
O comandante Dreyfus os recebeu e escutou a história dos fugitivos que os dois estavam à procura.
-Entendo soldado Julien. Soube do ocorrido em Linthelles, do fantasma e do incêndio no quartel do general Lafayette, que está a caminho para coordenar a captura dos fugitivos. Vou organizar duas colunas de dez homens para ajudar a vasculhar as redondezas e colocar barreiras nas estradas.
Julien e Arthur descansaram enquanto as colunas eram formadas. O comandante Dreyfus designou seu melhor homem, o sargento Damien, conhecedor da região e experiente soldado, para ajudar nas buscas. Dividiriam as tropas: uma comandada por Julien iria em direção a Estrasburgo; a outra, comandada por Damien, iria ao norte para Froard. Partiram com a noite já alta, quase madrugada.
No acampamento, Godofredo conversou com o barão e Guillaume sobre as mudanças de planos. Agora, teria que convencer Juliette, o mais difícil para ele.
Ela ajudava a mãe na arrumação das coisas para a partida, quando Godofredo a chamou. Ela veio até ele com seu andar felino, olhar sensual e sorriso malicioso.
-Sim “mon amour”? – enlaçando-o com seus braços e apertando-o ao seu corpo rijo e quente.
-Juliette, os planos mudaram e para sobrevivermos, teremos que nos dividir – disse ele de forma contundente. Ela se soltou e raivosa, disse-lhe:
-Você acabou de me prometer que não nos separaríamos mais. Eu vou com você!
-Querida, é necessário essa divisão, pois corremos perigo indo juntos. Você precisa ir com sua mãe. Vamo-nos encontrar na Alemanha em pouco tempo e tudo vai acabar bem.
A mãe, presenciando ao longe a conversa, chamou seu filho para que aplacasse a ira da irmã e a convencesse de que ela precisaria da filha para seguir viagem.
Guillaume se aproximou de Juliette, chorando e repetindo: Você me prometeu, prometeu... Godofredo a abraçava e consolava.
-Vou te encontrar em Baden-Baden, te prometo- disse beijando-lhe o rosto carinhosamente!
-Mana, precisamos ir agora, venha! – puxando-a pelo braço. Ela foi desolada.
Guillaume partiu com sua família em direção ao norte para a vila de Manhoué. Juliette cavalgava chorosa. Não olhou para Godofredo.
Ele e Cons. montaram e seguiram para Champenoux, não passando por Nancy. Cavalgavam pela mata ao longo da estrada e com qualquer suspeita, embrenhavam nela e paravam.
Juliette inconformada com a separação começou a ficar para trás e decidiu, impulsivamente, retornar e ir com Godofredo. Voltou a galope forte. Esperta, ouviu a conversa dele com irmão e sabia que iam em direção a Champenoux, pelas bordas da mata. Viu as pegadas no chão arenoso da estrada dos cavalos de Godofredo e Cons. e as seguiu em trote rápido. Mas estava mais de meia hora atrasada.
Damien subia com a tropa para Froard em velocidade, pois um camponês disse ao comandante Dreyfus que viu movimentação de pessoas e cavalos na noite anterior perto de Liverdun. Julien já tinha partido.
Então, perto de Bouxieres-aux-Dames Damien se deparou com Juliette cavalgando em sua direção e parou a coluna, impedindo-a de passar. Nervosa, vendo os soldados, deu meia volta e partiu em disparada pela estrada. A tropa seguiu desenfreada com Damien encabeçando.
Os cavalos de Damien estavam mais descansados e quase chegando em Juliette, que repentinamente se embrenhou na mata, fazendo um curva fechada para a direita indo em direção ao rio Meurthe. A manobra dela desorganizou a coluna revolucionária, mas Damien e mais três soldados conseguiram acompanhá-la.
Juliette cavalgava terrificada, vendo que não conseguia despistar os revolucionários até que chegou às margens do rio, largo e caudaloso. Estacou com o cavalo. Os soldados estavam quase nela. Apavorada, esporeou o animal que empinou e pulou rio adentro, nadando na correnteza. Damien vendo a ação da moça desesperada ficou parado olhando-a ser levada pela forte correnteza.
-Tem uma ponte a um quilometro abaixo e ela não vai conseguir subir na outra margem até lá, o barranco é muito íngreme. Vamos para a ponte e a predemos – disse para os soldados com ele.
Juliette se mantinha a muito custo em cima do animal, que nadava desesperadamente para chegar até o outro lado do rio. Mas a correnteza era forte e o cavalo exausto. Juliette desceu dele e ficou agarrada ao arreio, diminuindo o peso, facilitando um pouco o desespero do animal. Esta luta durou cerca de quinze minutos e finalmente conseguiam atravessar o rio, junto da ponte.
Juliette viu que os soldados a esperavam nela. Damien veio caminhando. Não tinha mais escapatória, estava presa.
Nota do Autor:
Obra ficcional, qualquer semelhança é mera coincidência.