Da realidade à ficção

E foi assim que o aluno X chegou até mim, após pedir-lhe que escrevesse um pequeno texto futurista.

- Professor, eis a tarefa. Está pronta!

Peguei seu caderno nas minhas mãos. Observei a folha, atentamente. Não vi nada de texto. Apenas um desenho com um símbolo indicando ser um áudio.

Imediatamente, interroguei-o:

- X, o que é isto?

Ironicamente, ele me respondeu:

- Não precisa ler o meu texto, ele já futurista! Clique sobre o símbolo e escute o áudio.

Silenciei. Não lhe respondi nada. Apenas o parabenizei, e, em seguida, fotografei aquele desenho. Após mais de trinta anos em sala de aula, pela primeira vez, alguém me fez sentir o futuro a um passo de mim...

Chegando em casa, olhei de novo a ilustração. Não precisei refletir, nem tampouco assistir Flash Gordon, os Jetsons ou o Exterminador do Futuro, ali estava a prova que, num futuro não muito distante, os estudantes não precisarão mais escrever textos. Apenas tocarão com o próprio dedo, suavemente, sobre figuras e suas derivações, nos seus próprios cadernos, e terão acesso a vídeos, filmes, áudios e tudo mais...

O aluno X, simplesmente, estava antecipando uma das faces do futuro, onde o impossível será possível, num piscar de olhos! Quem viver, verá!

André Filho Guarabira

19.09.2023

André Filho Guarabira
Enviado por André Filho Guarabira em 19/09/2023
Reeditado em 19/09/2023
Código do texto: T7889635
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