A Saga de Godofredo Parte II – O Reencontro com Juliette
15.09.23
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Godofredo sabia que os Montfort poderiam ser presos por Jean Pierre. Por isso, trocaram os cavalos e partiram imediatamente para Nancy sem descanso. Guillaume, vendo a preocupação de Godofredo, perguntou:
-O que faremos? Eles estão à uma hora de cavalgada à nossa frente e chegarão primeiro. Vão prender a minha família – disse Guillaume apreensivo.
-Vou pedir para Cons. avisá-los para irem para Frouard ao norte de Nancy, cruzarem o rio Moselle e voltarem para Liverdun e lá nos encontraremos. Vamos cortar caminho por Toul, cavalgando ao longo do rio Moselle até Liverdun – concluiu Gofofredo galopando desenfreado à frente da tropa.
Jean Pierre também seguia acelerado, prevendo chegar à Nancy perto da hora do almoço. Estava ansioso para capturar os nobres fugitivos e voltar com eles até Lafayette, mostrando-lhe o troféu. Era uma corrida contra o tempo.
Godofredo avisou a Cons. sobre seu plano com os Montfort, que logo foi até eles. Estavam acampados nos arredores de Nancy , em mata ciliar do rio Meurthe. Levantaram acampamento e cavalgaram cuidadosamente até Liverdun, chegando ao amanhecer. Godofredo pediu a Cons. que ficasse com eles, e qualquer emergência, resolvesse a situação. Se necessário, Godofredo o chamaria.
Lafayette e seus homens ainda se debatiam com o incêndio no paiol, mas conseguiu a retomada da maioria dos cavalos, ordenando ao ajudante de ordens substituto, sargento Pierre, que preparasse uma tropa de quinze homens para seguir em direção a Linthelles. Os armamentos e munições obteriam ao longo da viagem junto às milícias nas cidades pelas quais passariam. Não poderiam perder mais tempo. Lafayette comandaria. Partiram ao amanhecer.
Nos arredores de Leverdun, os Montfort e Cons. se abrigaram em uma enorme mata fechada junto a uma curva do rio Moselle. O barão disse à esposa e filha que dormissem um pouco, pois ficaria acordado. Cons. disse a ele que também descansasse, já que o dia que se iniciava seria longo.
Jean Pierre estava nos arredores de Toul, e matreiro e experiente, achou que deveria dividir seus homens. Dois seguiriam em frente pela rota direta à Nancy e caso encontrassem os fugitivos, os prenderiam, O soldado Julien estava incumbido da tarefa . Os outros dois, com ele no comando, iriam pelo norte, passando por Frouard e Leverdun, seguindo o rio Moselle até Nancy. Se os fugitivos estivessem acampados fora da cidade e descansando, poderia encurralá-los.
Godofredo e Guillaume, com seus dois soldados, cavalgavam sem descanso e estavam à uma hora de Toul. Ele sabia que deveria causar algum imprevisto a Jean Pierre para atrasá-lo e chegar antes aos Montfort. Falou mentalmente com Cons.
-Veja se consegue achar perto de qual cidade está Jean Pierre, e se puder os atrase. Use seus poderes fantasmagóricos.
Jean Pierre e seus três soldados iam em disparada pelo trajeto norte ao longo do rio Moselle e poderiam chegar muito rapidamente ao esconderijo dos fugitivos. Cons. o encontrou e novamente se posicionou invisível a um quilômetro à frente deles com uma espada e lança escondido na mata junto à estrada. Aguardava-os.
O cabo Hussardo vinha galopando no comando, quando repentinamente Cons. invisível atravessou-lhe à frente empunhando em uma das mãos a espada e na outra a lança, fazendo com que o cavalo de Jean Pierre empinasse, derrubando-o de costas no chão, batendo a cabeça e desacordando-o.
Cons. girava a espada e a lança emitindo berros finos e gargalhadas horripilantes fazendo com que os soldados ficassem apavorados, pois viam no meio da estrada armas girando sozinhas.
-É o fantasma de Linthelles! - gritou apavorado um deles fugindo em disparada. O outro o acompanhou.
Cons. arrastou novamente Jean Pierre para a mata, amarrou-o e amordaçou-o com suas vestes, deixando-o somente de ceroulas. Pegou o cavalo do cabo e o levou até o acampamento dos Montfort em Liverdun. Era perto do local em que amarrara Jean Pierre.
-O que aconteceu Cons. ? – perguntou o barão vendo ele com outro animal.
-Aquele mesmo espião que encontrei perto de Ligny-en-Barrols, está com uma tropa em nosso encalço e novamente o derrubei e amarrei na mata em Aingeray, muito próximo de nós. Os outros se assustaram comigo ,como um fantasma, e fugiram.
Juliette acordou do seu sono leve e ouviu a conversa com seu pai. Perguntou a Cons.:
-Estão vindo? Estamos ansiosas, eu e mamãe, para que cheguem e nos levem à Estrasburgo.
-A previsão é chegarem aqui ao final do dia de hoje. Estão cavalgando sem parar – complementou Cons.
Ele também informou Godofredo do acontecido com Jean Pierre. Mas não sabiam dos outros dois soldados que se aproximavam de Nancy. Corriam perigo.
Godofredo chegou a Toul e seguiu direto para Liverdun, cuidando para que, caso encontrasse os soldados fugitivos, conhecidos de Richard, os enfrentasse. Estavam exaustos e precisavam descansar um pouco. Guillaume disse a Godofredo:
-Vamos dar uma parada na próxima vila para descansarmos por pelo menos quinze minutos.
Godofredo concordou. Já se avistava o vilarejo da estrada. Um trabalhador caminhava em direção a ela. Godofredo parou e perguntou ao citadino “sans-culotte”:
-Viva a Revolução! Estamos indo em direção a Liverdun e quantos quilômetros faltam?
-Viva a revolução! Cerca de dez quilômetros no máximo. Que interessante esta manhã passou uma coluna de soldados indo naquela direção e depois dois deles voltaram muito apavorados. O que acontece senhor?
-Eram três ao passarem na ida? – perguntou Godofredo
-Sim.
Godofredo imediatamente perguntou a Cons. quantos homens tinha Jean Pierre no inicio seguindo em direção à Liverdun.
-Seis com ele.
-Ele dividiu a tropa. Devem estar chegando até os Montfort. Venha rapidamente aqui e mostre em que local amarrou o cabo Hussardo – pediu a Cons.
Eles pararam ao longo da margem da estrada e descansaram por cerca de meia hora. Então Cons. apareceu galopando em uma curva da estrada em direção a Godofredo e Guillaume. Parou junto a eles, que montaram e foram ao local em que estava Jean Pierre. Desceram dos animais, entraram na floresta até o cabo amarrado e ainda desacordado. Richard e o outro cavaleiro os aguardavam na estrada descansando. Godofredo ficou em silencio por minutos. Depois disse:
-Vamos mandar esse cabo preso para Lintheles com Richard e o outro soldado, pois assim nos livramos deles por um bom motivo. O acampamento dos Montfort esta perto, não Cons.?
-Sim, uns cinco quilômetros daqui no máximo.
-Ótimo! Vamos lá.
Godofredo ordenou a Richard que desamarrasse o preso e o levasse para Girard em Linthelles, prendendo-o junto com os demais. Eles seguiriam atrás dos nobres fugitivos. A ordem foi cumprida. Richard e o soldado partiram com Jean Pierre amarrado a um cavalo. Ficaram Godofredo, Guillaume e Cons. que foram para o acampamento dos Montfort. O coração de Godofredo começou a bater mais forte, ansioso pelo reencontro com Juliette. Chegaram ao cair da noite quente.
Juliette veio rapidamente até Godofredo, abraçou-lhe com seu corpo firme e sensual, beijando-o sofregamente com sua boca carnuda.
-“Mon amour”! – murmurou com sua voz de fêmea ao ouvido de Godofredo, estremecendo-o. Este se lembrou da visão da sua mulher, mas estava seduzido por Juliette. Ela era irresistível!
Lafayette já cavalgava com sua tropa para Linthelles. Julien e seu companheiro estavam muito próximos à Nancy. O confronto seria inevitável para poderem seguir em direção à Estrasburgo e a fronteira com a Alemanha.
Nota do Autor:
Obra ficcional, qualquer semelhança é mera coincidência.