A Saga de Godofredo Parte II – O Incêndio
01.09.23
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Godofredo, voltando para Linthelles anoitecendo com Milet ferido e prisioneiro, falou para Cons.:
-Veja como estão os Montfort em Nancy, se abrigados e seguros, e o espião de Milet o que faz. Depois, volte o mais rápido possível.
Cons. sumiu e instantaneamente se materializou junto ao Barão e sua família, acampados nos arredores de Nancy.
-Estão bem? E o espião? – perguntou.
-Sim, estamos bem, mas cansados. As mulheres estão exaustas e precisam de mais tempo para recompor suas forças. Não vi nenhum sinal do espião – disse o barão mostrando mãe e filha deitadas juntas dormindo profundamente.
-Fique aqui hoje e amanhã e me aguarde, volto assim que definir com Godofredo o que faremos. Mantenham-se escondidos – falou Cons. sumindo novamente. Foi ver o que acontecia com o espião de Milet, sem cavalo.
Jean Pierre, “Le Sabujo”, caminhava pela estrada em direção a Nancy, pois sabia que os Montfort foram para lá e era rota para Estrasburgo.
Cons., invisível, encontrou Jean Pierre andando rápido na estrada. Precisava impedi-lo. Viu que havia um bosque logo à frente e o espião passaria por lá. Seria a oportunidade de barrá-lo. Foi ao bosque e pegou um grosso galho de pinheiro do chão, aguardando-o junto a uma curva da estrada.
Jean Pierre caminhava decidido, sabia que a cidade de Ligny-en-Barrols não estava longe e lá arrumaria um cavalo. Entrou rápido na curva em que Cons. o aguardava invisível.
Cons. deixou-o passar e aplicou-lhe um golpe firme na cabeça. Jean Pierre caiu desacordado no chão da estrada. Cons. o arrastou mata adentro, tirou-lhe as roupas e rasgou-as, e com elas, amarrou as pernas, braços, vendou os olhos e a boca e o colocou deitado no solo de bruços sobre as folhas secas. Continuava inerte e sangue manchava seus cabelos. Sentiu-lhe a pulsação, estava vivo!
Voltou ao acampamento dos Montfort, explicou ao Barão o que aconteceu e foi com um pedaço de corda ao Hussardo desacordado na floresta. Amarrou-o fortemente a um grosso pinheiro, de forma que não pudesse fugir. Instantaneamente, voltou para Godofredo.
Godofredo e comitiva se aproximavam de Linthelles, era visível o amarelado das chamas dos candeeiros da cidade quando Cons., invisível, falou com ele mentalmente:
-O espião de Milet está desacordado e preso na mata perto de Ligny-en-Barrols. Os Montfort estão bem em Nancy, mas as mulheres muito cansadas. Disse ao Barão para descansar hoje e amanhã e voltaria para informar o que decidirmos fazer.
-Perfeito! Agora vá para Linthelles e nos aguarde.
No meio da noite Godofredo chegou. Milet estava sonolento e balbuciante, perdera muito sangue mesmo com o torniquete aplicado logo depois de ferido. As celas estavam prontas e os prisioneiros foram encarcerados por Girard. Um médico os aguardava e logo se debruçou sobre o comandante Hussardo. O braço ferido de Godofredo estava com muito sangue impregnado na atadura improvisada. Merecia cuidados também.
Godofredo chamou Guillaume e Cons. para conferenciarem em uma sala isolada do quartel, enquanto Girard acompanhava o médico junto a Milet. Godofredo pensativo e preocupado, falou:
-Lafayette virá nos prender em pouco tempo. Precisamos ir ao encontro dos Montfort e levá-los até Estrasburgo de imediato. Corremos perigo!
-E como faremos? - perguntou Guillaume.
Godofredo ficou quieto pensando com o olhar fixo no chão. Demorou alguns minutos e disse:
-Vamos com um pequeno efetivo até Nancy, nós três mais dois homens, dizendo a Girard que iremos prender os fugitivos. Deixaremos o grosso da tropa e Girar aqui cuidando de Milet e dos prisioneiros. O que acham?
Cons. pensativo ponderou:
-E se Lafayette já estiver a caminho e chegar esta noite, seremos presos.
Guillaume falou depois da observação de Cons:
-Podemos dizer a Girard que soubemos que os fugitivos estão em Nancy e que temos que ir prendê-los de imediato, pois se sairmos amanhã perderemos mais tempo e estarão mais perto de Estrasburgo.
-É boa sua ideia, Guillaume. Vou falar com Girard e pedir que escolha os dois homens que irão conosco. Cons. vá agora até Lafayette e veja o que acontece.
Lafayette estava mesmo desconfiado de que algo aconteceu, pois não recebia notícias de Milet fazia alguns dias. Comentou com Marat:
-Milet está muito quieto. Acho que devemos ir lá e ver o que acontece na cidade fantasma, não acha? Vou reunir a tropa e partimos amanhã de madrugada.
Sim, acho sim – respondeu Marat.
Cons., invisível, presenciou a conversa. E falou mentalmente com Godofredo dos planos de Lafayette.
-Certo Cons.! Você consegue criar confusão atrapalhando a partida de Lafayette?
-Claro!
Cons. foi até a estrebaria. Os cavalos estavam sendo selados pelos soldados. Havia muito feno encostado junto às paredes externas de madeira do estábulo. Os soldados estavam ocupados preparando-se para partir.
-Vou atear fogo no feno que vai se propagar no estábulo, pois está calor e a brisa é quente ajudando a propagá-lo – pensou.
Foi até uma lamparina externa, e com uma tocha acessa, jogou-a sobre o feno que irrompeu em fogo forte e violento. Os cavalos assustados começaram a fugir, os soldados vendo as enormes labaredas subindo pelas paredes da estrebaria, correram para o pátio central do quartel. Militares saiam de todos os lados da fortaleza com baldes com água para tentar apagar o fogo, que já consumia freneticamente a cocheira.
Lafayette ouvindo a gritaria saiu e viu o estábulo todo envolto pelo fogo. Ficou atônito e estupefato.
-O que é isso? Como aconteceu? Quem é o responsável?
Cons. aproveitou a confusão e foi ao paiol. Largou outra tocha acessa sobre o pó de pólvora espalhado pelo chão, que começou a estralar e queimar atingindo os barris estocados. Segundos depois, uma enorme explosão irrompeu no paiol, destruindo-o completamente e provocando outro foco de incêndio. O quartel era um caos completo.
Cons. assistia a tudo rindo de satisfação. Lafayette furioso e de balde na mão, tentava em vão com seus soldados apagar os focos de incêndio.
Cons. voltou e relatou a Godofredo e Guillaume o que fez para impedir Lafayette de vir prendê-los.
-Ótimo perfeito! Eles não virão tão cedo. Agora vamos para Nancy.
Nota do Autor:
Obra ficcional, qualquer semelhança é mera coincidência.