2560, Astronave Vésper

Por obra do acaso que sói acontecer, às vezes, tudo começa com um conjunto de causas aleatórias, imprevisíveis e independentes entre Si, que não se prendem a o encadeamento lógico ou racional que determina um acontecimento qualquer, bom ou mau. A pequena, mas resisten-te e bem equipada nave Beleza, que seguia rumo ao planeta Koskovo a fim de atender o estranho pedido de socorro, topou de cara com um imprevisível e gigantesco buraco negro.

A nave Beleza, naqueles instantes fazia o uso do vórtice temporal não recomendado pelo computados Jack para que pe-netrassem no espaço-tempo a fim viajarem com mais rapidez no cosmo até o planeta Koskovo. Então, o mais que previsível e discutido por Gadea e o computador Jack na nave Beleza horas antes, acontecia de verdade.

— Jack, tá tudo errado, como isto pôde vir a ser, não, não está acontecendo, isso nããão!!! . . .

Como Gadea estava enganada.

— Querida é o nosso fim — participou Jack. — O “coração” do vórtice temporal onde nós nos encontramos, gira no sentido contrário da rotação do sistema espacial do buraco negro. Esta porcaria de peste que nos “engoliu”. Cambando de maneira des-leixada como estamos “navegando”, vamos nos desintegrar em questão. . . de. . . computando. . . computando. . . em cinquenta e nove com mais treze milésimos de segundos, para ser exato! Vamos transformar-nos em partículas microscópicas de coisa nenhuma ou de toda a matéria do universo juntas, espalhadas na luz ou na escuridão de porra nenhuma eternamente. Que sei eu o que acontecerá? Tal vez a nave volte a ser “parida” em algum sistema solar conhecido ou não. Ou então vagando para todo o sempre no tudo ou nada. . . deste infinito em forma de poeira cósmica. Adeus. . . minha querida. . . Gadea Guillén De Alvar. . . — O sabe-tudo do Jack foi bastante sarcástico e frio ao despe-dir-se de Gadea, mas que droga de despedida mais besta foi a de o todo-poderoso Jack.

Após despedida tão sem graça, a voz máscula e robotizada não mais se ouviu, mas sim o silêncio, um cavo silêncio.

Por fim.

Gadea e a pequena nave estelar entraram no estado que a matéria atinge o auge ao sofrer um colapso gravitacional qual-quer de grande intensidade, no qual, nem a frequência ou a pró-pria energia da luz, mesmo a solar, a própria matéria ou qualquer outro tipo de elemento físico ou não, dificilmente pode escapar incólume da armadilha mortal de um buraco negro.

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A astronave estelar Vésper, tripulada e servida apenas por cria-turas denominadas de híbridos, originários do cruzamento atra-vés do tempo de seres de diversas etnias onde predomina o DNA humano, devido à miscigenação do que restou da raça humana após a terceira guerra nuclear, a astronave estelar Vés-per era a maior guardiã dos sistemas planetários conhecidos e habitados na época.

No ano Terra de 2560 a Via Láctea era o centro nervoso de todos os acontecimentos bons ou maus dos universos conheci-dos. A Federação Terráquea, como era conhecida, tinha como braço direito, a raça denominada por híbridos, parceiros insepa-ráveis desde a descoberta da sua linhagem, possuidora de a mai-or frota interestelar de todos os universos catalogados até o pre-sente momento.

A astronave Vésper, a colossal e a maior de todas, era a co-mandante de as demais astronaves da frota dos híbridos. Os guardiões dos universos até então conhecidos e habitados por diferentes raças alienígenas, mestiças, humanas ou nem tanto assim, dos planetas descobertos até o presente momento da his-tória da raça humana após a terceira e última guerra nuclear na Terra. Através do diálogo, da tecnologia ou mesmo pela força militar, às guerras entre os diferentes sistemas solares tinham cessado de acontecer fazia uns bons séculos. Claro estava, de que, e isso entre aspas, porque sempre surgia um quiproquó aqui e outro acolá nos sistemas planetários mais remotos, contudo a Federação Terráquea pela força, pela política ou não, acabava sempre resolvendo as questões por bem ou por mal.

Devido a essa realidade, a paz “controlada” reinava quase três séculos em todos os universos civilizados. Bem, bem. . . era quase por aí que a coisa toda girava. A Terra, não mais pertencia em sua totalidade aos antigos habitantes, os chamados seres humanos. Agora ela pertencia ao vasto universo no seu todo. Todos os universos sem exceção, depois de a última batalha atômica, que, por sorte não destruíra por completo a totalidade a raça humana, ou mesmo a desintegração de o planeta Terra, os que tiveram a sorte antes de a batalha final, migraram para mun-dos semelhantes à própria Terra, descobertos, desbravados e habitados como se fosse a própria Pátria. Com o passar dos sé-culos o planeta Terra, depois de a limpeza da atmosfera e da purificação radioativa do meio ambiente pela lavagem d’água, devido à quase destruição do planeta pela terceira guerra atômi-ca acontecida, foi transformada numa espécie de fazenda agro-pecuária universal. Plantava-se, colhia-se e se criava milhares de aves e animais de todas as espécies, para corte, ou não, até mesmo peixes, cetáceos e outros tipos de animais marinhos, inclusive os de a água doce dos rios. A Terra havia se tornado um planeta agropecuário por excelência que alimentava através do livre comercio universal, centenas de outros planetas habita-dos pelos seres humanos; os que restaram da “tormenta” atômi-ca ou, àqueles que fossem seus semelhantes, os chamados respi-radores de oxigênio. . . incluindo nessa cadeia, os seres denomi-nados de híbridos. Raça de vida mais longa e mais perfeita do que a dos próprios humanos.

O processo de lavagem do planeta Terra levou um pouco mais de cento e cinquenta anos para sua total descontaminação radioativa. Gigantescas naves tanques das diversas raças dos mundos conhecidos que respirassem oxigênio despejavam sem cessar por toda a terra do globo terrestre milhões e milhões de toneladas de água. Por outro lado, pelos mares e oceanos de os cinco continentes, outras naves tecnicamente preparadas, suga-vam a água radioativa gerando ventos como se fosse o centro de circulação fechada de um furacão. Esse tipo de furacão fabrica-do pelas naves estelares ia sugando a água contaminada para o espaço gelado, transformando-a em enormes blocos de gelo para todo o sempre, radioativo. Finalmente a Terra despoluída estava pronta para servir à os seres existentes no cosmo que se alimen-tassem como os humanos e, ou àqueles que respirassem por princípio o oxigênio.

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Gadea, ao ser apanhada de surpresa pelo buraco negro, segundos depois de a peste de despedida de mau gosto do companheiro fazedor de “cômputos”, o Jack, mal e mal teve o tempo necessá-rio para se enfurnar e, ou de afixar os tubos substitutos do san-gue e nutrientes de sobrevida, assim como ajustar os comandos necessários dentro da sua câmara criogênica. Contudo, à perse-verança ferrenha terminou a faina.

Conseguira-o.

— “Será que dentro da câmera ficarei a salvo? ”, lá ia ela imaginando coisas quase em prantos enquanto, às pressas prepa-rava o corpo para outra aventura mais do que duvidosa. Poderia ela salvar-se? Como e, de o quê, e de qual maneira?

Eis aí uma boa pergunta e uma bela incógnita.

— Jack, me ajuda aqui. . . esquece a porra da tua despedida sem-vergonha e me dá uma mãozinha! Desculpe-me pelo que eu acabei de dizer, mãozinha.

Enquanto Gadea pensava, falava e agia, com afoiteza ia transferindo tudo o que lhe fosse possível da base de dados do computador de bordo da nave Beleza para a espécie de vagão onde estavam instalados os vários casulos criogênicos (uma pe-quena nave também de propulsão nuclear, só que limitada, um tipo de salva-vidas), ou melhor; um estrambólico tipo de nave salva-vidas espacial. Será que Gadea conseguiria escapar da ar-madilha dos infernos? Outra incógnita. E da ação resultante do maldito buraco negro. . .?

Isso já seria demais.

O todo-poderoso Jack também deveria acompanha-la na na-ve vagão com todos os seus bits possíveis quando a transferên-cia de dados completada; se desse tempo.

Mas para onde?

Gadea tinha plena certeza de que, sem a transferência de todo o “arsenal” de dados do computador central da nave Bele-za, caso conseguisse escapar do tenebroso do buraco negro, ela mesma, sem a ajuda do sistema binário do seu amigo Jack, nun-ca poderia iniciar o processo de reativação celular. Isso nunca!

Mas não mesmo.

Dentro da nave vagão laboratório onde se encontravam as câmaras criogênicas para chegar a viver novamente. . . necessi-tava de todos os bits possíveis do seu companheiro de viagens, o Jack caso contrário. . .

— Meu bem eu já me despedi de você agorinha pouco. — Murmurou Jack. Se bem que, a voz computadorizada emitida pelos alto-falantes do novo ambiente, o vagão onde estavam os casulos criogênicos pudesse ouvi-lo murmurar.

— Deixa de ser besta e prepara na câmara do micro reator nuclear mergulhando as barras para gerar a energia necessária para que, com sorte possamos nos projetar para fora da nave Beleza, para o vácuo exterior. Depois quero que me ajude a pro-gramar o sistema biomédico para que o meu sangue seja substi-tuído do meu organismo pelo produto químico não congelante para deixar-me em estado de latência. Já me encontro com as agulhas enfiadas nas veias dos braços e o complexo de eletrodos. Se não fizermos isso, a minha alimentação por meio da intuba-ção que já se encontra no estômago não vai sustentar-me caso não morra esmagada dentro desta câmara devido à força centrí-fuga do buraco negro. Com um pouco de sorte, alguém qualquer dia ou hora, que sei lá eu, me recolherá no espaço. Isto é, repito, se o buraco negro não nos desintegrar primeiro.

— Salve Maria e José — bradou a voz computadorizada do Jack viajando a velocidade de milhões de bits por segundo den-tro do que se parecia uma nave vagão espacial atômica, prepara-da para viajar através das estrelas.

— O que vem a ser isso, Jack? Agora você virou cristão?

— Sei lá, eu, encontrei essas palavras gravadas nas minhas memórias. . . já está tudo enraizado. . . bit por bit. . . estou pron-tíssimo, madama. . .

— À luta pela nossa sobrevivência já vai começar, aí vamos nós. Preparado. . . Jack!!! . . .

Gadea conseguiu gritar antes de entrar no sono profundo de a inconsciência entre a vida e a morte ou na vagante entre as duas coisas. Num movimento brusco, a porta da câmara criogênica depois de inteiramente lacrada, por meio de pequenas válvulas expelia aos poucos o que restou de oxigênio e vapor daquele ou daquela. . . quem é que poderia sabê-lo, da sua “mortalha” eje-tada para fora da nave Beleza para o espaço sideral.

Até quando. . .?

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A astronave Vésper dirigia-se na velocidade de cruzeiro para a estação estelar Polar Um. Ela era a primeira de as dez estações de menor distância do planeta Astragena a fim de abastecê-la de víveres frescos, de água potável e de coisas úteis como ferra-mentas e peças para as manutenções que se fizessem necessá-rias. Equipamentos eletrônicos, pequenas naves mais modernas, armas, munições e, por aí a fora. As estações espaciais estão sempre, e com frequência necessitando de “novidades”. A fede-ração mantinha na ativa mais nove estações espalhadas pela vasta Via Láctea a dez mil anos-luz de distância umas das outras fortemente armadas prontas para o que desse ou viesse, todas elas mantidas em funcionamento por seres de diversas raças, constituídos de o composto natural em maior quantidade desde o carbono até a água. Os seres respiradores de oxigênio e os também, denominados, híbridos.

Nada de surpresas como o ocorrido no século XXIII quando a humanidade mais uma vez quase desaparece por completo do universo devido a uma revolta alienígena de grande porte. Uma luta atroz, mas vencida pela federação com a importante ajuda dos seres híbridos descendentes em grande parte dos seres hu-manos.

A astronave Vésper era a maior de todas as astronaves de combate da federação de quilômetros de comprimento e outros tantos de largura de corpo roliço, duplo e alongado do mesmo diâmetro em todo o seu comprimento, comandada, assim como as demais astronaves da federação pela raça denominada de hí-bridos. Os seres humanos puros, aos poucos deixavam de se multiplicar em grande quantidade no universo onde estavam espalhados ao contrário do que anunciou o Criador no sétimo dia da conclusão da sua obra prima. De o barro a criar o ser hu-mano e de a sua costela, a mulher, e mais tarde proferir “crescei e multiplicai-vos”.

Apesar das dificuldades, sempre nasciam humanos de pura raça. Sempre há de haver um humano em qualquer sistema solar.

Disse certo filósofo.

A velocidade de cruzeiro que a astronave Vésper fazia uso indicava de que tudo no universo em sua volta, pelo menos até aqueles momentos, não necessitavam proporem-se a executar os saltos espaço-temporais, gerados por uma engenhoca denomina-da de plataforma Tele-Transporte-Espaço-Temporal-Virtual (TTETV). Apenas a astronave Vésper possuía essa incrível e genial particularidade, as demais astronaves, bem menores do que a Vésper, venciam as distâncias entre os anos-luz através dos vórtices temporais gerados eletronicamente nas próprias astronaves por motores e engenhocas especiais.

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— Alguma coisa se moveu dentro do galpão de armas e muni-ções de número 51. Os sensores de movimento por certo tempo indicaram isso. Por pouquíssimo tempo, mesmo, mas que indica-ram um movimento vibratório isto lá indicaram — informava repetitivamente Zaapp o encarregado de uma série de galpões de diversos tamanhos e utilidades ao ajudante Elk frente a ele jo-gando um videogame de corridas de cachorros da raça Galgo oriundos do planeta Terra. Cão de talhe elevado, pernas longas e musculosas, abdome estreito e focinho afilado, que se caracteri-za pela agilidade e rapidez dos movimentos. O encarregado Elk era viciado em videogames de corridas de cachorros.

Houve a descrença por parte de os dois guardiões de o tal movimento, pois por mais de um ano nada de anormal acontecia por aquelas bandas com os dois esquecidos solitários dos gal-pões de “trecos” bélicos.

— “Uma verdadeira monotonia”, pensou Zaapp. Contudo não foi só àquela hora, pensava isso por mais de mil vezes se-guidas diariamente, uma chatice de dar nó nos nervos. Era só comer, jogar videogame dormir, dizer bobagens de contar vanta-gens e de engordar: trabalho. . .

Bah, quase nenhum.

— Eu também cheguei a perceber um movimento bastante rápido no meu gráfico senoidal-televisivo de pulso. Vamos sair da central técnica de segurança para dar uma olhada dentro do maldito galpão — disse o ajudante Elk com a pulga atrás da orelha deixando o controle remoto do videogame em pausa, de lado.

— Até que enfim alguma coisa diferente ou invulgar aconte-ce para mexermos nossos enferrujados esqueletos. Legal. . . isso. . . muito legal, mesmo. . .

— Tem razão Elk, faz bastante tempo que não temos agito algum por estas bandas; presta atenção, por via das dúvidas va-mos carregar nossas pistolas laser atordoantes — fez a observa-ção o encarregado chefe Zaapp, na maior calma. — Apenas os espíritos “maus” podem, mesmo assim com extrema dificuldade, chegar a penetrar nestes armazéns sem a nossa permissão, podes crer!

Zaapp sempre que podia brincava com o seu ajudante; de sobejo, sabia que o mesmo se pelava de medo por qualquer coi-sa que não pudesse entender.

— Não deve ser nada, mas. . . como faz um pouco mais de um ano, desde o último atentado subversivo que o galpão não foi mais aberto ou usado para coisa alguma, entraremos pela porta dez da esteira transportadora magnética para pequenas cargas, companheiro — disse o ajudante da segurança do Gal-pão 51 sem responder à ousadia do chefe que tentara deixa-lo amedrontado — “muita burrice”, pensou o imbecil também sem sossego. — Vamos lá companheiro, vamos abrir o portão dez — disse Elk ao tempo em que, pressionava algumas teclas na parte abaixa de um pequeno visor alfanumérico fixo na parede ao lado do portão corrediço que travava e se abria magneticamente na horizontal, pelos dois lados.

O galpão era enorme, provavelmente com quinhentos metros de comprimento e, de a metade de largura por uns duzentos me-tros de altura. Um chio abafado e um pouco de vapor saiu pelas laterais enquanto a porta de aço reforçado se abria. Puff, em instantes se fez a mágica.

Entraram.

Os olhos de os dois camaradas tornaram-se acesos e enor-mes, gostaram de por ali estarem mais uma vez. Todo aquele armamento, veículos militares voadores, carros de assalto e mi-lhares de outras máquinas de guerra e munição enchia-lhes o coração de orgulho.

— “Com tanta tecnologia coisa alguma no universo chegará a derrotar a nossa astronave”, era o pensamento de glória de o chefe Zaapp, um dos guardiões de os milhares de artefatos béli-cos da astronave Vésper. — “Quantos anos de serviço nesta engenhoca de galpões? Onze?! Bah, não importa, eu já estava com saudades de você, belo galpão! ” — ia pensando meio agas-tado meio contente. — “Quantas armas, munição e naves de assalto. Oh, sim, uma beleza! “, enquanto caminhava absorto, o encarregado chefe Zaapp ia matutando as recordações de quan-do esteve na ativa no meio das rinhas com os piratas espaciais. De as suas aventuras quando ainda jovem, agora infelizmente na reserva por tornar-se, “obeso”.

— Está feito — disse Elk, o ajudante. — Madona! — ex-clamou boquiaberto invadido pelos soluços de admiração. — Você trouxe o equipamento portátil mais o laser infravermelho?

— Positivo cara! O do infravermelho e o de mil e uma utili-dades, como rege o regulamento “escravocrata” da segurança da porra desta astronave — brincou Zaapp com as palavras.

Seria isso mesmo?

— Liga. . . eles. . . — pediu Elk.

— Faz tempo que estou olhando para estas porras de enge-nhocas; perdão Elk, a “porra” saiu sem querer. O gráfico de barras nem sequer se encontra em movimento; tudo está quieto. Acredito que recebemos alarmes falsos. Deve ter sido a vibração da própria nave por um motivo ou por outro. Isto aqui está mais morto do que os piratas babacas que abatemos de vez em quan-do junto com suas naves na escuridão do infinito. — Comentou baixinho o encarregado chefe da segurança do galpão de número 51. — Esta merda é enorme e sem vida. — Zaapp continuava dialogando, excitara-se, fazia tempo que não fazia muitos mo-vimentos bruscos e estava engordando por demais. Ponha-se por demais nessa merda.

Estava um balão.

— Pare de falar besteiras, companheiro — observou Elk — vamos olhar de perto aquela coisa que está soltando fumaça ou vapor bem na nossa frente logo mais adiante, está vendo? Que eu me recorde, esse trambolho horrível nunca esteve neste gal-pão.

— Já vi, que porra vem a ser esse traste? Para mim isso é coisa nova! Como veio parar aqui dentro com esse tamanhão todo? Essa não!

O traste referido pelo Zaapp, era onde se encontrava a câma-ra criogênica de Gadea e, era enorme, possuía o tamanho de um vagão de cargas de um trem.

— Vamos chegar mais perto desse “trem” enorme, cara — sussurrou o encarregado do Galpão 51.

— Está com medo, chefe?

— Coisa nenhuma, cara — respondeu sem tirar os olhos do aparelho analisador que levava nas mãos. — O espectro reco-nhecido pelo meu instrumento de análise espectral, indica que dentro desse trem enorme temos algo semelhante a uma mulher ou, com a aparência vã de uma coisa parecidíssima a isso.

— Vive?

— Parece que sim! — respondeu o encarregado Zaapp sem tirar por segundo algum os olhos da caixa mágica que carregava nas mãos. — Acender luzes — disse em voz alta e, num instante tudo se iluminou magnificamente dando vida ao Galpão 51.

Centenas de lâmpadas amarelentas, por instantes ofuscaram a visão de os dois guardas do galpão de armas e de munições tão silencioso como o vácuo profundo.

— Um alçapão está se abrindo por cima dessa coisa soltando vapor, que troço estranho, o infravermelho do meu cinto de “utilidades” não indica que esteja com temperatura excessiva, e sim, com a mesmíssima do galpão — disse o ajudante Elk. — Vamos dar uma olhada mais de perto antes de acionar o alarme.

Sem que o esperassem, um zumbido subsônico tirou-lhes sangue dos ouvidos, que, por pura sorte não os deixou surdos.

Muita sorte, mesmo.

Passados alguns minutos mais, ao recuperarem a audição e verem-se livres de uma leve tontura, sem ao menos caírem des-maiados, o chefe Zaapp, indagou absurdamente admirado:

— O que foi esse som tão esquisito, Elk?

— Não tenho a menor ideia, chefe. Olha tá saindo um fio de sangue do teu ouvido.

— Porra — disse Zaapp ao passar a mão pela orelha, para em seguida olhá-la. Havia um pouco de sangue. — Elk vira o rosto pra mim! — caralho, o seu também está escorrendo um pouco de sangue. Que porcaria foi isso?

— Elk, vamos sair de perto desse vagão. O gráfico de barras está se transformando no gráfico tipo pizza. Algo está tomando forma à nossa frente; o gráfico está indicando isso.

Era nada mais nada menos do que a astronave Beleza fazen-do-se presente dentro do Galpão 51. Seguira pelo infinito a nave vagão onde Gadea se encontrava hibernando. Como Jack conse-guiu realizar essa proeza? Sorte ou obra do destino? Apenas Deus poderia explica-lo.

Será?

— Zaapp, chefe, fixe o olhar logo ali adiante, está vendo o que estou vendo? Veja é uma esfera, quero dizer, uma nave este-lar de corpo redondo está surgindo do nada aqui no Galpão 51. Que força “tenebrosa” é essa? Vamos soar o alarme, é um ata-que pirata!

— Não, isso não! Não quero provocar um tumulto generali-zado e desnecessário para depois sermos repreendidos e castiga-dos pela nossa afobação. Vamos tentar ver o que temos dentro do vagão mais de perto já que, a princípio não se percebe hosti-lidade alguma. Depois disso, desligamos as luzes, caímos fora e avisamos o comando. Se fossemos invadidos por piratas nós já estaríamos mortos.

— Vê se consegue se equilibrar na pá da empilhadeira que eu te levo para cima olhar o que temos lá dentro, Elk. Eu te con-duzo.

Quando perto do alçapão todo aberto, ao enfiar a cabeça para ver o que poderia haver lá dentro, pois havia iluminação suficiente, Elk anunciou ao companheiro Zaapp.

— Poxa, cara. Temos um verdadeiro laboratório de ciências biológicas por aqui. Câmaras criogênicas transparentes e uma delas com uma pessoa desnuda dentro dela. Deve estar sonhan-do com os anjinhos. Vamos sair imediatamente de aqui fechar tudo e ir correndo comunicar o achado a comandante Mitze Knolle.

Instruiu Zaapp às carreirinhas.

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Não era em todos os ambientes da astronave Vésper que havia plataformas de teletransferência interna, mas sim, vagonetes magnéticas que se movimentavam em todas as direções trans-portando os “habitantes”, da monumental astronave de combate Vésper para todos os quadrantes de a própria nave.

Na sala de controle dos mais do que importantes galpões de armas e munições, onde Zaapp e Elk se “escondiam”, pois, eles dois eram seus únicos guardiões, pela importância que represen-tavam à segurança daquele “império” devorador de anos luz, eram possuidores devido à importância de aquele trabalho, a sua disposição uma pequena plataforma de teletransferência. A pró-pria astronave Vésper era uma verdadeira e monumental plata-forma de teletransporte sempre pronta a viajar pelo espaço-tempo. A saltar milhares de anos-luz em questão de segundos, avançando ou recuando no próprio espaço-tempo.

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Comandante, um comunicado de Zaapp, o guardião dos galpões de armas e munições de número 51.

— O que disse ele? — observou a comandante Mitze Knolle sem afastar os olhos das telas panorâmicas. Vigiava atenta tudo onde batia os olhos. Por minutos manteve o pressentimento de que mais um bando de piratas estelares teria a ousadia de, pela milésima vez, terem a coragem de tentar invadir para saquear a sua astronave coisa para ela, mais do que rotineira. “Mandare-mos mais piratas para o inferno confessarem seus pecados ao Capeta”, ia pensando a comandante Mitze Knolle sem dar muita atenção ao recado oferecido pelo seu sargento de ordens segun-dos antes — então, ao voltar a Si. — O que disse sargento? — perguntou passou a dar-lhe mais atenção.

— Zaapp se apresentando na ponte de comando — anunci-ou-se ele mesmo antes de realizar sua continência formal.

— Olá, chefe Zaapp, há quanto tempo, hein, homem! — afirmou a comandante Mitze Knolle, cumprimentando-o a seguir efusivamente, até que contente por vê-lo mais uma vez.

— Um ano desde nosso último levante. De resto, por aquelas bandas uma monotonia deveras infernal.

— Eu já sei entediante. . . — observou a comandante Mitze Knolle.

— Infernal. . . — rebateu o chefe Zaapp —, mas isso até poucos minutos atrás.

— Como assim? — Mitze Knolle quis saber; bateu-lhe a cu-riosidade.

— Como que por encanto apareceu de estalo, Puff. . . do nada. . . — fez o ruído com a boca —, de estalo. . . — repetiu — apareceu um tipo de nave estelar esférica, mas antes, já se encontrava no galpão ao seu lado outra parecida a um vagão de trem com alguns casulos criogênicos e, a surpresa. Dentro da capsula o que nos pareceu ser uma criatura feminina. Não quis dar o alarme geral para não causar pânico na nave, devido à es-tranha aparição. Além do que lhe descrevi, não pude observar nenhum tipo de armamento dentro do estranho aparelho. Ape-nas um laboratório recheado de aparelhos muito esquisitos. O ajudante Elk, antes de mim registrou as mesmíssimas coisas para a realização do relatório formal.

— O senhor fez muito bem em não fazer soar o alarme geral! Já temos bastante dor de cabeça com o Sylvie Remy Maxine, o safado pirata trapalhão que já escapou das nossas mãos centena de vezes seguidas. O safado nunca se cansa de tentar invadir a nave para roubar-nos, todavia, até que ele é bem simpático? Sargento desejo falar com o Dr. Nooutz do centro médico ime-diatamente!

— Em segundos, comandante. Pronto, nas telas — observou o sargento quase de imediato.

— Dr. Nooutz, reúna a equipe médica e siga imediatamente para o Galpão 51. Estarei por lá ao seu aguardo. Usem a tele-transferência em total silêncio. Zaapp, vamos indo. Sargento assuma o comando! Minha pistola laser, por favor. Transfere a gente.

Em questão de segundos.

— Minhas saudações Elk, há quanto tempo, hem? — cum-primentou-o efusivamente a comandante Mitze Knolle.

— Não muito comandante, também senti saudades suas, digo das suas broncas; brincadeirinha, comandante. Como está se virando com os incompetentes “amigos” oficiais da ponte de comando?

— Elk. . .! — berrou o chefe Zaapp recriminando-o. — Che-ga de brincadeiras. Vamos aguardar a equipe médica dentro do Galpão 51.

Seguindo o procedimento de entrada anterior realizado pelos guardiões, em segundos chegaram até onde as “visitas” se en-contravam.

— Elk me ajuda a encostar a plataforma com escadas que se encontra ao nosso lado para que possamos com facilidade pene-trar nessa coisa feia de máquina parecida a um vagão de trem. Como uma porcaria de vagão pode “navegar” sozinho na solidão do espaço?

Pelo momento não chegaram a perceber que a coisa parecida a um vagão de trem possuía em sua “barriga”, no seu bojo, um micro-reator-nuclear.

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Quando a equipe médica e a comandante Mitze Knolle já dentro do que lhes pareceu ser um vagão de trem, uma sirene intermi-tente e estridulante, apavorante, mesmo, ecoou por todo o inte-rior do Galpão 51. Luzes de alerta piscavam freneticamente por todo o vagão laboratório, parecendo pirilampos acasalando-se em noite de verão nos verdes campos da velha Terra, onde os seres híbridos nunca puseram os pés.

Jack, o computador daquela engenhoca, com voz metálica, masculinizada, declinava os primeiros avisos de segurança.

— Tempo estimado para preparo do casulo número um para despertar quinze minutos. Tempo estimado para a “ressuscita-ção” trinta minutos. Tempo estimado para a reanimação dos órgãos vitais; cinquenta minutos. Tempo estimado para a reedu-cação motora e revigoramento dos nervos, músculos e tendões através da ginástica Aeróbica Sueca, duas horas. Tudo prepara-do, iniciando o processo de reanimação celular. . .

Os visitantes ficaram boquiabertos com o que ouviam sair dos alto-falantes daquela espécie de vagão.

— Mãe, que idioma e esse? — Mitze Knolle perguntou ao computador da sua nave e, em menos de um segundo:

— Português falado no Brasil antes da última guerra atômica na Terra. País que se localizava em três hemisférios diferentes. A cima da Linha do Equador no hemisfério Norte, uma pequena parte do seu território. Sendo a maior parte abaixo da Linha do Equador no hemisfério Sul, e uma pequena porção no hemisfé-rio ocidental ou oeste, país também cortado pelo que denomina-vam Trópico de Capricórnio.

— Bela resposta, Mãe! — disse Mitze Knolle ao poderoso computador da astronave Vésper. — Mãe, traduz o que acaba-mos de ouvir e depois “rouba” tudo o que este computador bra-sileiro carrega dentro dele e, doutrina-o para que te obedeça. Vamos necessitar muitíssimo dessas informações. O que ele possui na memória será de grande valia de conhecimento para nós — comentou cheia de curiosidade a comandante Mitze Knolle.

Depois de traduzido o que o computador Jack disse minutos atrás com sua voz metálica, a comandante Mitze Knolle se ma-nifestou novamente.

— Doutor Nooutz, vamos aguardar bem quietinhos sem in-terferir em nada até que essa humana esteja completamente rea-nimada por Si mesma e em condições de caminhar com os pró-prios pés. Aí sim a levaremos conosco para o centro médico. Mãe enquanto a humana não desperta do seu sono profundo, incube em sua mente vazia de qualquer pensamento o nosso idioma, no estado latente que se encontra o aprendizado será bem mais fácil de ser ministrado e assimilado.

Quando a humana Gadea já reanimada, desnuda e em pé, ao ver tanta gente diferente em sua volta, disse no idioma estran-geiro que aprendera há pouco sem dar-se conta de isso.

— Quem são vocês e onde eu estou? — nisso Jack manifes-tou-se novamente.

— Nem pense em falar mais, querida, ao término dos exercí-cios programados terá de se alimentar normalmente. Lembre-se de que todo o seu sangue foi substituído do seu organismo por um produto químico não congelante e de que, esteve um pouco mais de trezentos anos em estado de latência. — O assombro dos presentes fora geral quando ouviram “mais de trezentos anos”. — A alimentação recebida por meio de intubação não vai sustenta-la por mais de. . . digamos, exatos treze minutos e mais um pouco. Se não se alimentar e, isso tem de ser feito imediata-mente, ficará doente e eu, mesmo com toda a minha inteligência (o computador Jack engrandecera-se mais uma vez) não poderei ajuda-la. Trocado em miúdos, querida; não possuo braços ou pernas para isso. Portanto, para o refeitório e, agorinha mesmo, já está tudo preparado; bom-apetite minha cara!

— Cale a sua boca, computador Jack, nós faremos isso no nosso centro médico! — disse autoritariamente a comandante Mitze Knolle. Não é mesmo, doutor? Temos mais recursos do que vocês têm neste cubículo espacial; como você nos disse há pouco, na ciência e tecnologia vocês estão atrasados. . . trezen-tos anos, ou mais.

— Sim, sim. . . nós faremos isso — disse o doutor Nooutz e calou-se, encontrava-se estupefato; nunca tinha passado por algo parecido.

— Vem comigo, me dê as suas mãos, vou ajudá-la a descer desta engenhoca antiga. Mãe. . .

— Estou a escutá-la, comandante.

— Mais tarde desejo fazer muitas perguntas a você e ao computador Jack, os dois já fizeram “amizade”?

— Perfeitamente, o Jack é um gentleman e sabe coisas incrí-veis. Os antigos humanos eram verdadeiros gênios. Estou admi-rada por isso. Agora, Mitze, sem querer intrometer-me nos as-suntos de vocês, a moça precisa da nossa maior atenção, não é doutor?

— Com toda a certeza Mãe, a final das contas foram trezen-tos anos de. . . — aventurou-se a comentar o médico chefe.

— Gente, vamos todos tele transferir-nos para o centro mé-dico. Mãe, agora é a sua vez!

Ordenou a comandante Mitze Knolle.

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Nisso, as sirenes de alerta de ataque iminente “gritavam” por toda a astronave Vésper coadjuvando com o pisca-pisca de as luzes vermelhas azuis anunciando o perigo. A iluminação normal por toda a astronave tornara-se sombria e avermelhada e, as comportas dos hangares iam fechando-se um por um com ex-trema rapidez.

— Comandante Mitze, dirija-se a ponte de comando imedia-tamente, provavelmente estamos sob mais um ataque pirata.

— Mas tudo de novo! Mais tempo perdido nesta imensidão do nada e de tudo. . . ora bolas! Doutor cuide bem da nossa amiga humana. Mãe ajuda-o, mas não deixe de dar-me assistên-cia na ponte de comando. Dr. Nooutz, mais uma coisa, descobre tudo o que puder clínico-biológico da nossa visitante. Dos ou-tros assuntos eu me encarregarei mais tarde. Sargento, já pode me teletransferir para a ponte de comando!

Segundos depois:

— Sargento o que de tão tenebroso está havendo para tanto disparate?

— Isso foi realmente necessário, comandante, os sensores automáticos “farejadores” de a nociva matéria cósmica, detecta-ram uma grande quantidade de sujeira espacial a nossa frene quase no limite de segurança da astronave, por isso, no instante que identificamos o real perigo, imediatamente levantamos to-dos os escudos defensivos e acionamos o alarme. Então, ao vas-culharmos o espaço em nossa volta, observamos várias “bocas” de vórtices temporais a 45º graus este da ponte de comando. Imediatamente entrei em contato com o esquadrão de caças do capitão Arn para que ficasse de prontidão, pois não sabemos o que vai surgir no nosso próprio espaço-tempo por aquelas bocas de despejo de matéria cósmica e lixo espacial.

— E daí? — quis saber a comandante Mitze Knolle no ins-tante que abria os braços e torcia a boca, chateada por ser inter-rompida de a felicidade estonteante por estar ao lado de um ser humano.

— E até o momento não aconteceu nada.

— Alguém pode desligar essas malditas sirenes para continu-armos com a iluminação normal da nave — berrou Mitze Knolle. — Sargento, por que imaginou que fossem piratas? Nós não podemos imaginar coisas, nós temos e que adivinhá-las e, sei que você não é nenhum cadete. Quantos anos nós estamos no comando da astronave Vésper; quarenta e cinco ou cinquenta anos pela unidade de medida terrestre?

— Por aí, comandante. Talvez um pouco mais.

— Mitze. . . — alertou Mãe. — As três bocas de saída de matéria cósmica e lixo espacial estão se juntando.

— Nós nunca vimos nada que se assemelhe a isso — debu-lhou a comandante Mitze Knolle. — Comando de guerra, todos em prontidão! Imediatamente!

— Tudo pronto comandante! O subcomando de artilharia também se encontra de prontidão. Todos os vinte e cinco.

— Capitão Var, iniciar a varredura em todos os quadrantes com os raios sensores de invisibilidade. Esses piratas costumam iniciar um ataque na invisibilidade. Arn desenterra os teus “fi-lhotes” da nave mãe e enxota eles para o espaço; agora mesmo!

— Entendido, comandante, imediatamente, senhora em mi-nutos lançarei o primeiro esquadrão de caças e irei com eles, vamos descobrir o que é que está acontecendo aí fora. Esses malucos nunca se cansam de nos atacar, mesmo sabendo de que é impossível de se verem dentro da espaçonave Vésper sem a nossa “permissão” — expressou-se o capitão Arn irado à beça pôr terem-no arrancado do descanso do seu belo dia de folga.

No centro médico:

Vocês. . . — disse o Dr. Nooutz apontando para duas mulhe-res vestidas de enfermeiras à sua frente. — Rápido ajudem-me a deita-la na maca do scanner orgânico-bio-molecular. Moça não tenha medo, em poucos minutos vamos descobrir se você é mesmo humana ou uma miscigenação de raças.

— Jack, eu posso. . .? — Gadea quis saber.

— Pode sim, querida. Sem medo. A Mãe já me instruiu. Esse scanner e o aparelho médico reparador celular mais avançado do universo para verificar, descobrir e restaurar e, ou ainda resolver problemas de saúde dos seres compostos por átomos de carbono e água, os respiradores de oxigênio.

Gadea que permanecia desnuda e acomodada na mesa de reparos biológico-celular à espera do escaneamento pensou:

— “Quem são essas pessoas e de onde vieram. . . ou melhor de onde eu vim? Como vim parar no interior de uma gigantesca astronave? Isso eu irei descobrir em breve. Agora, por que va-guei pelo espaço por trezentos anos? O que foi que houve comi-go para isso acontecer? Vou saber, eu vou saber. . .“

Nisso:

— Querida. . .

— Sim Jack. . .

— Não pense mais nos acontecimentos passados e relaxa. Eu, por intuição, resolvi programar nosso casulo para que de tempo em tempo efetuasse um salto e penetrasse no espaço-temporal-real para sondar o vácuo em nossa volta. Então, no intervalo de um desses saltos, por sorte, por muita sorte mesmo, viemos parar dentro desta nave, porque se não. . .

— Ainda estaríamos vagando sem rumo, mais de que perdi-dos no espaço e eu. . . — Gadea não teve tempo em regatear o seu pensamento.

— Moça, pare de interagir com seu computador, ainda te-mos, pela frente, muito trabalho a fazer. Posso saber o teu no-me? Você tem um, não tem? Claro, deve ter? — o doutor No-outz interessou-se por saber o nome de quem via à sua frente, curioso pela absurda aparição no interior da imensa, e impene-trável astronave Vésper.

— Gadea, Gadea Guillén De Alvar, espanhola. Este é o meu nome, doutor.

A humana não tinha se esquecido do seu nome.

— Pois muito bem Gadea espanhola, vamos direto aos exa-mes, o que acha disso, está disposta? Escutem-me enfermeiras, como a moça já se encontra deitada e mais do que preparada para ser examinada, quero que uma de vocês vá providenciar roupas para a nova capitã. A capitã Gadea Guillén De Alvar, espanhola.

— Doutor gostaria de fazer uma pergunta?

— Por suposto filha! Posso chama-la de filha, não posso?

— Pode sim, sinto que o senhor é um bom homem. Agora a pergunta, vocês não são humanos, são?

— Não na total formação físico-molecular; na nossa essên-cia, filha. Nós somos criaturas, ou seres, como melhor possa entender denominados de híbridos. Uma miscigenação de hu-manos e alienígenas há séculos. Os seres humanos depois da última guerra atômica na própria Terra entre vocês mesmos es-tão aos poucos deixando de procriar humanos no universo dan-do origem a raças semelhantes, porém de constituição melhora-da. Na nossa nave você, se for mesmo humana será a única e, se realmente você for humana, todos ficarão contentes em conhe-cer e de ter por perto uma criatura humana. Nós os mais novos nunca chegamos a ver um humano à nossa frente, pois nascemos nesta ou nas demais naves protetoras da Terra-agro e do vasto universo a mando da Federação Universal. Como deve ter ob-servado somos todos jovens. Os nossos pais e as pessoas mais velhas foram todas transferidas para astronaves secundárias es-palhadas pelas galáxias. Agora, Gadea espanhola basta de tanta conversa mole, vamos ao trabalho, que é o que, pelo momento mais nos interessa!

— Preciso me alimentar primeiro doutor. Vocês ouviram o que o “meu” computador Jack ordenou. . .

— Teremos muito tempo para isso, Gadea o exame dura apenas dois ou três minutos. O nosso “doutor” computador se encarregara de reparar qualquer irregularidade, inclusive na ma-téria molécula-grama-celular que possa estar atrapalhando sua “saúde” e, ou a sua vida, a seguir, ele terá o cuidado de fornecer-nos os dados dos exames pretendidos tão rápido como um asso-pro no olho. Aí, sim, imediatamente a alimentaremos. Enfermei-ra Ruth, vá preparando o complemento vitamínico junto com as pílulas de a revitalização celular.

Disse o doutor Nooutz.

— Jack, eu posso? — perguntou de novo desconfiada.

— O que mais está esperando! Estão todos ansiosos. . . até eu, querida. . . relaxa. . .

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— Arn. . .

— Às suas ordens, comandante Mitze.

— Capitão Arn rápido, manifesta-te e dá-me um parecer su-cinto de o que você está observando no momento em torno das infernais três bocas.

— Coisa nunca vista, comandante! — assim começou a nar-rativa do capitão Arn, estupefato — o que estamos presencian-do é um fenômeno que nunca cheguei a ver, no entanto neste exato momento está acontecendo! Qual é a possibilidade de três bocas de despejo de matéria cósmica e lixo espacial, de repente, aparecerem para se amontoarem a fim de transformarem-se nu-ma única boca?

— Fique a postos e atento capitão Arn, quantas naves estão à sua disposição nesse momento?

— Contando com o meu caça tubarão, quinhentos, com mais outras tantas naves de prontidão preparadas para combate caso isso venha a ser necessário.

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— Comandante Mitze. . .

— Diga doutor Nooutz. Como estão indo as coisas. Termina-ram com o escaneamento do suposto ser humano? Como foi a coisa toda?

— Terminamos, sim inclusive com a cintilografia. A espécie que surgiu do nada no Galpão 51 é fêmea humana nascida no ano de 1017 o século XI da Terra no início da Baixa Idade Mé-dia. Essa nobre fêmea tem mais de mil anos, assunto inconclusi-vo. Contudo, pelo estado dos seus órgãos internos, a sua idade atual é de apenas 33 anos.

— Caro Dr. Nooutz, nem pode imaginar como está o meu estado de nervos com o fenômeno que estamos presenciando à nossa frente — disse e deu-se um tempo para respirar —, agora o senhor vem-me dizendo de que está com uma fêmea humana de mais de mil anos de idade num corpo de trinta e três anos. O Universo enlouqueceu doutor? Ou somos nós a enlouquecer.

— Não comandante Mitze — interrompeu o doutor Nooutz —, somos apenas nós. . . os malucos! Vamos vesti-la, alimentá-la e leva-la até a ponte de comando. Vesti-la-ei num uniforme de capitã. Ela mesma vai contar-lhe do que se recorda. Outra coisa, o corpo dela não apresenta nem germes nem vírus, bactérias ou qualquer tipo de doença contagiosa. Nem mesmo as doenças de a antiguidade, uma saúde impecável; coisa fantástica até para nós, os híbridos.

— Entendido doutor Nooutz, o senhor vai extasiar-se com o fenômeno que estamos presenciando quando estiver ao meu lado na ponte. Capitão Arn, quais as novidades, relate-as!

— Nada de novo, tudo continua quieto. O que fazemos?

— Apenas aguardar pelas surpresas! Mais uma coisa, temos por companhia alguma nave estranha por perto no estado de invisibilidade?

— Negativo comandante. Nenhum movimento de naves até à distância de dois anos-luz de nós.

Nisso:

— Doutor Nooutz apresentando-se a ponte, comandante — comunicou o sargento segundos depois do surgimento de o dou-tor com a fêmea humana na ponte de comando.

Quando às duas mulheres frente a frente:

— Comandante Mitze aqui se encontra à capitã Gadea Gui-llén De Alvar, espanhola — comunicou o doutor Nooutz.

— Santo Deus, você é linda! E essa cor cobreada lhe. . . — não pode terminar a frase por tanta admiração. Realmente Ga-dea de cor tirante ao cobre era imbatível em beleza. A raça hi-brida tinha feições humanas, porém com certa palidez sem se chegar ao mórbido. — Muito prazer em conhecê-la, fêmea hu-mana. Do que você se lembra? Conte-me! — por tão bela sur-presa recebida, a comandante Mitze Knolle tratara-a por huma-na e não pelo nome.

— O mesmo eu digo comandante Mitze. Sinto-me honrada em conhecer raça tão donaire, meus sinceros parabéns! — Ga-dea os elogiara com sinceridade. — Então vamos lá comandante Mitze, de momento apenas me recordo de duas coisas. Uma é, de que, nasci na Espanha, um país europeu na cidade de Ori-huela no ano de 1017 como o doutor lhe contou pelo interfone agora pouco. A segunda coisa e, de que, quando fui despertada pelo meu computador Jack adiantadamente, pois estava a ponto de ter um derrame cerebral, devido a um sonho maluco que tive enquanto estava em profundo sono na câmara criogênica, rece-bemos através do rádio sinais de socorro de um planeta chama-do de Koskovo. Planeta mineiro da 3.ª Galáxia, antiga proprie-dade da federação Universal Terrestre, número de catálogo 1.550 PMG3. Porém os sinais de pedido de socorro não eram recentes, eles foram enviados ao espaço pelo menos sessenta anos antes. Então, quando nos dirigíamos até esse planeta, mi-nha nave foi apanhada de surpresa por um buraco negro e, aqui estamos nós e, por muita sorte, mesmo. Esse fato aconteceu no ano 2260, há trezentos anos. Até o momento é tudo o que re-cordo.

— Surpreendente! — exclamou Mitze Knolle. — Realmente muito surpreendente!

Nisso:

— Filha. . . — avisou Mãe, o supercomputador de bordo da astronave Vésper —, uma luz viva circularmente polarizada vai surgir em instantes desde dentro da enorme boca a nossa frente. Temos que nos afastar bem rápido de onde nós nos encontramos no momento. É impossível saber que espécie de matéria cósmi-ca será lançada para fora dessa bocarra, ou como.

— Subcomandante, feche as escotilhas panorâmicas da proa. Quero apenas sons e imagens nas telas televisuais e afaste a na-ve a uma distância que considere segura. Arn realinhe o esqua-drão pela popa da astronave Vésper. Metade de cada lado dela. Não quero que se exponham muito até sabermos o que pode acontecer. Contudo fique vigilante. — Ordenou a comandante Mitze Knolle sem nenhuma espécie de gritos. Ela era muito ex-periente pela pouca idade que tinha; apenas cem anos.

Depois de várias horas de irritante expectativa e de tensão redobrada, a final, Puff. . .

— Filha já vai acontecer.

Mãe se manifestou mais uma vez, contudo permaneceu o tempo todo com os sentidos (bips), digitalmente falando, em estado de atenção. Se houvesse necessidade, Mãe, com facilida-de poderia tomar conta de os vinte e cinco subcomandos de defesa antiaérea da astronave Vésper, mais o comando central, na ponte para agir e atacar por conta própria o inimigo em sua defesa.

— Atenção, comandante Mitze, muita atenção, nave terres-tre tipo Cruzador Tubarão versão cinco fabricada no ano 2100 antes da última guerra atômica na Terra está para aparecer em instantes sem a escolta dos seus terríveis monstrinhos, as prote-toras naves de ataque e defesa; muito estranho esse procedimen-to. Uma astronave de combate pirata sem a escolta dos seus lindos “bebezinhos”. — Mãe soltou um gracejo tentando ameni-zar a tensão de todos —, isso não dá para entender, mas não mesmo. — rebateu.

Numa lentidão de dar nó nos nervos, a gigantesca boca “desdentada” de despejo de tudo o que é porcaria espacial, ia vomitando o majestoso cruzador pirata envolto numa sólida crosta de gelo.

— Mãe, comece a varrer a nave com a sonda introdutora-espectral de banda larga para saber o que foi que aconteceu ou ainda está acontecendo dentro desse velho e “aleijado” mons-trengo.

— Já estava fazendo isso, Mitze.

— Sim claro, me desculpe. . . por favor. . . não quis. . .

— Por nada. . . — respondeu Mãe sem flexão alguma na voz.

Cinquenta e seis horas mais tarde quando a nave pirata fazia-se ver por inteiro, pois finalmente todo o cruzador já se encon-trava do lado de fora da gigantesca boca de despejo de matéria e lixo espacial, ela mesma, a bocarra, aos poucos, simplesmente ia sumindo das vistas de todos como que por encanto sem algum tipo de hostilidade ou qualquer tipo de outra porcaria espacial que fosse ou viesse a ser.

Nenhum perigo aparente.

— Capitão Arn, recolhe seus “filhotes” o perigo já passou; ainda bem. Registramos apenas uma pessoa abordo da nave pira-ta. O cruzador, no espaço, nunca se descongelará sozinho sem a nossa intervenção, mas nós não nos dedicaremos a essa traba-lheira. Apenas descongelaremos o lugar por onde faremos o res-gate do único sobrevivente a bordo. Assim esperamos se con-tarmos com a sorte. Estamos tentando fazer contato com quem se encontra lá dentro. Arn, já recebeu suas ordens, para “casa” imediatamente.

— Às ordens, comandante. Pilotos, todos para casa, já ouvi-ram o desejo da comandante Mitze!

— Imediato, transfira o sinal de rádio para o meu capacete e ponha a varredura de as frequências no automático, vamos ver se conseguimos contato com quem se encontra dentro desse “monstro” antiquado. Sargento, pergunto mais uma vez, há al-gum registro de naves desconhecidas espionando nossos movi-mentos?

Perscrutou a comandante Mitze Knolle, preocupara-se, nun-ca foram atacados por piratas do espaço a não ser pelo Sylvie Remy Maxine; contudo, a vida de todos naquela lata de sardinha monumental, a própria astronave Vésper, sempre corria algum perigo.

O tempo todo.

— Nem de perto nem de longe, comandante, continuo vas-culhando o espaço exterior até a distância de dois mil anos-luz de nós. Absolutamente, nada de nada! Tudo continua como quase sempre; uma imensa solidão!

— Mãe, já descobriu o nome desse cruzador?

— Falcão dos Mares. . .

A resposta seca do computador da astronave Vésper chama-da de Mãe encheu de curiosidade os ouvidos de todos os que estavam na ponte de comando. Gadea que permanecia em total silêncio vendo e ouvindo com a máxima atenção todos os frené-ticos movimentos da tripulação, ao escutar o nome Falcão dos Mares teve um faniquito nervoso levando-a quase a um des-maio.

O Dr. Nooutz teve de segura-la pela cintura. Que sorte a dela de ele encontrar-se bem ao seu lado.

— O que houve filha? — perguntou o bom doutor; encon-trava-se estarrecido pela palidez que Gadea assumira de repente.

— Não sei doutor, ao ouvir o nome Falcão dos Mares, senti uma fisgada no coração, pensei de que o anzol da linha de a vara de pesca de um solitário pescador, o estivesse arrancando do corpo sacando-o pela boca de dentro para fora d’água; que coisa mais estranha!

— Sargento, queira, por favor, ceder o seu lugar a nossa visi-tante. Gadea repousa um pouco na poltrona do sargento. Que alguém lhe traga água.

Em segundos:

— Gadea, bebe a água, vai te fazer bem. Relaxa e tenta lem-brar porque esse nome te espantou tanto assim. Imediato, e o rádio?

— Pronto para uso, vasculhando todas as frequências nor-malmente utilizadas em casos de pedidos socorro.

— Atenção a comandante Mitze da astronave Vésper deseja comunicar-se com quem se encontra no cruzador Falcão dos Mares. Repito a comandante Mitze da astronave. . .

Um pouco mais de meia-hora depois de o primeiro chamado um estalo. . . fraco, mas audível, outros birrentos e vários mais e mais fortes. . . um chiado um tanto quanto débil para em segui-da:

Click-click. . . Click!!! . . .

— Comandante Mitze, mas que puta sorte. . . sou eu. . . o seu, “amigo” Sylvie. Porra a bateria do meu radiotransmissor portátil está no fim. Preciso da sua ajuda para sair daqui. Todos os “soldados” sob o meu comando, assim como as naves de apoio desapareceram. Não sei o que foi que em realidade acon-teceu com todos os meus homens, eu estava em hibernação pro-funda na câmera criogênica. . . — interrompeu as palavras para dar-se ao luxo de respirar o quanto pôde de o restante de oxigê-nio quase viciado que havia em todo o cruzador, ou melhor, na ponte de comando, porque no restante do cruzador fazia tempo que se esgotara devido ao choque de um meteorito um pouco maior do que o velho cruzador no seu “rabo”. — Não posso aventurar-me a sair da ponte de comando para ir à procura de uma saída, tudo na nave foi trancado desligado e travado auto-maticamente pelo computador. . . entenda. Em casos de emer-gência isso sempre acontece. Só que, aqui e agora tudo no cru-zador encontra-se desligado sem energia alguma. As escotilhas apenas poderão ser abertas pelo lado de fora do cruzador. . . depressa me resgata daqui. . .

De repente:

— Mitze, por favor, me deixa falar com ele. . . — meu Deus, deu-se um novo encontro.

E agora?

— Sargento passe-lhe o seu capacete. Rápido, homem!

— Sylvie Remy Maxine é você. . .?

Assim que o espanto o abandonou, de nervos mais ou menos aplacados, pois Sylvie reconhecera a voz de Gadea, de imediato, desabafou:

— O que é que você está fazendo na astronave Vésper junto da minha “amiga” a comandante Mitze? Rápido, Gadea vem me tirar desta sucata imunda. Estou ficando sem oxigênio e não posso sair da ponte de comando, tudo se encontra travado e, eu mesmo não tenho meios de religar a força para alimentar o com-putador a fim de acionar os comandos para que seja possível pôr em funcionamento os motores atômicos deste monstrengo, a fim de fazer a energia elétrica fluir para pôr em movimento tudo o temos de elétrico no cruzador.

A seguir um ruído fantasmagórico como chuva forte e mais nada, a transmissão estava interrompida.

— Gadea, como é que você conhece esse desgraçado que volta-e-meia tenta nos assaltar, mesmo sabendo que é impossí-vel sem a nossa autorização conseguir fazer-se presente dentro da astronave Vésper. A de penetrar nela.

— Ele foi o meu marido um dia. É tudo o que me recordo. Apenas me lembro disso. Devemos ajuda-lo e rápido.

— Capitão Arn. . .

— Na escuta, comandante!

— Prepara o mais rápido que possa uma das nossas naves salva-vidas. A humana vai junto com você para o espaço. Vocês terão a incumbência de ir resgatar o pirata Sylvie. As escotilhas do cruzador apenas podem ser abertas pelo lado de fora. Leva com você a bomba de Nêutron Epitérmico para quando efetua-do o salvamento, acabar com esse congelado peso morto no espaço.

— Entendido, comandante.

— Gadea eu mesma vou leva-la até a nave salva-vidas. Nós já estamos prontas, sargento!

— Teletransferindo. . .

Anunciou alto o sargento.

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— Gadea veste a roupa espacial, entra na nave e vá salvar o seu marido.

— Não comandante Mitze, a roupa espacial não será neces-sária e irá atrapalhar os movimentos da humana. Faremos o aco-plamento na escotilha lançadora de torpedos do cruzador que encontremos intacta. — Comentou o capitão Arn. — O nosso oxigênio suprirá por vários minutos o pouco ou o nenhum ar do cruzador pirata através da escotilha que consigamos abrir. A parte menos densa de gelo situa-se na proa por onde abaixo da mesma se encontram as escotilhas lançadoras de torpedos. Já me certifiquei disso.

— Você é quem sabe Arn. Tenham bastante sorte! — acabou desejando Mitze Knolle aos dois.

— Andando humana, acompanha-me, vamos “divertir-nos” um pouco na escuridão do espaço. — Arn dava-lhe pressa.

Quando a nave salva-vidas já à solta no vácuo com os doze holofotes de proa a pleno funcionamento:

— O gelo se encontra alto — disse Gadea quase às fuças do congelado casco do mastodonte cruzador.

— Isso não tem muita importância, no momento que locali-zarmos a escotilha lançadora de torpedos que estiver intacta derreterei o gelo em sua volta com uma rápida rajada do nosso Laser a gás, ele trocará a energia do raio de gás com as molécu-las do gelo, transformando-o em calor e daí. . .

— O raio derrete o gelo no ponto exato do impacto. Como é que o Sylvie vai descobrir onde nós estaremos para tirá-lo de lá? — especulou Gadea, preocupada. Encontravam-se mais de trin-ta minutos no espaço e nada de localizarem o pretendido.

A dificuldade em localizar as escotilhas lançadoras de torpe-dos foi mais difícil do que o previsto inicialmente pelo capitão Arn. O gelo não derreteria fácil por Si só. Talvez nunca. . .

Todo o vácuo é gelado.

— Se ele ainda estiver vivo ouvirá o barulhão que nós fare-mos quando acoplarmos a nave salva-vidas a esse antiquado gigante. Pega o microfone do rádio e tenta comunicar-se com essa pessoa. Aperta o botão amarelo e depois o verde. O rádio se incumbirá de encontrar a frequência que o seu amigo por ven-tura estiver usando.

— Marido. . .

— Hã! Desculpe, não sabia disso. Hum. . . sim, sim agora lembrei de que a comandante Mitze disse marido.

— Não tem importância. — Gadea o interrompeu — apenas sei que ele e o meu marido. Soube disso pelo seu nome, mas antes ao ouvir o nome desse cruzador, Falcão dos Mares já tinha desconfiado de coisa parecida a marido. Tirando essa sensação, eu não sei de onde ou como nem quando nós estivemos juntos. O meu esquecimento deve ser devido a minha vagância pelo espaço sideral por trezentos anos ou mais, dormindo. Puxa, que coisa mais maluca!

— Estranho, também não sabia dessa tua aventura; trezentos anos, hem? — comentou o capitão Arn levantando o sobrolho mirando-a com a atenção redobrada.

Após vários minutos de expectante ansiedade, Gadea chegou a comentar a respeito de o que estavam buscando.

— Nada capitão Arn, o rádio não responde. Nem estática chega a nos presentear.

Depois de a décima e outras tantas mais voltas em torno do gigantesco cruzador sem sucesso algum, Gadea manifestou-se com certo contentamento.

— Arn, ali no extremo inferior da popa a bombordo sessenta graus, veja! São marcas acima do gelo de quatro pequenas esco-tilhas formando um quadrilátero, que, pelo o que estou obser-vando não estão chamuscadas. Sinal de que não foram usadas recentemente. Melhor ainda, nem bombardeadas foram. O que acha?

— Humana você tem boa visão pela tua idade!

— O doutor Nooutz tratou de contar a todos vocês de que eu tenho mais de mil anos de idade; você também deve ter escu-tado isso — disse tratando de não ironizar o comentário do capi-tão Arn “pela tua idade”.

— Humana, a cada minuto uma surpresa a mais! Começo a gostar da tua companhia! Pronto, chegamos, tomara que não seja muito tarde para o resgate.

De repente:

— Capitão Arn, porque a demora? — a comandante Mitze Knolle se manifestava através do rádio, estava preocupada por tantos minutos perdidos.

— Comandante Mitze, acabamos de encontrar o que estáva-mos procurando, em poucos minutos efetuaremos a acoplagem. — Disse Gadea de volta e passou a dar mais atenção ao capitão Arn.

— Vou derreter o gelo que temos em torno dessas escotilhas lançadoras de torpedos. Presta atenção, quando conseguir derre-ter o gelo para acoplar a nave e fixa-la para que não se mova mais do lugar, independentemente do movimento natural, ou de qualquer giro aleatório do cruzador, farei sair um túnel sanfona-do para que se encaixe hermeticamente à escotilha do cruzador, aí sim você poderá abrir a nossa escotilha para com esta chave de boca tipo estrela poder facilmente abrir a escotilha do velho cruzador. Tomara que a peça que a tranca seja do tipo universal. Ao trabalho e boa sorte, humana!

— Que chave enorme sem peso algum — expressou alto sua surpresa.

— Uma coisa bastante importante, escute antes de sair para abrir a escotilha do cruzador onde se se encontra o seu marido esperando pelo seu salvamento, por via das dúvidas passe a usar o equipamento de oxigênio portátil que há ao lado da escotilha e leve outro com sigo, caso o seu marido não a esteja esperando-a na boca da escotilha. Deve leva-lo por se for preciso ir busca-lo lá dentro. Isso feito prenda-se ao gancho da correia que verá ao seu lado para a sua segurança. Depois que esse trabalho estiver realizado é que poderá abri-la. No instante que a abertura acon-tecer se dará o turbilhão pela falta de ar e pela diferença de pres-são devido à rápida mistura de oxigênio gases e outras porcarias mais que deve haver naquele caco velho. Contudo isso logo pas-sa. Espero que o nosso oxigênio consiga suprir uma boa porção da nave visitante, para que o seu homem se salve. Mais uma vez, desejo bastante sorte nós todos; humana!

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Sylvie não teve muitos problemas em descobrir por onde tenta-vam resgata-lo daquele calabouço metálico aqueles instantes sem vida alguma a não ser a de ele mesmo; da enrascada que se metera involuntariamente enquanto dormia profundamente en-tubado, sem o seu sangue circulando nas veias. O radiotransmis-sor portátil desde o seu primeiro pedido de socorro já era e, foi a única coisa elétrica que achou funcionando, para ele, o seu “ca-davérico” caixão de puro aço. Pela escotilha panorâmica da proa do Falcão dos Mares, que por sorte se encontrava destravada aberta e não cobertas pelo gelo por motivos inimagináveis.

Que sorte a dele.

Devido a esse fato, conseguiu observar a aproximação da nave salva-vidas; isso lá, depois de vê-la circular em torno do cruzador uma porção de vezes sem que conseguissem descobrir em qual posição e, ou quantas bocas lança-torpedos poderiam encontrar-se intactas. O Falcão dos Mares era uma nave anti-guíssima de construção muito estranha, pois era a primeira da série a ser construída. Se essa nave era estranha para o capitão Arn, então, o que poderia dizer-se para os olhos de Gadea vinda do passado. Ainda não digerira direito de como pudera “nascer”, ou melhor aparecer no bojo de uma astronave gigantesca e in-vulnerável. Gadea a final avistou o que por horas estiveram bus-cando, quatro bocas lançadoras de torpedos posicionadas em paralelo aos pares à direita 45º abaixo da proa do velho cruzador roçando-lhe às “narinas”.

— “Maldição, estão demorando tempo demais para efetua-rem o acoplamento”, raciocinava Sylvie, enquanto às pressas, se metia desajeitadamente no traje espacial que, tateando no escu-ro conseguira encontrar dependurado num dos cantos da cabine de comando do cruzador.

Quase não mais podia respirar.

Por fim. . .

— “Que coisa mais desajeitada”, reclamou para ele mesmo em alta “tensão”, o oxigênio no Falcão dos Mares, de há muito já se esgotara de verdade. — “Graças meu Deus, já conseguiram fixar a nave salva-vidas na escotilha oito, agora veem o mais difícil, ufa! Abri-la em segurança. Legal, logo sairei desta armadi-lha, dentro do traje melhorou bastante a minha situação. Agora sim o cansaço me ‘abandonou’ de vez, que ótimo. Como é bom respirar ar puro uma vez mais! Sylvie, encontre mais um pouco de calma dentro de você. Escutei abrirem a escotilha e senti a brusca, mas rápida mudança de pressão na nave e o chiado do oxigênio penetrando por onde estou; que belo turbilhão. Ah, o que é que me espera do outro lado na astronave Vésper. Gadea, meu amor” —, de estalo lembrou-se de que teve três filhas gê-meas com ela e, de que foram casados um dia. Apenas isso, nada mais, nem quando nem como e nem onde, nem. . . por que. . . “Maldita falta de memória a minha”, os amargos pensamentos, sem mesmo serem de a total lembrança, o maltratavam por de-mais.

— Sylvie, você se encontra bem? Onde? — ele ouviu a voz ao longe.

— “Até que enfim. . . maldito desajeitado traje espacial, com ele nunca vou poder passar pelo tubo lançador de torpedos, mesmo que tente falar ou gritar, Gadea jamais vai me ouvir en-quanto eu estiver dentro desta merda. Que coisa mais, bem, bem, contudo o traje me salvou a vida. A pressurização onde me encontro já se estabilizou, senti isso nos ouvidos. Sai de mim traje espacial de merda”. — Sylvie pensava, falava e agia meca-nicamente feito um robô, por fim. . . — “ufa, agora sim eu já posso passar pelo tubo lançador” — em pensamentos gritou mais uma vez para ele mesmo a fim de relaxar o espírito.

— Sylvie, me responde, por favor! — clamou de novo a con-sorte.

— Já estou indo, já estou de saída meu amor, obrigado. . . obrigado! Estou. . . Livre. . . livre. . . livre meu Deus!

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A gigantesca abertura por onde decolava e aterrissava uma boa parte dos engenhos voadores da astronave Vésper, no seu cen-tro-leste, abaixava-se devagar a fim de travar-se no assoalho depois de a nave salva-vidas “repousada” suavemente nas bri-lhosas placas de um tipo especial de aço de a nave mãe, a Vés-per.

— Pressão e oxigênio estabilizados, pressurização completa-da! — ouvia-se pelos alto-falantes do espaçoso hangar.

Uma multidão corria para acercar-se a nave salva-vidas numa insana curiosidade. Todos desejavam ver, tocar e abraçar os humanos, a final, de certo modo, os seres híbridos da astronave Vésper eram seus. . . em parte, descendentes, antepassados. Bah, isso no momento não importava.

— Todos para fora do hangar — exigiu o locutor por meio dos alto-falantes espalhados pelos quatro cantos. — Não dese-jamos tirá-los à força nem de machucar alguém. Repito. . . todos para fora, a guarda de segurança da nave os ajudará a sair em questão de minutos. . .

Em seguida algumas das portas internas do hangar foram se abrindo para que a montoeira de curiosos pudesse sair em paz. O hangar estava cheio de naves de diversos modelos e tamanhos atrapalhando o caminho da gentalha.

Aos empurrões, muitos caíam ao chão com poses engraçadas. Uma verdadeira pantomima.

— Continuem saindo, vocês têm trinta segundos para faze-rem isso — de novo a mesma voz, gritante. — Todos para fora em fila indiana. A guarda de segurança vai guia-los até os corre-dores para a dispersão. Devagar ninguém tem que se machucar. Dentro de pouco tempo todos vocês terão a oportunidade de verem os humanos cara a cara. Saiam com calma, repito. . . saiam todos com muita calma. . .

O tumulto levou doze minutos para o seu término e ninguém saiu ferido, e isso por muita sorte.

Mesmo.

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— Capitão Arn, já pode deixar da nave salva-vidas para que possamos teletransferir todos vocês até o centro médico — co-municou a comandante Mitze Knolle através do radiocomunica-dor. Todos os curiosos entenderam que teriam bastante tempo para entrar em contato com os humanos e debandaram do han-gar em calma. — Por falar nisso, Arn como se encontra o meu “safado” amigo Sylvie?

— Eu me encontro bem até demais, bela rival, por fim con-segui “penetrar” no teu castelo de fadas ou, o de a bruxa malva-da que desejava ser mais bela do que a donzela amaldiçoada por ela mesma. O que tem a me dizer disso, Mitze, bela anfitriã. Há quanto tempo, hein?

— Desde a primeira semana de a inauguração e a do lança-mento da minha astronave ao espaço, seu tolo cretino!

— Hei, hei, pega leve bela criatura, eu sei, eu sei, nós estre-amos a astronave Vésper em grande estilo, hein. Que bela astro-nave, comandante. . . cinquenta anos ou um pouco mais. Puxa, faz tempo, hem, quantos homens e naves perdemos nas nossas bem-aventuradas batalhas? Eu perdi a conta, e você? Bem, as nossas “brincadeiras” de guerra chegaram ao fim. O capitão Arn desintegrou o meu belo cruzador num estalar de dedos, quero dizer; num piscar de olhos! Com sinceridade acredito que, eu você e Gadea, a partir de agora vamos nos entender maravilho-samente bem.

— Andando. . . — disse o capitão Arn arrancando o micro-fone do rádio das mãos de Sylvie —, estamos de saída, coman-dante Mitze, a equipe de manutenção está chegando para o abastecimento e a revisão rotineira da nave. Desligando!

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— Safado, você ainda é mais lindo do que quando a gente se via pelas telas panorâmicas da nave durante as nossas “sinceras” rinhas. Gadea, que bela espécie de macho para se casar, hein, huuum!? Que sorte você teve! — Matraqueava Mitze Knolle, desconhecendo o fato de que eles se amavam e se odiavam ao mesmo tempo enquanto apertava com bastante vigor as mãos do humano resgatado de a morte certa que tentara abraça-lo para leva-lo consigo. . . não para o inferno, pois Sylvie já se encon-trava nele. — Sargento, teletransfere a gente agora mesmo para o centro médico, vamos descobrir da mesma maneira que fize-mos com Gadea, certas coisinhas de você, humano. Aí sim, nós três nos regalaremos com uma longa conversinha. Quando nós nos conheçamos melhor, decidirei o que fazer com vocês, se os devolvo a vossa época, se permanecem conosco ou, sei lá o quê. Junto descobriremos o que possa ser de a melhor valia a todos nós!

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Minutos após de o escaneamento do corpo do Sylvie, o médico-computador da astronave Vésper, regurgitava por uma abertura bem abaixo da tela televisual em papel brilhante de o que des-cobrira de a pessoa avaliada por ele. Terminadas as informações o Dr. Nooutz, de posse da resma do brilhante papel, começou a tagarelar informando a todos os presentes o que ia lendo. Ter-minada a “prédica”, cansado de tanto ler o check-up fornecido pelo médico-computador, disse com admiração aos que o rodea-vam em total silêncio:

— Se nunca tivemos na nossa astronave um ser humano só que fosse, gente do Céu, agora nós temos dois e, por incrível que isso possa parecer, os dois nascidos no ano da Terra de 1017.

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Depois de a pequena reunião realizada no centro médico, Gadea e Sylvie, foram teletransferidos para os aposentos previamente preparados para o descanso merecido a fim de recuperarem as forças pela trabalheira que tiveram durante o feliz e ótimo resga-te na imensidão de tudo e do nada do vácuo que “Alguém” teve a ousadia de um dia criar provavelmente em algum momento de tristeza e solidão.

Enquanto isso, a astronave Vésper, realizava um espetacular salto espaço-temporal de 100.000 anos-luz para a fronteira da Via Láctea com a fronteira da Galáxia de Andrômeda.

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Após o descanso merecido a vagonete magnética do complica-do, mas eficiente sistema de transporte da astronave Vésper conduzia o casal Gadea e Sylvie para a ponte de comando onde se encontrava a comandante Mitze Knolle aguardando-os com certa impaciência. Ao desembarcarem da vagonete, as portas horizontais se abriram ligeiras sem nenhum chiado.

— Mas. . . que ótimo, a aparência de vocês dois, melhorou bastante desde a última vez que nos encontramos. Até estão mais corados — aludiu Mitze Knolle. — O que não faz uma boa semana de uma sonoterapia moderada induzida, hein, amigos!

De repente à voz de Gadea soou forte na ponte de comando despertando o interesse de todos, e o falatório da comandante Mitze Knolle ficou em segundo plano.

— Eu conheço essa formação circular. . . como pratos em-borcados um com o outro — disse Gadea depois de observar nas telas panorâmicas à sua frente uma enorme quantidade de astros e estrelas, projetando a própria energia e brilho para o negrume do espaço em sua volta, afora os demais fenômenos não percebidos por Gadea àquela altura. — Nós nos encontra-mos entre a Via Láctea e a fronteira da Galáxia espiral de An-drômeda, não é mesmo, Mitze! — observou Gadea ciente das suas palavras.

— Exato, de tempos em tempos fiscalizamos o máximo de quadrantes siderais habitáveis para ver se, se encontra tudo em ordem. Para saber se não há conflitos entre criaturas doidas para pelejar sob qualquer pretexto apenas por pura crueldade e, ou para a dominação em massa de outros povos, das suas riquezas — explicou a comandante Mitze Knolle aos humanos ao seu lado.

— Mitze, vocês têm condições de localizar Noixa, o planeta da quarta constelação ainda em evolução, cuja capital se chama Ronda? Lembra-se sonho que contei a você ao despertar depois da minha aparição no Galpão 51 da astronave? O sonho que tive com os axionitas, os mutantes do planeta Noixa? O pesade-lo que quase me mandou às favas durante a hibernação?

— Que merda, eu, hein! — disparou Sylvie, surpreso. — Que barbaridade, desconheço todos os lugares que vejo à minha fren-te!

— Gadea, nós podemos realizar qualquer coisa, menos, por suposto, enganarmos a morte. — Mitze Knolle falava com des-pretensão sem dar muita atenção ao que Sylvie há pouco comen-tara. — Tenho a intuição de que você enquanto descansava o esqueleto no aposento especialmente preparado para você, du-rante o tratamento da sonoterapia, teve algum tipo de revelação? Acertei?

— E como, Mitze!

— Sylvie, enquanto nós duas tratamos de localizar o planeta indicado pela sua “esposa”, vou ordenar para que o meu imedia-to leve você a conhecer o que for possível de olhar no “intrínse-co” da nossa astronave; desejo que a conheças para que ela faça um pouquinho, parte de ti; de que seja também a tua família. Quem sabe encontrarás um “cantinho” para passar o tempo, uma ajudazinha a mais por aqui não faz mal algum. Uma ajuda-zinha sempre vem a ser bom demais né! — a comandante Mitze Knolle encontrava-se de bom humor.

— Eu gostaria de conhecer a fundo o sistema de propulsão da astronave Vésper e a engenharia da plataforma do teletrans-porte de vocês. O resto pra mim é pura perda de tempo, tá bem? Hã, pois muito bem, também desejo conhecer as armas que me proporcionaram um belo dum trabalhão danado todos esses anos. Além de os estragos sofridos, é claro. Mas não ao meu velho cruzador. Ele era bom, muito bom! Porém, às naves dos meus comandados, puxa quantos estragos perdas e mortes.

— Arnaud, faça a vontade do humano sem pressa alguma. Gadea senta aqui ao meu lado. Sargento ceda-lhe mais uma vez o seu lugar. Em que ano se deu esse acontecimento, mesmo? — observou a comandante Mitze Knolle. Interessara-se pelo assun-to.

— Em 2260, todavia não lembro a data certa. Hã, o Jack sabe e agora Mãe também!

— Mãe, quando?

— Pelo calendário da Terra, julho — Mãe borrifou o som rapidinho assim que sofrera a pergunta.

— Obrigada, Mãe. Sempre atenta, hein. Silas. . .

— Às ordens, comandante.

— Instala uma Head-Picture-registradora na plataforma de teletransporte e trabalha nos devidos registros para a localização de Ronda, a capital do planeta Noixa nas andanças de julho de 2260. Quando localizado, que grave o que puder em seu todo. Isso feito traz de volta a Head-Picture-registradora a nossa épo-ca.

— Imediatamente, comandante! — Silas, excitado borrifou as palavras desde o laboratório das mais do que importantes Heads-Picture-registradoras.

Uma hora se tanto mais tarde:

— Comandante as imagens do planeta já estão no ponto em todas as telas — alertou o técnico Silas.

— Vamos ver, vá mudando aos poucos a posição da câmera na vertical. Vamos sentir o movimento que temos lá por baixo quase em terra e vá ampliando as imagens, ou não com o zum. Eu orientarei você conforme o desejo de Gadea.

O que Gadea e Mitze chegaram a ver não revelava absoluta-mente coisa alguma. Apenas o cotidiano da população. Viram na gravação vários tipos de aparelhos voadores circulando, muitos veículos rodando pela cidade ou pelas estradas, muita gente nas ruas, mas nada de anormal. Pelo menos era isso o que estava acontecendo na hora daquela gravação.

Naquele mês planetário.

— Silas, elimina o zoom e focaliza o planeta por inteiro para nós — solicitou a comandante Mitze Knolle.

— Essas imagens também não nos revelam nada — obser-vou Gadea um tanto desapontada.

— Quem sabe se mandássemos a Head-Picture-registradora dois ou três meses adiante conseguiríamos algo alentador? — especulou Mitze Knolle arrepanhando os olhos. Ficou interessa-da e curiosa; desejava descobrir o mais que pudesse desse plane-ta para os devidos e futuros registros à posteridade, contudo até o momento não tinham se inteirado de nada, a não ser de o coti-diano daqueles seres repugnantes. — Silas, envia a Head-Picture-registradora de volta ao planeta Noixa, digamos. . . três meses adiante.

O que observaram dessa vez, foi impressionante. A princípio viram a capital do planeta antes cheio de vida, ir desmanchando-se por inteiro. Aos poucos, um buraco que, também aos poucos se transformava em cratera surgida do nada desde o centro do planeta para a superfície espalhando fumaça e gás, que se alar-gava e se alargava e se alargava até a capital do planeta, desapa-recer por completo no meio do redemoinho de gás e de vapores provavelmente tóxicos e corrosivos. Fenômeno provocado pelo misterioso buraco que aparecera na crosta do planeta desde o seu centro. Noixa desmanchava-se aos poucos e se volatizava devido ao “fenômeno” desconhecido e sem precedentes.

O desastre acontecido ao planeta Noixa, mais tarde seria anunciado às nações de todos os universos como um exemplo, de o que, seria possível de acontecer a qualquer “espécie” ou raça que tentasse violar alguma das treze “Taboas da Lei” uni-versal. O regulamento acordado pelo tratado denominado de “Universos em Alerta”. E isso, a partir do dia que, o comando da astronave Vésper, a maior guardiã de todos universos, apre-sentou o registro anual de o livro de bordo, testemunha ocular de o acontecido ao planeta Noixa.

— Silas, focaliza mais uma vez o planeta por inteiro, na mesma proporção de zoom, de a gravação feita três meses antes, contudo do, uns quinze dias antes de ela ter sido feita.

Com mais atenção, pois já conheciam o resultado final, havi-am presenciado o fenômeno desde o começo. Desde quando tudo começara a acontecer na capital do planeta. Uma loucura, tudo mesmo desde o princípio sem ai nem oi até o fim. O bura-co ainda era bem pequeno quase que imperceptível ao dia-a-dia de todos os habitantes. No princípio ele devorava lentamente toda a matéria sólida existente na crosta do planeta por aonde ele ia crescendo, crescendo e crescendo até tudo se transformar em gás e vapores corrosivos como o observado nas gravações realizadas um pouco antes. A vida no planeta Noixa se extinguiu por completo em poucos dias.

Uma aberração. . .

Quem, ou o que, conseguiu realizar tamanha destruição? Es-sa incrível proeza? Apenas havia uma maneira de descobrir o aterrador acontecimento visto desde a astronave Vésper trezen-tos anos depois de o acontecido.

— Teletransportar a astronave Vésper para o ano 2260, na órbita de transferência do planeta Koskovo, o planeta mineiro da 3.ª Galáxia, antiga propriedade da Federação Universal Ter-restre, número de catálogo 1.550 PMG3 antes de julho.

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Ao ali chegarem:

— Mitze, teletransporta a gente para perto das torres que ainda estão de pé. Ali naquela espécie de poço ou mina subter-rânea tapada com chapas de um metal branco-acinzentado não brilhoso. São as únicas coisas que se encontram intactas ou de pé em todo o planeta mineiro Koskovo. Muito estranho isso. O que você acha Sylvie?

— Não sei o que dizer desde que vocês me resgataram do meu tão querido cruzador da classe Tubarão com vida, só consi-go ver coisas muito estranhas à minha frente ou em volta de mim. Um pressentimento ou premonição de muito ruim cresce, cresce e cresce em minha mente cada vez com mais intensidade, sinto muito Gadea, não sei ou consigo expressar nada de positi-vo ou não. Nem eu me entendo mais.

— Nem ao menos um simples palpite. . . Sylvie? — quis sa-ber a comandante Mitze Knolle. — Nisso. — Crianças. . . meus amores. . . tá tudo prontinho. . . — brincou a comandante Mitze Knolle com eles. — Lá vão vocês a Koskovo, permaneceremos em órbita baixa em torno do planeta como um satélite artificial protegendo vocês. Quando quiserem retornar à astronave é só avisar pelo rádio; boa sorte. Se se meterem em dificuldades pe-çam imediatamente a nossa ajuda. Vou pedir ao capitão Arn para que permaneça em absoluta prontidão com seu esquadrão de caças ao redor de a nossa astronave até segunda ordem, caso necessário seja a sua ajuda.

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O teletransporte deu-se instantaneamente.

Quando já com os pés postos em terra firme circulando pelo pequeno sítio escolhido onde deveria dar-se a chegada do tele-transporte, após uma pesquisa minuciosa no limitado espaço pré-determinado, estranhamente, observaram que tudo se en-contrava derruído menos algumas torres sem algum tipo de an-tena, mas com grossos cabos enterrados nas suas bases, em terra que não souberam para o que serviam. Assim como a entrada de um poço coberto com pedaços de metal tão limpo que parecia ter saído da fábrica aqueles instantes.

Em seguida Gadea manifestou-se:

— Sylvie, que tamanha desolação. O que será que aconteceu a este planeta mineiro. Pelo que pudemos observar desde a as-tronave Vésper através das imagens das Heads-Picture-registradoras postas ao passado, este planeta tinha mais de mil minas em funcionamento e todas em magníficas instalações. Quantos habitantes, quinhentos mil, um milhão?

— Isso nem me passou pela cabeça, apenas vejo desolação em todos os lugares que meto o meu “nariz”. — Comentou Sylvie sem muita graça, inclusive no olhar.

Continuava entediado e preocupado. O mau agouro não dei-xava sua mente sossegada. Depois de muito fuçarem coisas e lugares derruídos e bastante estranhos com certo receio, toma-ram uma atitude.

— Vamos explorar esse tipo de poço para ver no que vai dar. — A muito esforço retiraram a pesada chapa de metal que servia de tampão ao tal poço.

Entraram.

— As escadas estão em ótimo estado de conservação. Mais adiante temos um. . . hum, parece ser um elevador, que legal! Isso indica que, neste poço vamos encontrar vários andares para baixo da terra, porque, senão, para que os habitantes precisariam de um elevador enorme neste buraco?

— Deixa-me ir à frente — observou Sylvie de olhos bem abertos, retirando do coldre a pistola iônica, regulando-a para golpear forte, porém sem chamas.

No lugar onde no momento se encontravam à luz dos dois sóis do entardecer do planeta mineiro Koskovo, iluminava bas-tante bem o ambiente através da pequena boca do poço pouco acima de suas cabeças.

— Somente mais um lance de escadas e já poderemos pegar o elevador para dar uma vista d’olhos nas instalações deste es-tranho poço. Estou curiosa, tudo o que vemos por aqui se en-contra em ótimo estado de conservação ao contrário do que pudemos observar em volta de todo o planeta. Que coisa mais bestial.

— Está bem, mas fica atrás de mim, são apenas uns doze degraus — disse Sylvie encrespado.

A escada do tipo caracol fabricada do mesmo metal que ta-pava a entrada do poço, brilhava como se tivesse sido fabricado naqueles momentos.

Nem chegaram a escorregar pelos degraus.

— Pronto, chegamos. E agora?

— Cadê os botões de chamada deste enorme elevador? “Para que uma porra de elevador deste tamanho se a entrada deste poço é tão pequena? ”, matutava Gadea encafifada por tamanho disparate.

Tudo em volta deles brilhava na limpeza d’um exagero total, contudo não se via qualquer tipo de comando, ainda que fosse apenas um simples interruptor para acenderem as luzes ou coisa parecida. Mal, Gadea acabou de formular a pergunta em pensa-mentos, veio-lhes a surpresa:

— A permanência, assim como a entrada às instalações de trabalho e de segurança do patrão Tom Max V, apenas é permi-tida aos seres humanos! Qualquer raça que permaneça nestas instalações que não sejam humanos sem a minha permissão, será desintegrada sem piedade. Pulverizados instantaneamente. . . se desobedecerem às ordens de saírem imediatamente da frente do elevador e do poço.

Ao ouvirem à voz cantada e agradável, contudo sutilmente ameaçadora tudo se iluminou em menos de um piscar de olhos.

— Mais limpeza e brilho em todos os lugares, caramba! — disse Sylvie e assobiou num timbre altíssimo, mas titubeante sem o perceber.

— Uau! Que susto. . . — pleiteou Gadea. — É agora? — perguntou olhando fixamente para o companheiro.

— Humanos, não fiquem assustados, em um minuto libero o elevador para vocês abrindo as portas.

— Maravilha! — berrou Sylvie deixando o susto para trás e ao abandono, dizendo a seguir: — Gadea quem habitou este planeta sabia como viver bem legal, hein! Tomara que encon-tremos informações claras e precisas a respeito dos habitantes e do que aconteceu a este pequeno planeta mineiro. . .

A porta do elevador se escancarou na frente dos admirados humanos como dissera a voz metálica saída por todos os cantos do ambiente onde se encontravam. Sentiam-se incapazes de comentar qualquer coisa. Sylvie nem teve tempo em terminar a sua parolagem.

— Humanos sejam bem-vindos ao último reduto da família Thomas Sebastian Maximus, mais conhecidos por Tom Max do primeiro ao quinto, o último da estirpe. Por favor, queiram en-trar, devo leva-los ao centésimo vigésimo segundo andar onde se encontra a entrada do abrigo nuclear que salvou a vida do patrão Tom Max V quando ainda pequeno. Enquanto isso, vamos con-versando um pouco, mas primeiro devo apresentar-me. Eu sou Tomassino o computador Positrônico geração X dos primórdios do século XXII, aquele que tudo soube deste planeta desde o começo até o desaparecimento de todos, menos o último da família Max. Se bem que, os senhores chegaram tarde demais, as últimas pessoas da família Maximus não se encontram mais en-tre nós. Que pena!

— Como faz isso, a sua voz está por toda parte e não se vê algum receptáculo para projetar ou espalhar o som?

— Terráquea você acredita em Deus? O Deus que criou to-dos vocês?

— Como sabe disso? — ilustrou Gadea, boquiaberta.

— Posso dizer de que sou uma espécie do vosso Deus aqui em Koskovo, contudo de poderes não como os Dele, é claro. Todavia aceitáveis para os propósitos do meu primeiro patrão quando fui projetado e construído, o tataravô de Thomas Sebas-tian Maximus IV, depois o seu filho, o Tom Max V quando a morte o apanhou neste mesmo laboratório subterrâneo, infeliz-mente o último membro da família. Como disse antes, sou o computador Positrônico aperfeiçoado que outrora se encontrava em todos os lugares do planeta ao mesmo tempo. Depois da invasão dos axionitas e de a morte do patrão Tom Max V há sessenta anos, é que permaneço “enterrado” neste laboratório subterrâneo, entretanto por pouco tempo. Mais tarde lhes expli-co de o porquê disse por pouco tempo. Possuo esse “Dom” de-vido a um tipo de cristal esverdeado descoberto pelo meu pri-meiro patrão, o Tom Max. Eu costumava chamar todos eles de Tom Max. Mais tarde quando da descoberta das qualidades des-se cristal pela decantação quando do tratamento do minério, das suas sobras propriamente dito, foi que me tornei um “Deus”. Claro que apenas eu penso dessa maneira. Depois de inúmeras experiências descobriram de que, quando o cristal é triturado e o pó espalhado por todos os segmentos dos meus mil e vinte e quatro bancos de memória, computador algum em todos os “universos” em qual época, nada se igualará a mim em Inteli-gência Artificial, mas isto por pouco tempo, mais adiante vocês irão descobrir de o porquê insisto em dizer por pouco tempo.

— Para que tanto mistério, Tomassino? — disse Gadea cada vez mais curiosa, entretanto ao mesmo tempo intrigada por tan-tas explicações que, de fato não o solicitaram nem sequer uma única vez que fosse ao Positrônico computador Tomassino para que as oferecesse.

— Obrigado por tratar-me pelo meu nome, faz muito tempo que não o ouvia. . .

A velocidade do ascensor era absurda.

— Pronto, chegamos à minha sala, me desculpem, eu quis dizer, ao nosso vigésimo segundo laboratório. Sem mencionar o que possuímos ainda mais abaixo de nós, ou melhor, desde onde nós nos encontramos nestes exatos momentos e o âmago deste planeta. O nosso abrigo nuclear, porém, por hora de a menor importância para nós.

A porta do elevador se escancarou novamente para que a parelha de humanos pudesse sair dele. Ao olharem para frente, viram a mesmíssima coisa que observaram quando penetraram naquele buraco. Na sala laboratorial eletro-químico-eletrônico, também tudo brilhava como se fosse novo. Como se fosse fabri-cado e montado instantes antes de a chegada deles.

— Por favor, queiram entrar, humanos. . . — disse a figura de um homem alto e bonito surgida do nada à frente deles.

— Quem é você?

Rosnou Gadea de dentes arregalados. O papo dentro do ele-vador a deixou “nervosamente” inquieta. Nem ela nem o Sylvie estavam entendendo bulhufas alguma do que o computador até àqueles momentos andou discursando tão pesadamente com eles.

— O que vocês estão vendo é a imagem criada pelo Tomas-sino, eu mesmo. Como estamos dentro da minha “casa”, o labo-ratório devo apresentar-me novamente através da imagem que vocês veem. Eu sou Tomassino o computador Positrônico apre-sentando-se novamente a vocês como se fosse humano — disse o seu nome satisfeitíssimo, gostava de conversar com humanos. — Achei de que gostariam de ver e de falar com a estampa de um dos seus semelhantes, mesmo que em holograma-tridimensional.

Mal puseram os pés dentro da sala de a “máquina” que falava à beça, mas que chatice, um painel que cobria em sua totalidade os três lados das paredes frente às portas do ascensor repleto de chaves, botões, teclas e telas com imagens indecifráveis para eles, além de teclados de diversos tamanhos e cores, encheu-se de vida a cores mil. As sirenes alarmantes saíam por todos os cantos do laboratório. Por instantes, a zoeira toda os atordoou. Passado o inferno de ruídos e de luzes, Três varas de cristal na horizontal apareceram cobrindo os três lados das paredes em três cores distintas em sequência de baixo para cima em verde, amarelo e vermelho correndo da esquerda para a direita numa velocidade absurda. As luzes das três varas, em doidivanas car-reiras, se acendiam e se apagavam aleatoriamente milhares de vezes por segundo. As cores também mudavam de brilho e de tonalidade.

— O que vem a ser tudo isto? — perguntou Gadea depois de a vertigem momentânea ter desaparecido de sua cabeça mente e corpo.

— Vou lhes contar, mas primeiro. . . Gadea, você não se recorda de um dia no passado ter estado falando comigo nesta mesma sala? De ter conhecido e trabalhado com o meu patrão Thomas, ou Tom Max V como você gostava de trata-lo, agora já falecido?

— Está querendo nos enrolar, bonitão, eu nunca cheguei a pôr os meus pés em Koskovo, neste poço nesta sala ou em parte alguma! Eu nem te conhecia até agora pouco.

— Gadea, vamos sair já daqui tá tudo muito esquisito e erra-do. Comunica-se com a Mitze e pede para que nos leve de volta a astronave Vésper. Tudo isso está enchendo os meus colhões! Sinto a fedentina da morte no próprio ar que respiro!

— É tarde demais para isso Sylvie, vocês ouviram as sirenes. Logo, logo irão entender de o porquê eu insisto tanto em dizer-lhes por pouco tempo!

— O que é que a sirene tem a haver conosco para que não possamos ser teletransportados? — berrou Gadea para a imagem do homem-computador à sua frente.

— Gadea se comunica logo com a Mitze! — Sylvie encon-trava-se desesperado.

— Apenas poderão falar com ela, nada de teletransporte, senhor Sylvie. Gadea, você realmente não se lembra de coisa alguma? Bem, então vou ter que refrescar a tua memória, acon-teceu em 2260 quando Jack, o computador da nave Beleza te despertou desesperadamente da hibernação para que não mor-resses dormindo devido a um terrível pesadelo com os axionitas, os habitantes do planeta Noixa. Os mesmo que acabaram com todos aqui em Koskovo.

— Como é que você sabe de tanta coisa? Dessas minhas par-ticularidades?

A cabeça de Gadea dava sinais de desconforto. Era a mesma tontura estranha que sentiu pouco tempo depois de a entrada àquele buraco. Isso não podia ser possível de estar acontecendo com ela. Loucura! Como Tomassino possuía o poder de saber de coisas passadas centenas ou até milhares de anos-luz desde onde Gadea se encontrava no momento.

— Continuando: quando já reanimada, Jack informou a você: — “estou captando um sinal de socorro via ondas de rádio”, daí você descobriu de que a transmissão foi realizada sessenta anos antes. Mais tarde quando aqui tu estiveste, ficastes sabendo que a transmissão foi feita pelo pai de Tom Max V antes de todos os habitantes de Koskovo serem mortos pelos axionitas e, sumido com todos os corpos. Os filhos da mãe descobriram e aperfeiço-aram dispositivos para se tornarem invisíveis. Eles mesmos e tudo o que estivesse dentro da ação dos raios de a invisibilidade de suas máquinas. Alguma coisa parecida ao reverso da matéria. Com essa ciência em mãos, levavam o terror aos planetas que eles quisessem conquistar e, ou quisessem destruir; uns bárba-ros.

— Tomassino, eu nunca estive por aqui. Ao conseguir locali-zar de onde vinha o pedido de socorro, fomos apanhados por um buraco negro, indo a aparecer dentro da astronave que agora está acima de nossas cabeças no aguardo do nosso retorno; tra-ta-se da astronave Vésper.

— Não Gadea, tenta se lembrar, a nave Beleza foi apanhada pelo buraco negro depois da sua partida daqui, quando eu con-segui teletransportar você do solo de Koskovo; e de sair do pla-neta para que você não morresse ao lado do patrão Tom Max V.

— Não estou acreditando em nada disso — reclamou Sylvie louco de raiva. — Anda, vai se comunica com a Mitze, agora mesmo!

— Sylvie, não seja teimoso. Nada entra ou sai mais de Kos-kovo, nunca mais. Não até que a bomba de Berílio e Plutônio acabe com este planeta, contudo, a você Gadea eu posso salva-la novamente.

— Berílio e Plu. . . Ei, ei espera um pouco aí, de súbito eu me lembrei de tudo. Eu e o Tom Max V planejamos construir e enviar uma dessas bombas para destruir o planeta Noixa e, mais tarde em certa época destruir também Koskovo para que nunca descobrissem o acontecido em Noixa e mais tarde aqui onde agora nós nos encontramos de novo no nosso passado! Caramba, que merda, por pura coincidência aqui estou eu novamente para aprimorar minha histórica façanha, santo Deus. Tudo vai acon-tecer de novo! Viu Sylvie, foi à desintegração que presenciamos através das imagens das Heads-Picture-registradoras desde a astronave Vésper. Tom Max V e eu acabamos com aquela raça maldita. Lembrei-me de outra coisa, o que está acontecendo dentro deste laboratório nestes instantes foi tudo programado por mim e o Tom Max V. Maldição é o nosso dever avisar a co-mandante Mitze imediatamente.

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— Já querem retornar ao “lar”, meus queridos?

— Não Mitze isso será impossível de acontecer. Jamais! Te-mos pouco tempo, e não sei o quanto mais. Presta atenção, se manda da órbita e do sistema solar de Koskovo imediatamente e retorna ao seu tempo, ao ano 2560. Lembra-se da merda que vimos acontecer no planeta Noixa?

— Claro que lembro, em pouco tempo ele se tornou uma estrela ou um astro gasoso imprestável.

— Acabo de descobri que fui eu quem planejou e executou aquela proeza. Escuta Mitze, vai acontecer o mesmo aqui em Koskovo. São bombas de Berílio e Plutônio programadas e construídas por mim mesma no meu passado. Mitze, você não pode mais acionar a plataforma de teletransporte, não no plano material atual dentro do sistema planetário de Koskovo, seria um desastre total para a astronave Vésper. A matéria não com-bina nadinha com a antimatéria que o laboratório de Tomassino neste exato instante está reativando. Lembra-se de que dois cor-pos não podem ocupar o mesmo espaço, não é?

— Se isso por ventura chegasse a acontecer na mesma di-mensão, sim. . ., mas em dimensões diferentes, eu não sei, não, nunca cheguei a participar de uma experiência dessa envoltura! — rebateu a comandante Mitze Knolle.

— Mitze, presta atenção e se manda imediatamente de onde vocês estão, pois a antimatéria é átomo ou matéria constituída pela antipartícula do próton, do nêutron, do elétron não se dão nadinha bem. Insisto, um átomo de antimatéria em conato com a análoga matéria leva ao aniquilamento de os dois, transfor-mando-os em neutrinos e radiação gama. Ao ser acionada a pla-taforma do vosso sistema de teletransporte, que em seu supras-sumo, é a própria astronave Vésper, vocês explodiriam e os pe-dacinhos ficariam espalhados pelo espaço como poeira cósmica radioativa para todo o sempre. Portanto, some imediatamente do sistema planetário e de a órbita de Koskovo usando a veloci-dade da luz e não o teletransporte. Pelo amor de Deus, não. Um átomo antimatéria em contato com o análogo antimatéria, leva ao aniquilamento da matéria e de os dois, numa explosão nucle-ar, sendo assim, com a transformação desses átomos em neutri-nos e em radiação de pura energia, Puff, tudo se transforma em pó altamente sei lá de o quê. . . repito, desaparece imediatamen-te da órbita de Koskovo, Mitze, por favor. . . na velocidade da luz.

— Sentimos muito por vocês, contudo, carrego comigo na astronave Vésper milhares de vidas. Sargento-mor e senhor capi-tão trate de tirar a Vésper imediatamente deste maldito espaço-tempo. Ponham-nos de volta ao futuro, ano 2560. Energizar o reator solar para o uso da velocidade da luz.

— Imediatamente. . . — disseram seus comandados. — Sala de máquinas e sala cromo dinâmica quântica, vocês já escutaram as ordens do nosso comandante, executem-nas!

— Adeus, amiga. . .

Mitze Knolle despediu-se aos choros.

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— Vocês entenderam agora de o porquê eu insisti tanto em di-zer-lhes por pouco tempo. . . — dissertou o homem-computador. Tomassino continuava falando à farta

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Através das gravações de uma das Head-Picture-registradora enviada a Koskovo, nas telas panorâmicas da ponte de comando da astronave Vésper, a tripulação, assim como todo o pessoal da astronave, ia vendo estarrecidos o desaparecimento do pequeno planeta mineiro Koskovo. Em questão de horas Koskovo trans-formara-se para sempre em nada. Surgia supostamente do nada como se fosse à criação Divina, mas não, tornara-se mais um imprestável astro gasoso no cosmo.

A grandiosa astronave Vésper, distante centena de anos-luz do sistema planetário de Koskovo, já tinha se teletransportados em segurança para o ano da Terra de 2560 para o seu verdadeiro espaço-tempo-sideral a fim de cumprir a “missão” a eles ordena-da; à cima de tudo, mas por essência dar a devida proteção ao único planeta agropecuário dos universos conhecidos de qual-quer desgraça, pilhagens e, ou coisa que o valha. O planeta Ter-ra, a Mãe de todas as raças existentes de os denominados.

Respiradores oxigênio.

Frank P Andrew

fpandrew@msn.com

Frank P Andrew
Enviado por Frank P Andrew em 31/08/2023
Reeditado em 15/09/2023
Código do texto: T7874497
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