A Saga de Godofredo Parte II – A Luta

28.08.23

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Guillaume balançava negativamente a cabeça, inconformado com a atitude de Geoffrey, pois estava Milet e seus soldados vencidos, sem necessidade de ter o embate proposto por ele, ou seja, um duelo.

-Guillaume, é um desafio à minha honra, pois se não aceitar, mostro que sou covarde mesmo vitorioso – respondeu Godofredo descendo do cavalo.

Os soldados de Godofredo montados em seus cavalos fizeram um grande círculo dentro do qual aconteceria a luta. Godofredo, tirando sua roupa, disse a Milet:

-Lutaremos de espadas. Ficaremos de ceroulas e descalços. Quem for ferido grave ou sem condições de continuar lutando, será declarado derrotado. Não tenho a intenção de que haja mortes desnecessárias. De acordo comandante Milet?

-De acordo!

Milet tirou sua farda, mostrando duas facas em cada uma das mangas e mais uma atrás em sua cintura enfiada na ceroula. Ao tirar as botas, uma faca em cada uma delas.

Cons. apareceu e presenciou a cena. Godofredo perguntou-lhe telepaticamente:

-Resolveu os assuntos?

-Sim! O estafeta morreu afogado a caminho de Paris – caiu de uma ponte com seu cavalo no riacho quando subitamente apareci no alto dela assustando o animal. O espião dos Montfort, fugi com seu cavalo. O Barão e sua família cavalgam para Nancy.

-Ótimo!

-Diga-me se há necessidade de enfrentá-lo, se expondo desnecessariamente? Ele é soldado profissional, treinado e vivido em batalhas. Se você for ferido gravemente e morrer aqui, morrerá na vida real – ponderou Cons.

-Já venci um duelo e vencerei este também. Acredite em mim! – respondeu confiante Godofredo indo ao centro do círculo em que ocorreria a luta.

Godofredo se posicionou distante alguns metros de Milet. Levantou a espada até seu rosto encostando-a no seu nariz. Milet fez o mesmo gesto. Os dois se entreolharam e abaixaram-nas, iniciando o combate. Godofredo recuou mais alguns passos.

Milet avançou rápido e velozmente sobre Godofredo, que instintivamente desviou do ataque com jogo de corpo, afastando-se da fúria do comandante Hussardo. Este, enraivecido, aplicava-lhe vários golpes e estocadas tentando atingir o abdômen e o pescoço de Godofredo, que só se defendia. Milet era muito hábil e ágil, rodeava seu oponente enquanto golpeava. Godofredo fugia das estocadas de Milet fazendo-o ir atrás. Era gato e rato.

Em uma das investidas de Milet, feriu o braço esquerdo de Godofredo, um corte superficial, mas que começava a deixar seu antebraço ensanguentado.

-Ah, está com medo “mon ami”! Sentiu a força e o peso da espada de um Hussardo. Pare de fugir! Venha me enfrentar seu covarde!

Os prisioneiros vibravam a cada investida do seu comandante, estimulando-o com gritos e hurras. Os soldados de Godofredo assistiam preocupados, pois pingava sangue do braço ferido, deixando pontos vermelhos no chão arenoso. O combate já durava mais de meia hora e fazia calor, era meio dia com o sol a pino.

Impetuoso, o oficial Hussardo começou a sentir cansaço. Ele transpirava as bicas. Era mais velho que Godofredo, um pouco mais alto e pesado também, mas forte e rápido. Mantinha sua condição física de soldado apto a enfrentar qualquer embate.

Cons. assistindo ao duelo, falou mentalmente com Godofredo:

-Sua estratégia de cansá-lo é boa, mas você também está fatigado e ferido. Acho que é hora de atacá-lo.

-Vou deixar que pense que o ferimento me abalou. Mostrar-me entregue para que se descuide e o acerte e derrube. Vou tentar atingir suas pernas, deixando-o imóvel e sem condições de lutar – respondeu Godofredo.

Milet não atacava mais com tanta ferocidade, parecia que o calor o afetava. Sua boca estava seca com os lábios rachados. Godofredo fingia cansaço, se arrastando pelo terreno.

Milet buscou as últimas forças e investiu decisivo sobre Godofredo soltando urro raivoso. Godofredo esperou até quase a espada do oponente tocá-lo. Esticou uma das pernas e escorregou lateralmente na areia, e ao passar Milet, desferiu um golpe firme na coxa direita na altura do joelho dele, provocando corte profundo. O sangue começou a brotar rapidamente tingindo a vestimenta branca.

- Ahhhh – berrou Milet com expressão de dor em seu rosto, caindo no chão e ficando a mercê de Godofredo. Sua ceroula estava empapada de sangue. Ele colocou a mão no ferimento, que avermelhou também. O sangue escorria fartamente.

Godofredo em pé junto a Milet vendo sua situação disse-lhe:

-Está ferido seriamente e se não estancar o sangramento, morrerá. Aceite a derrota! Faremos torniquete na sua perna e o levaremos à Linthelles para ser tratado.

-Não me entrego!

-Não precisa sacrificar sua vida desta forma. Acordamos que o ferido com risco de morte, como está, seria o perdedor.

-Ahh está com medo de ser vencido. É covarde! – fazendo com que os soldados prisioneiros em coro o chamassem assim também.

- Dou-lhes voz de prisão, estão todos presos. Viva a Revolução! – berrou Godofredo, respondido em uníssono pelos seus soldados.

Ordenou a seus homens que amarassem os prisioneiros um a um para seguirem viagem a pé até Linthelles.

Fizeram torniquete na perna de Milet, que já ficava arroxeada na região do corte. Perdeu muito sangue. Seus movimentos estavam lentos, parecendo dopado. Colocaram-no em uma maca feita de galhos e ramos das coníferas que havia às margens da estrada e a atrelaram a um cavalo para puxá-la até a prisão.

Guillaume tratou do corte no braço de Godofredo, mas precisaria ser cuidado por um médico.

Godofredo enviou Guillaume e mais três soldados à Linthelles para que Girad preparasse as celas para os novos prisioneiros. E que um médico os esperasse para atender ao comandante Hussardo e a ele, feridos, pois demorariam mais tempo para chegar.

Nota do Autor:

Obra ficcional, qualquer semelhança é mera coincidência.

Fernando Ceravolo
Enviado por Fernando Ceravolo em 28/08/2023
Código do texto: T7872306
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