Homem - Cobra (Parte 7)

Roger e Vítor se encaravam naquele laboratório que ficava na escola que não estava tendo aulas por causa da pandemia.

— Você vai ter que encontrar um meio de me transformar em um homem de aparência humana novamente, seu crápula! — disse Roger com raiva.

— Sinto muito, meu caro, mas não posso fazer nada por você. — respondeu Vítor sorrindo. — Você vai continuar assim até o resto de sua vida.

A vontade de Roger era de pular em cima de Vítor e agredir o jovem cientista, mas precisava fazer algumas perguntas.

— O que aconteceu com seu pai? — perguntou Roger querendo saciar sua primeira dúvida. — Onde ele está? Eu me lembro de assassinar o pária com minhas próprias mãos.

— Meu pai está bem vivo, mas está num esconderijo. Fui eu que o encontrei deitado no chão daquele cômodo no meio da floresta que ele usava para manter você como cobaia de seus experimentos. Quando o encontrei ele estava quase morto; eu então o levei embora de lá e cuidei dele até que sua saúde ficasse estável. No momento, só eu posso saber onde ele está.

— E aqueles três homens que foram até meu apartamento tentar me matar? Foi você que os enviou?

— Sim, fui eu que os enviei, e já fiquei sabendo que você se divertiu com eles, Homem-Cobra.

— Por que você os enviou? Por que você me quer morto?

— Porque você não nos é mais útil e porque você já sabe demais. Eu e meu pai já testamos em você o que queríamos testar, já conseguimos até partir para uma segunda fase do nosso trabalho e você agora não passa de arquivo morto. — Vítor dizia enquanto passava a mão direita pelos cabelos, mostrando ser um homem bem vaidoso.

— Como vocês descobriram onde eu moro?

— Bom, a partir do momento que você passou a ser nossa cobaia naquela mata, começamos a pesquisar tudo sobre sua vida. Que você é um taxista, que você é divorciado e que você pratica caças ilegais, além de outras coisinhas como o apartamento decrépito onde você mora. Desde que você saiu daquela floresta e retomou sua vidinha lamentável, nós estivemos escondidos nos bastidores observando você.

— Acredito que você e seu pai têm muito conhecimento; conhecimento o suficiente para me fazer voltar a ter uma forma humana novamente. Eu exijo que vocês trabalhem nisso, ou vou acabar com a vida de vocês!

— Eu já falei que não tem volta, Homem-Cobra. Você terá essa cara feia de réptil até o último dia de sua vidinha lamentável.

Roger então avançou sobre Vítor e lhe deu um soco no rosto que fez barulho e fez o cientista dar alguns passos para trás.

— Belo golpe, Homem-Cobra. — disse Vítor — Mas se quer me machucar, vai precisar de mais que isso.

E o cientista partiu para cima do homem com aparência de réptil socando sua face ora com a mão esquerda, ora com a mão direita, e era notável para Roger como Vítor tinha uma força sobre-humana.

Depois de se ver ferido, o Homem-Cobra conseguiu desviar dos socos de Vítor e investiu com um chute na barriga do jovem cientista. Mesmo recebendo o golpe, Vítor deu um chute na altura do pescoço de Roger.

O homem com aparência de réptil empurrou Vítor que caiu sobre uma mesa, fazendo cair no chão e quebrar vários frascos de vidro com líquidos coloridos. O cientista conseguiu se levantar e investir novos golpes contra o Homem-Cobra.

Os dois sujeitos com força sobre-humana ficaram ali naquele laboratório trocando golpes por um bom tempo. Não notaram se aquela luta corporal durou dez, quinze ou vinte minutos. Em determinado momento, Vítor conseguiu dar um mata-leão com o braço direito em Roger, pressionando forte o pescoço do Homem-Cobra. Com a outra mão tateou sobre uma mesa e conseguiu pegar uma seringa com um líquido transparente dentro. Com um esforço conseguiu aplicar a agulha da seringa na área do antebraço de Roger, e apertou-a conseguindo aplicar o líquido no homem com aparência de cobra, que se contorcia, tentando evitar que aquilo acontecesse.

Após aplicar tudo em Roger, Vítor soltou-o e se levantou, dando como vitorioso.

— O que é isso que você aplicou em mim? — perguntou o Homem-Cobra.

— Isso que eu apliquei em você é um tranqüilizante. Você já deve estar ficando meio grogue, meu caro. Dentro de alguns segundos você vai ficar inconsciente, vai dormir feito um bebê!

Roger começou a sentir então a droga fazendo efeito em seu organismo; Começou a enxergar as coisas embaçadas, se viu ficando tonto, não conseguindo levantar do chão, a vista escureceu e então apagou.

Não conseguiu ter um precisa noção de quanto tempo ficou ali deitado, inconsciente, mas aos poucos foi conseguindo acordar novamente.

Quando recobrou a consciência, Roger estava deitado no chão daquele laboratório, com as mãos para trás algemadas, cercado de policiais.

— Por que eu estou algemado? O que eu fiz de errado? — perguntou Roger para o guarda mais próximo.

— Nós estávamos procurando você. — começou a falar o policial que estava mais próximo de Roger. — Segundo várias testemunhas, você matou dois homens num apartamento perto do centro da cidade, ontem à noite. Analisamos as câmeras internas do apartamento e pudemos comprovar que você é o autor dos disparos que matou os dois homens. Através das câmeras conseguimos comprovar que após os disparos você fugiu da cena do crime. Estávamos te procurando desde ontem como loucos até que agora a pouco, recebemos uma ligação anônima dizendo que você estava aqui, caído, inconsciente.

O policial fez uma pausa, e então continuou:

— Você poderia ter chamado a polícia após ter matado os dois homens, pois até onde sabemos, eles invadiram seu apartamento armados, tentando te matar, e você agiu em legítima defesa, mas o fato de você ter fugido do local complicou as coisas para você. Mas eu já estou falando demais, pois isso você vai ter que falar em um tribunal, na frente de um juiz. Nosso trabalho aqui é só levar você preso, já que você deve ficar na cadeia até que seu advogado resolva as coisas para você.

— Advogado? — questionou Roger ainda meio grogue por causa do soro.

— Sim. — continuou o policial. — espero que você tenha um bom advogado, porque além de matar dois homens você entrou numa escola e foi encontrado após depredar um patrimônio público, como mostra a bagunça que você fez aqui neste laboratório.

— Vítor, foi ele, aquele cientista de uma figa. — disse Roger com a voz meio lenta.

— Agora nos acompanhe. — disse o policial, que com a ajuda de outro guarda levantou o Homem-Cobra algemado e o conduziu até a rua, onde uma viatura os aguardava. Roger não pode e nem quis reagir à força dos policiais que o colocavam dentro do carro, pois ainda se encontrava meio zonzo, ainda em efeito do soro que Vítor o aplicara na veia de seu antebraço.

CONTINUA...

Higor Santos
Enviado por Higor Santos em 14/08/2023
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